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Equívocos alvos da CPI sempre estiveram na cara do governo

Por Joedson Telles

Se já foi difícil para os eleitores do então candidato a presidente da República, em 2018, Jair Bolsonaro justificar, ali, o voto mediante a viabilidade coletiva do projeto oferecido ao país, se a previsão da catástrofe se confirmou e o governo se mostra desastroso, o que dirão, neste momento, quando o próprio governo elabora um documento listando 23 pontos que podem ser investigados pela CPI da Covid-19?A CPI, que será instaurada, nesta terça-feira, dia 27, no Senado, apontará omissão frente à missão de salvar vidas?

Li no site R7 e reproduzo cada um dos 23 pontos apontados pelo próprio governo para refrescar a memória do internauta:

– Governo foi negligente com processo de aquisição e desacreditou eficácia da Coronavac;
– Governo minimizou a gravidade da pandemia;
– Governo não incentivou a adoção de medidas restritivas;
– Governo promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas;
– Governo retardou e negligenciou o enfrentamento à crise no Amazonas;
– Governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid-19;
– Governo não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacionalmente;
– Governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializados (militarização do MS);
– Governo demorou a pagar auxílio emergencial;
– Ineficácia do Pronampe;
– Governo falhou na implementação da testagem (deixou vencer testes);
– Falta de insumos diversos (kit intubação);
– Atraso no repasse de recursos para os Estados destinados à habilitação de leitos de UTI;
– Genocídio de indígenas;
– Governo atrasou a instalação do Comitê de Combate à Covid;
– Governo não foi transparente e nem elaborou um Plano de Comunicação de enfrentamento à Covid;
– Governo não cumpriu as auditorias do TCU durante a pandemia;
– Brasil se tornou o epicentro da pandemia e ‘covidário’ de novas cepas pela inação do governo;
– Gen. Pazuello, Gen. Braga Netto e diversos militares não apresentaram diretrizes para o combate à Covid;
– Presidente Bolsonaro pressionou Mandetta e Teich para obrigá-los a defender o uso da hidroxicloroquina;
– Governo recusou 70 milhões de doses da vacina da Pfizer;
– Governo federal fabricou e disseminou fake news sobre a pandemia por intermédio de seu gabinete do ódio.

Cada frase desta merece um texto. Os dedos ficam inquietos. Os botões nem se fala… Mas sigamos fiel ao pressuposto inicial…

Óbvio que a inteligência do internauta tem total capacidade de aumentar  esta já extensa e inacreditável lista. Acrescentaria de cara o mais óbvio de todos os pontos: o governo simbolizar sua preocupação com o vírus todas as vezes que o número 1 desfilou sem máscara, se dando ao luxo de provocar aglomeração e agredir jornalista que lhe cobrou o bom exemplo.

Na verdade, em poucos episódios da história política do Brasil uma CPI foi tão previsível em se tratando de revelações. Os equívocos do governo se sucederam, nesta pandemia, e nunca houve o escrúpulo de sequer tentar escondê-los. É tanto que os 23 pontos levantados pela Casa Civil do governo não soam novidade. Nada que já não tenha sido batido tanto em setores da mídia quanto nas redes sociais.

Ao construir o documento, o governo admite que sempre esteve atento às críticas. Se deu de ombros é outra história. Outrossim espelha que já não tem mais como ofuscar que teme a CPI. O governo confessa ter ciência que pecou – e pecou feio. Não deixa dúvida ainda do que motivou o presidente Bolsonaro a ligar para o senador Jorge Kajuru, numa tentativa desesperada de ver os holofotes estendidos a governadores e prefeitos, e minimizar o inevitável desgaste a imagem do pré-candidato Bolsonaro.

O que mais revolta, contudo, é pesar na balança os erros listados pelo próprio governo x o número de brasileiros mortos e atestar que muitas vidas poderiam ter sido salvas. Se os equívocos que podem ser alvos de uma CPI sempre estiveram vivos – ali na cara do governo – por que não foram sepultados, evitando mais dor, mais sofrimento? Aliás, o Brasil está perto de atingir a triste marca de 400 mil óbitos.  A morte nunca esteve tão banalizada.

 

Modificado em 27/04/2021 09:44

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