Na entrevista que concedeu ao Universo, no último final de semana, o vereador Ricardo Marques, ao resumir a resposta sobre as eleições 2022 à informação que o partido escolherá o melhor nome, espelha o comportamento lúcido da classe política, nesta pandemia: não antecipar o processo eleitoral; focar o combate ao vírus.
Evidente que os jornalistas cumprem – e continuarão cumprindo – seu papel de buscar informações e levá-las à sociedade. No jornalismo político provocar precisa ser o tom. Cabe, entretanto, aos políticos a dosagem nas respostas. Não precisam ser mal educados. Tampouco, sob esta desculpa, discorrerem sobre o tema como se não houvesse a circulação do vírus assassino.
Ninguém é criança ao ponto de imaginar que as conversas em busca das melhores alianças – e nelas a melhor chapa envolvendo candidatos, sobretudo, a governador, vice e senador – deixarão de existir. A política é assim. A própria vida impõem a dinâmica.
O grande desafio, todavia, é fazer política sem que isso prejudique um segundo a luta contra o vírus; luta esta que precisa ser de todos e apartidária. “A vida em primeiro lugar” não pode ser apenas uma frase bonita de efeito.
A vacina chegou, mas de forma tímida. Devemos comemorar sair da estaca zero? Evidente. Entretanto, não está próximo o dia em que todos estaremos vacinados, o vírus derrotado e a vida na sua normalidade. A economia recuperada. Sem falar das vidas perdidas…
… Outro dia, o governador Belivaldo Chagas, que é outro que não antecipa 2022, concedeu uma entrevista emocionado com o desembarque da vacina em Sergipe. Observou como tem sido criticado injustamente, mesmo trabalhando duro contra o vírus.
E, sejamos justos, o governador está fazendo o que pode, mesmo sendo do grupo de risco. Mas se, ainda assim, há as pedradas, imagine o político que focar a eleição 2022, neste momento? Acerta na mosca aquele que minimiza perguntas sobre o futuro pleito – seja do ponto de vista da inteligência ou da empatia.
Modificado em 26/01/2021 08:45