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Edvaldo construiu sua vitória, e não Jackson Barreto

Edvaldo: méritos próprios

Por Joedson Telles

O governador Jackson Barreto, bem ao seu estilo abominável, pega carona na festa do prefeito eleito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, e parte para agredir adversários – sobretudo os senadores Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares. Segundo ele diz ao jornalista Marcos Couto, foi a vitória de uma chapa progressista, que impediu que uma quadrilha se instalasse na Prefeitura de Aracaju. E dispara:

“Ainda vou dar uma resposta no rádio aos dois senadores. Dois moleques. Não são de respeito. Essa vitória impediu que uma quadrilha tomasse a Prefeitura de Aracaju de assalto. Não conhecem a periferia. São preguiçosos e incompetentes”, disse referindo-se ao senador Valadares como “senador gagá”.

Não comento as palavras do governador na direção dos senadores Eduardo e Valadares. São maiores e têm inteligência suficiente para caminhar com as próprias pernas. E até acredito que nada ficará sem resposta. Aqui no Universo, por exemplo, o espaço sempre estará aberto para que qualquer político se manifeste – até nocivos à sociedade aqui tem vez. Se fosse o contrário não seria Universo.

Todavia, observo alguns pontos, pra variar infelizes, na fala dispensável do governador. Primeiro, Sergipe estaria numa situação totalmente diferente, não teria tantos problemas, não viveria este caos, se Jackson Barreto tivesse a mesma aptidão para administrar o Estado que tem para agredir, brigar, avocar antipatia, manter vivo este estilo seu de fazer política que não serve de bom exemplo.

Outro ponto: o internauta não acha, no mínimo, curioso que Jackson enfatize a periferia, mas não tenha aparecido na TV pedindo voto para Edvaldo? Na periferia não tem TV, e, logo, seria desnecessária a aparição, ou se limitou à periferia? Não tem crédito junto aos demais eleitores? E, se for isso, o que diferencia os eleitores que residem ou não na periferia? O modo de pensar? A capacidade de discernimento?

Outra coisa: moleque? Será que o governador sabe mesmo o significado deste verbete? Se sabe, quer dizer, então, que quando do processo de reeleição do saudoso Marcelo Déda, em 2010, o mesmo Jackson Barreto estava ao lado de moleques? Pediu votos para os moleques, preguiçosos e incompetentes serem, hoje, senadores da República? E o eleitor? Foi enganado, Jackson?

Respeito, mas lamento que alguns tentem atribuir a vitória de Edvaldo Nogueira a Jackson Barreto. Não foi. Ajudou, como ele mesmo disse, na periferia. Mas, por ouro lado, tirou votos também. Não falta exemplo de eleitor que não tem nada contra Edvaldo, mas optou por Valadares Filho por conta da presença de Jackson Barreto no palanque do PC do B. Servidor público nem é bom falar. É tanto que ele foi ofuscado. Ou não?

Edvaldo venceu porque seu marketing foi mais competente. Antenado para entender o eleitor e buscá-lo. Trabalhou bem as qualidade de Edvaldo e desgastou Valadares Filho – sobretudo com a insistente afirmação do apoio de um João Alves rejeitado pelas urnas no primeiro turno.

Edvaldo venceu porque plantou uma boa semente quando administrou Aracaju. Cometeu erros como todos os gestores, evidente, mas o seu lado bom superou o ruim. Edvaldo venceu porque Eliane Aquino, sim, contribuiu muito. Por méritos dela mesma e evidente, por simbolizar o grande homem público Marcelo Déda.

Edvaldo Nogueira venceu a eleição, e não Jackson Barreto. Jackson pega carona. Aos de curta memória, Jackson sequer abraçou Edvaldo Nogueira na gênese do projeto. Permitiu Zezinho Sobral tentar uma candidatura do PMDB. Se as pesquisas não lhe tirasse de cena? Se Edvaldo não construísse sua candidatura com a lealdade de Eliane Aquino, esta, sim, aliada de primeira hora? Jackson não estaria com ele, óbvio.

Quem não lembra que Valadares Filho entregou os cargos que o PSB tinha no governo e abandonou Jackson? Aquela história que o governador tentou emplacar de “Valadares Filho pensar com a cabeça do pai”… Lembram? Ali, se Valadares Filho rezasse na cartilha de Jackson, será que o governador, na época ainda indeciso, não poderia optar pelo projeto de Valadares Filho? Claro que sim.

Na verdade, o orgulho, o sentimento de vingança pela ação independente de Valadares Filho fez Jackson olhar as pesquisas internas e se render a Edvaldo Nogueira. Hoje, com este desabafo desnecessário e infeliz, fica cristalino: a vontade de Jackson Barreto atingir Eduardo e Valadares, o pai, sempre foi maior que o desejo de ver Edvaldo eleito prefeito de Aracaju.

Se o mérito de Jackson Barreto for estar na candidatura vitoriosa, tudo bem. Edvaldo venceu e ele estava no bolo. Mas força política para definir uma eleição com a rejeição que todas as pesquisas mostraram que Jackson Barreto tem, não. Não mesmo. Velar tal asneira seria acreditar no embrutecimento coletivo. No mínimo da periferia.

 

Modificado em 31/10/2016 09:30

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