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É preciso assegurar renda em harmonia com a dignidade

Por Joedson Telles

Leio que o Governo e o Senado Federal estudam a retomada do auxílio emergencial. Chama a atenção o fato de o benefício, que já foi de R$ 600,00, ser cogitado, agora, em torno de míseros R$ 200,00, para quem não recebe o Bolsa Família.

Bolas: se a pessoa que se enquadra nos pré-requisitos para receber o tal auxílio não recebe o Bolsa Família, isso nos dá carona à conclusão lógica e óbvia: o governo pensa em “auxiliar”, não pessoas que sempre estiveram na linha mais baixo da pobreza, que, supostamente, já estariam sob o guarda-chuva remendado do Bolsa Família, mas trabalhadores que tinham rendas maiores, mas, com a pandemia, despencaram para a miserabilidade.

E como o governo pensa em resolver essa situação, lembrando que se estima que cerca de 68 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial, ano passado? Com R$ 200,00.

Aí eu indago sem ofender: com 200 contos um senador ou o presidente almoça uma única vez? Não precisa levar a família. Não precisa ser num restaurante renomado. A grana paga pelo menos o vinho preferido?

É claro que pesa para o Brasil pagar auxílio a tantas pessoas. Ainda que fossem R$ 10,00, dinheiro não cai do céu. Sem falar que brasileiros pagadores de impostos são obrigados a custear a ajuda. Porém, do outro lado da moeda está quem já teve uma renda própria muito superior aos R$ 200,00 cogitados.

Vejam que coisa: a “solução” que o governo Jair Bolsonaro tem para pessoas que, até a pandemia pairar no país, viviam do seu trabalho é uma mixaria de R$ 200,00, que não resolve o problema e ainda pesa no bolso do contribuinte.

A obrigação moral do governo, neste momento, é restituir empregos. Assegurar renda em harmonia com a dignidade. Um mega projeto social neste sentido precisa ser posto em prática em parceria com a iniciativa privada urgente. Estamos muito atrasados.

O governo deveria ter pensado nisso, note-se, assim que a pandemia acabou o trabalho destas pessoas, e se pensou no auxílio emergencial, no ano passado. Os dois programas sociais caminhariam paralelos; e, certamente, com a reabertura do comércio, teríamos um cenário mais otimista. O comércio respira quando o trabalhador tem dinheiro no bolso.

Por incompetência ou falta de empatia, jogou-se tempo na lata do lixo, e o problema cresceu. Preocupante e assustador, estamos falando da necessidade mais básica entre as básicas. Tem muita gente, mas muita gente mesmo, que, antes da pandemia, tinha uma renda oriunda do próprio trabalho, e, hoje, passa fome. Literalmente.

Modificado em 09/02/2021 09:42

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