Deputados nutrem revolta silenciosa contra o MPF

Por Joedson Telles 

Depois que o Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE) acompanhou o juízo do Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) e decidiu pela cassação dos mandatos dos deputados estaduais Augusto Bezerra (DEM) e Paulinho Filho (PT do B), a bolsa de apostas que mais gente será mandada à guilhotina não para de crescer. Na Assembleia Legislativa de Sergipe, por exemplo, numa conversa entre jornalistas, o consenso girou em torno de pelo menos mais três ou quatro deputados perderem seus mandatos. Há mais onze julgamentos em pauta no TRE e podem (devem?) resultar em mais cassação.

Os deputados – os cujos mandatos foram cassados e os que estão na linha de tiro com cabeças em xeque – continuam evitando a imprensa. Não se sabe se por não terem muita coisa a falar, ao menos neste instante, ou mesmo se por estarem sendo orientados pelos seus advogados. O sentimento na Casa, contudo, diz muito nas entrelinhas. Há uma revolta silenciosa com o Ministério Público muito grande. Deputados não admitem publicamente, mas em off, resmungam que a questão deveria, no máximo, ficar na esfera da improbidade administrativa, e não passear no terreno eleitoral, sem, segundo eles, prova alguma e ainda resultar em cassação e inelegibilidade por oito anos.

Deputados lamentam também que grande parte da imprensa abraçou o caso de forma açodada – como se a voz do MPF/SE não precisasse de mais nada. Fosse o chamado “boca de forno”. Como se nem a defesa, nem o julgamento inerente ao Poder Judiciário e tampouco os recursos que serão impetrados em outras instâncias precisassem ser levados em conta. Todos os acusados já foram condenados antes do julgamento. Aliás, a pedra do açodamento foi cantada neste espaço. Sem muita alternativa, a torcida dos deputados, agora, é que no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a decisão do TRE/SE despenque por terra. Mesmo com as provas que o MPF considera robustas eis o sonho de consumo.