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Deputados cassados representam uma gota no oceano de acrobacias usuais para se manter no palco

Campanha do Universo nas eleições 2012

Por Joedson Telles

Sem querer extrair o mérito do Ministério Público e da Polícia Civil pelo serviço prestado à sociedade, nesta história de verba de subvenção x mandatos de deputados, e, óbvio, sem jogar confetes, já que apenas cumpriram a missão pela qual são bem remunerados pelo contribuinte, penso ser uma gota no oceano de acrobacias usuais para se manter no palco. Importante acossar meia dúzia de deputado que peca com verba de subvenção, ainda que a prova dos 9 esteja agora com o TSE. Todavia ingenuidade além da conta acender fogos, achando que a pátria está salva. N-a-o-~. Olhe o dedinho… Com muito otimismo, aplicou-se a primeira dose do antibiótico, que, quando faz efeito, em certos casos, só costuma vencer o microrganismo na dose cabo. Aos 44 do segundo tempo. Quando não nos descontos.

Supondo-se que todos os deputados cassados não consigam provar inocência em Brasília. Que o julgamento do TRE/SE seja mantido, e fique do episódio o rastro da desfaçatez. Ok? Alguém parou para pensar que – repito: em ninguém conseguindo provar inocência – o uso indevido da verba de subvenção jamais seria um caso isolado? Que usar dinheiro para se eleger, apesar de os deputados jurarem na cruz que isso é inverdade, só vale se for com verba de subvenção? Ninguém compra votos – direta ou indiretamente – com grana de outra origem? Que, agora, com o trabalho do MP e da PC não haverá mais compra de votos? Que quem for político, mas não estiver no foco da metralhadora do MP e PC é santo? Que a roda foi descoberta com estes deputados cassados? Santa ingenuidade. Mais uma vez o lugar comum: todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Mas vale lembrar também: nem todos os políticos foram investigados. Ok? Outro lugar comum? Com a palavra Albano Franco: “aqui é pequeno. Todos se conhecem. Tudo se sabe”…

Como dito, nada de tirar o mérito de ninguém, mas que o buraco é bem mais em baixo isso é. Conseguir um mandato, hoje, note-se, com raríssimas exceções, se tornou uma engenharia financeira dos diabos. Nem pense em colocar Deus nisso. Nunca como hoje a população entrou tanto no jogo do “toma lá dá cá”. Além do crescimento desta cultura asquerosa do “me ajude” a sufocar políticos – com ou sem mandatos –, outra cultura nociva à moralidade é observada facilmente: a troca do voto pela “ajudinha” saiu do varejo para o atacado. De uns anos para cá, é comum, e os políticos sabem disso, só “não têm jeito para dar”, o eleitor safado, corrupto, imoral e sem compromisso com o coletivo, coleciona a “ajudinha” do maior número possível de candidatos que topem entrar na desfaçatez, para manter ou conquistar um mandato. Evidente, o verme só tem um voto. Mas como voto não fala, ele fala pelo voto e promete votar em todos.

Ser político, hoje, é ser um homem ou uma mulher que vive sob pressão o tempo todo. Acorda ouvindo pedido e, quando consegue dormir, sonha precisando ajudar alguém para se manter vivo. E como tudo – ou quase tudo – significa dinheiro, haja caixa para atender a grande demanda. Agora pense nas borras: o político é pressionado para resolver com dinheiro problemas de várias pessoas, e se não o fizer – inclusive para não cometer crime eleitoral – o eleitor baterá outras portas até conseguir seu objetivo. Dá para você, internauta? Este é o cenário político de hoje. Mesmo com todo o esforço inegável das autoridades responsáveis para impedir a prática. Assim vivem os políticos: numa selva do salve-se quem puder com o ritmo ditado pelo eleitor corrupto. Quando o político é igualzinho, adeus moralidade. Ética. Projeto coletivo. Eis o mostro a ser batido somente quando agentes passivos e ativos passarem um longo tempo naquele lugar onde o sol jamais nasceu redondo.

P.S. O MP e a PC nem sonhavam com subvenção, o Universo já dava carona a um banner aconselhando o eleitor a não vender o voto. Trabalho de formiguinha, mas que legitima o juízo.   

Modificado em 30/11/2015 12:23

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