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Delegados foram constrangidos, óbvio

Por Joedson Telles 

Ao receber em seu gabinete representantes da Associação dos Delegados de Polícia Civil (Adepol) vestido em uma camisa propagando o Projeto de Lei do Oficial de Polícia Civil (OPC), que desagrada aos delegados, mas é defendido com unhas e dentes pelo Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe (Sinpol), o deputado estadual Gilmar Carvalho, num momento de infelicidade, só acirrou a animosidade que, vez por outra, sobe as chamas entre delegados x agentes e escrivães de Polícia Civil.

Evidente que o deputado Gilmar Carvalho tem não apenas o direito como a obrigação de tomar partido frente aos assuntos de interesse público. O imperdoável pecado da omissão é bem mais acentuado quando parte de um homem público, que é bem remunerado à custa do suor do contribuinte para ajudar na busca por soluções dos mais variados problemas. Portanto, no tocante à sua posição, Gilmar está correto. Não está sendo omisso: é Sinpol.

Agora, isso justifica receber os delegados em seu gabinete com a tal camisa? Evidentemente, não. Nunca estará com a razão quem constrange. Gilmar poderia muito bem recepcionar os delegados e, educadamente, como acredito que o fez, ratificar sua posição para eles sobre o tema. Inteligente, ele tem verbos e substantivos de sobra para se sair da roubada de forma elegante. Mas a camisa em si constrangeu, óbvio.

Imagine-se, internauta, na pele de um delegado que bate à porta de um deputado para pedir seu apoio e dá de cara com o parlamentar vestido na camisa que simboliza justamente o contrário? O que dizer mais? É algo parecido com um dirigente do time do Sergipe procurar um deputado para pedir uma ajuda e ele o receber com o manto do Confiança. Putz.

Insisto: não critico – e nem teria como criticar – o deputado por assumir uma posição. Até porque ele tem legitimidade e discernimento para avaliar e decidir. Mas o próprio Gilmar Carvalho, ao refletir, certamente, admitirá para si que não precisava vestir a camisa literalmente naquele momento. Até porque, inegavelmente, ele sempre esteve ao lado dos trabalhadores – e delegado também é trabalhador. O episódio soa um ponto fora da curva, mas pode deixar sequela permanente.

A propósito, ao comentar o episódio, no site Hora News, o delegado Paulo Márcio, ex-presidente da Adepol, deu uma dica do sentimento que o parlamentar pode ter criado na categoria. “Ao tempo em que parabenizo o deputado Gilmar Carvalho por defender, democrática e abertamente, a pretensão do Sinpol, repudio o seu gesto deselegante, acintoso e puramente provocativo em relação à Adepol, com cuja diretoria me solidarizo por ocasião desse lamentável episódio”, disse Paulo Márcio. Poderia ser diferente.

Modificado em 22/10/2019 09:43

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