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Cauê e a conta das vitórias entregue por Valadares

Por Joedson Telles

Leio no site da Assembleia Legislativa que o deputado Rodrigo Valadares, ao se referir ao publicitário Carlos Cauê, afirmou que “estamos cumprindo nossos mandatos para combater o marketing da mentira e da maldade instalado em Sergipe”. O plural se justifica pelo fato de Valadares falar também em nome do colega Gilmar Carvalho – e só ambos e Deus sabem se com ou sem o seu consentimento.

Anuência à parte, o fato é que, dificilmente, atacar o estilo do publicitário Carlos Cauê auxiliar nas vitórias que os adversários políticos de Valadares obtiveram nas urnas resolverá seu problema. Aliás, Valadares, o senador, inventou a roda com a frase “marketing do mal” na eleição de 2016, e seu grupo, ironicamente, voltou a ser derrotado dois anos depois, no pleito de 2018, com Cauê respondendo pelo marketing dos algozes…

… O deputado Rodrigo Valadares, inegavelmente, vem tentando cumprir seu papel de oposição. Jovem, corajoso e coerente. Não daria um tiro na ética, ao julgá-lo, e ajuizar aqui que faz oposição por oposição. Barulho e mais nada. Jamais. Afaste de mim este cálice. Porém, ele mesmo precisa deixar isso claro nas suas ações.

A política, por mais incrível que possa parecer, evoluiu. Evidente que ainda estamos longe do estágio sonhado pelos lúcidos. Oceanos de distância. Todavia, em certos terrenos, a coisa mudou. A obsoleta e abominável política se vê obrigada a acompanhar uma consciência que boa parte do eleitor adquiriu.

E uma destas mudanças, aliás, talvez a que mais salte aos olhos, é justamente a capacidade de o próprio eleitor externar de voz própria críticas aos seus representantes. O juízo de valor, digamos, “deixou de ser terceirizado”. A força de um pronunciamento em uma tribuna, de uma declaração à imprensa já não é a mesma de outrora – numa época quando qualquer pessoa tem um celular em mãos e interage através das redes sociais.

A crítica, que já foi um privilégio dos políticos da oposição, é feita, hoje, diretamente pelo eleitor em qualquer grupo de zap. No Face. Via uma foto no Insta… E, a depender do conteúdo, viraliza. Põe qualquer tribuna ou mídia no chinelo.

Esse fenômeno, óbvio, obriga ao político se reinventar. A crítica ao adversário não tem mais sentido se não for calçada na verdade factual e sequenciada de uma ideia que vise solucionar o problema apontado. “Só criticar? Eu mesmo critico”, deixa claro o eleitor a cada postagem nas redes.

Agora, se apenas mirar a metralhadora para um político adversário já não contempla, não resolve, é desnecessário, já que qualquer um poder caminhar com as próprias pernas, o que dizer de um deputado usar uma tribuna para atacar um publicitário por ter feito a campanha do antagonista? Criticar um cidadão sem mandato, que sequer colocou seu nome para apreciação nas urnas? Cauê estaria a pagar a conta das vitórias? Não duvido da boa intenção; o diabo é que continuo a catar a lógica com uma lupa.

 

 

 

Modificado em 06/06/2019 22:23

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