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Ao menos na Assembleia Legislativa, a Polícia Militar é imprescindível

Por Joedson Telles

Escuto um policial que fala pelo comando geral da Polícia Militar passar, mais ou menos, meia hora na Ilha FM, narrando para o radialista Gilmar Carvalho e, por tabela, para sua audiência, ações de PMs nas ruas de Sergipe. Prisões e mais prisões que, aliás, só desinformados desconheciam. Segundo o policial, cujo nome não lembro, a exposição foi uma forma de rechaçar declarações do vereador Agamenon Sobral (PP) contra policiais que não trabalham.

Se participasse do programa, aconselharia o policial militar que faz papel de assessor de imprensa, a assimilar melhor juízos alheios antes de emitir os seus. Certo ou errado – a questão aqui é outra – ao menos quando tratou do mesmo assunto aqui no Universo, o polêmico Agamenon criticou justamente o contrário: policiais que não se enquadram no que narrou o PM assessor de imprensa. Segundo Agamenon, há policiais em órgãos públicos, mas que deveriam se juntar aos que estão nas ruas prendendo os bandidos.

Infeliz na sua defesa, o policial assessor de imprensa deveria justificar a presença dos policiais nos órgãos públicos. Narrar, aí sim, suas ações. Provar ao vereador que ele se engana, ao afirmar que fora das ruas inexiste o trabalho policial. Este é o debate, e não passar meia hora falando do trabalho nas ruas. Até porque a polícia é paga com o dinheiro do contribuinte para prender mesmo. Era para receber dinheiro e não trabalhar? Bolas! Notícia seria a confirmação do que denuncia Agamenon.

Particularmente, como jornalista político, frequento a Assembleia Legislativa e atesto que ali há sempre policiais cumprindo o expediente. Fazendo o chamado policiamento ostensivo, inibindo a violência. Ao menos no Poder Legislativo, a Polícia Militar é imprescindível. Aliás, vez por outra, as galerias estão cheias e os ânimos se exaltam. Certamente, um mais afoito, ao fitar os policiais na área, pensa duas vezes antes de fazer uma besteira.

Aos de pouca memória, lembro que os bandidos que assassinaram o então deputado Joaldo Barbosa, o Nêgo da Farmácia, cogitaram uma execução ousada dentro da Assembleia Legislativa, mas não tiveram coragem por conta da presença da polícia. O fizeram a domicílio. Aliás, os bandidos queriam um deputado, que poderia ser Nêgo ou mesmo Adelson Barreto. Mas não encontraram brechas para fazer o serviço na Alese.

Evidente que não posso afirmar aqui que o vereador Agamenon Sobral está errado. Que todos os policiais que estão fora das ruas trabalham. Até porque é quase que impossível encontrar uma área cuja perfeição seja 100%. Que o jeitinho brasileiro inexista. Mas que, pelo menos na Assembleia Legislativa, a Polícia Militar não apenas trabalha como também se faz necessária, não há dúvida.

Aliás, a PM faz a segurança na Alese em parceria com uma empresa privada – numa forma de deixar evidente que os policiais só estão ali porque há atribuições na segurança que só cabem mesmo a PM. Mas a Casa teve a responsabilidade de contratar uma empresa privada para fazer aquilo que a lei dá direito.

Na gestão do ex-presidente da Câmara de Aracaju, Emmanuel Nascimento, na legislatura passada, a Polícia Militar foi expulsa do Poder Legislativo Municipal. Se, Deus nos livre desta hora, um bandido entrar ali e agredir ou mesmo matar um vereador, haverá um discernimento maior sobre a insanidade de se dispensar a presença da polícia em um local público.

Além de tudo, quando se tira a polícia de perto das autoridades, obviamente, manda-se um recado à bandidagem: se nem autoridades têm segurança em Sergipe, se estão vulneráveis, quem têm? O cidadão comum? Fora demagogia. Fala-se nas prisões e são importantes, mas e os homicídios? E os assaltos e demais crimes? De fato, precisamos de mais policiais nas ruas. A matemática de Agamenon é perfeita. Mas não creio que a solução seja tirar policiais dos órgãos públicos. Prefiro a ideia de aumentar o efetivo.

Creio que se, ao invés de ratificar notícias de prisões nas ruas, o assessor de imprensa da PM explicar não apenas o importante papel da PM na Alese, mas também em outros órgãos públicos, contribui muito mais para o debate. Defende muito mais os policiais que, de fato, trabalham. Seria bom também ter a humildade de pegar o discurso de Agamenon e fiscalizar a coisa de perto. Ver se há sentido ou não na denúncia. Todavia, entendo que aí reside a arte de pensar: todos têm a liberdade de ajuizar o que acha correto. O mais importante e persuasivo quando entra num debate de interesse público.

Modificado em 09/12/2014 10:51

joedson: