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André Moura e os afoitos a uma candidatura ao governo

Por Joedson Telles

O deputado federal André Moura precisa de muita agudeza e do conselho dos verdadeiros amigos – algo raro neste mundo da política, diga-se – para não permitir que o cargo de líder do governo Temer no Congresso chegue à cabeça ao ponto de lhe transformar em pré-candidato ao Governo de Sergipe sem pré-requisitos indispensáveis. 

André pecará contra si mesmo, se abraçar tal projeto instigado sem as condições ideais para, pelo menos, entrar na disputa com chances reais de vitória. Se jogar no pleito, simplesmente, porque afoitos semeiam ventos por vislumbrarem o futuro governador (sabe-se muito bem os motivos a sustentar sentimentos egocêntricos) soa atirar no pé com arma alheia.

André Moura tem hoje notório prestígio junto ao presidente Temer, e isso lhe proporciona abrir portas em Brasília, sobretudo para prefeitos, que podem ser (ninguém garante que serão) excelentes cabos eleitorais. André tem sido assediado até por adversários que sempre tiraram dos cachorros e jogaram em sua direção, como o governador Jackson Barreto, por exemplo. E tem procurado servir a todos os que batem à sua porta sem olhar cor de olhos ou partidos. Aproveita com maestria o momento.

Esta postura republicana, automaticamente, além de lhe garantir visibilidade política ímpar, óbvio, o inclui numa seleta lista onde figuram políticos cujos nomes são ventilados como possíveis pré-candidatos a governador. Listo os governistas Belivaldo Chagas, Laércio Oliveira e Rogério Carvalho. Mas há também aliados do próprio André Moura, evidente, como Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares.

Nome mais novo da lista, André tem dito que o seu projeto é permanecer na Câmara Federal. Demonstra pés no chão. A lucidez de saber que ainda terá muitos anos pela frente na vida pública e não precisa disputar uma eleição majoritária neste momento de forma açodada como se fosse questão de vida ou morte. Não há arma na cabeça.

Em se tratando de política, de uma disputa eleitoral, a frase cavalo selado passando à frente ilustra o momento e serve à pedagogia. E o animal não emerge com facilidade. Uma candidatura, sobretudo majoritária, é construída com uma série de fatores. Além da óbvia pré-disposição do próprio André Moura, é preciso haver o consenso no bloco para se construir os caminhos. Ninguém é candidato de si.

Para o êxito do projeto André Moura 2018, de pronto, os senadores Eduardo Amorim e Antônio Carlos Valadares precisariam abrir mão da disputa e, consequentemente, apoiar a ideia. Isso passa pelas cabeças da dupla? Com o peso destes dois líderes, convencer os demais do agrupamento seria tarefa fácil, note-se. Muitos peixinhos, inclusive, até já preferem André Moura, mas ficam numa situação constrangedora para externar isso aos dois senadores líderes. E quem já está precipitando as coisas pode se arrepender…

Ainda que haja o consenso, esta linha só seria seguida, evidentemente, calçada em pesquisas feitas no tempo certo. Nada adianta André querer, o grupo idem, mas os eleitores não. Como lançar uma pré-candidatura de André Moura ao Governo do Estado, se os senadores Eduardo Amorim e Valadares continuarem no topo das pesquisas? Se André aparece perdendo a eleição para o suposto candidato governista? O próprio André arriscaria em tais circunstâncias? Não creio.

Mudar este sentimento do eleitor, além de complicado pela própria essência da política, pode passar por um conjunto de verbos no gerúndio. Saca só: em Temer conseguindo se segurar no cargo e mantendo André líder, caso o deputado continue correspondendo expectativas de cabos eleitorais e os eleitores, entendendo isso, sinalizarem positivamente via pesquisas, o cavalo estará pronto. A briga será com o nome governista. E, neste caso, não duvidem: André será candidatíssimo.

P.S. Ao se lançar numa campanha majoritária, André Moura evapora, de pronto, se não toda, mas boa parte da atual base eleitoral construída na proporcional. Ou seja: em perdendo a eleição para o Governo do Estado, em 2018, André teria sérias dificuldades para voltar à Câmara Federal, em 2022. E André sabe disso, inclusive, porque tem o exemplo dentro de casa. O ex-presidente da Assembleia Legislativa, Reinaldo Moura, após dar a sua contribuição a Sergipe, como conselheiro do TCE, ao tentar voltar ao Poder Legislativo, em 2014, a base estava dispersa. Comprometida com outros projetos. O resultado é de conhecimento público.

Modificado em 21/06/2017 07:59

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