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Ainda a greve que não atingiu Temer, mas a população, sim

Por Joedson Telles

Gabam-se as cabeças pensantes da greve que o vocábulo preciso a definir o dia 30 de junho de 2017 é “sucesso”. Será? Que a greve parou transporte, comércio e reuniu inúmeras pessoas em torno de si, seria estupidez negar. Sucesso, porém, é adjetivo pessoal em circunstâncias afins. Se para uns é a melhor definição gramatical, para outros, no entanto, e aí me incluo, o termo só pode ser empregado ao referi-se ao público. Jamais a um público.

O bem comum só seria alcançado, e, consequentemente, o sucesso, se o cenário fosse voluntário. Sacou? Se a maioria aderisse à greve por acreditar nas ideias, na seriedade das pessoas que a organizam. Se ninguém saísse de casa espontaneamente ou se só saísse para se juntar ao movimento e, na prática, os frutos fossem positivos.

Mas aderir na tora? Na violência? Contra a própria vontade? No desrespeito ao contraditório? E as conquistas repousando, ao menos por enquanto, nos discursos dos organizadores do piquete e só? Que sucesso é este? Cinismo falar em sucesso asfixiando a democracia da livre escolha.

Além dessa violência, como falar em sucesso, ao menos coletivo, se uns faturam com a greve e outros amargam danos incalculáveis? E como definir algo que acarreta prejuízos ao coletivo como sucesso? Cato com uma lupa.

Soa trivialidade, jornalismo meloso a subestimar a inteligência do internauta, mencionar aqui situações vexatórias e números estimados de pessoas que ficaram presas nas ruas e avenidas deste Brasil injusto. Entre elas, óbvio, doentes tentando se deslocar até a ajuda médica e médicos e enfermeiros também presos sem conseguir chegar ao destino. Carro de passeio não passa. Eis a “lei” bizarra.

Curioso é que os prejuízos são admitidos pelos próprios responsáveis. Sabem que estão fazendo o mal ao coletivo, em nome do que julgam o bem, mas acham o remédio amargo necessário. Pregam que lutam pelo trabalhador, por uma causa nobre, apesar de não terem movido uma palha quando o TSE passou a mão na cabeça da ex-presidente Dilma Rousseff e do atual Michel Temer numa tacada só. Como pode alguém sair às ruas hoje com o bordão “Fora Temer”, se ontem silenciou quando o escândalo foi bem maior?

Eis a essência da questão em cor bem viva: política. Ali Temer foi blindado em nome da coerência dessa mesma gente. Como separá-lo da companheira Dilma naquele momento? Um desinformado ficaria surpreso se descobrisse o número de sindicalistas filiados a partidos políticos. Ao PT de Lula, Dilma, Dirceu, Palocci… E olha: nada contra, viu? Apenas avalio que o senso comum não capta a essência.

Michel Temer tem seus erros? Evidente. Muitos e gravíssimos. Num país sério nem seria presidente por razões mais do que óbvias.  Discordar das reformas e protestar é válido? Claro. É certo e democrático. Diria até necessário ao equilíbrio do jogo. O trabalhador precisa dos sindicatos. O movimento precisa ser repensado, mas é imprescindível à luta de classes.

Todavia, não sejamos ingênuos: além de defender o trabalhador, todo este barulho a triturar ouvidos inocentes no atacado e fazer cócegas nos que pensam atingir no varejo tem como pano de fundo o poder. Repita-se: o poder. E seria mais do que legítimo, democrático e, sobretudo, do jogo político se não fosse um detalhezinho: se a conta da festa não fosse atirada no colo dos que jamais conseguem credenciamento para a área vip.

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