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A revolta de Ana Lúcia e o silêncio dos pares

Por Joedson Telles

O Poder Legislativo precisa ecoar a revolta da deputada estadual Ana Lúcia, a Ana Lula, frente à morte do jovem de 22 anos, que foi vítima de um disparo de arma de fogo, no último domingo 12, em Brejo Grande, município de Sergipe. O silêncio não pode imperar. A deputada se soma à versão da família do jovem, de pessoas revoltadas com o fato e não tem dúvida: tiro na nuca é execução.

O mais grave: em sendo verdade – só uma investigação rigorosa pode confirmar ou não – um policial militar seria o responsável pelo tiro fatal. A deputada, por sua vez, não tem dúvida – e quer uma apuração rigorosa e a devida punição. Usou a tribuna da Assembleia Legislativa e foi ecoada aqui no Universo e outros setores da mídia. Seus pares, no entanto, seguem em silencio – ou, no mínimo, fazendo pouco barulho.

Evidente que não há deputado comemorando o que Ana Lúcia define como execução. Os demais parlamentares também querem que a Justiça prevaleça, minimizando o estrago irreparável. Sobretudo em ano eleitoral, nenhum deles seria louco de sair por aí defendendo o indefensável. Contudo, é preciso registrar, materializar, botar para fora a indignação.

Um fato que leva uma deputada a usar a tribuna do Legislativo e a imprensa para acusar um policial militar de executar um jovem, a falar em fascismo e ódio contra negros e pobres, contra os que pensam diferentes não pode ter o gelo e a indiferença dos demais deputados como resposta. Até porque a Casa é formada por homens e mulheres de bem.

Insisto: o Poder Legislativo precisa ecoar a indignação de Ana Lúcia. Tem meio para isso. Os 24 deputados, inclusive, precisam atrair, mediante a atenção que venham a dar ao caso, os demais poderes e autoridades deste estado, para que o caso não entre para as estatísticas da impunidade. Inclusive como medida pedagógica, é preciso ação.

Joga qualquer evolução, cidadania e a própria Constituição na lata do lixo alimentar atitudes que sustentem o pressuposto ventilado pela deputada: se o jovem fosse de uma família abastada, não estaria morto. Grave.

Nas entrelinhas, uma denúncia preocupante de Ana: o jovem foi morto porque era um pobre? É isso mesmo? O mesmo episódio com os mesmos atores numa festa de ricos teria outro desfecho? Embrulha o estômago só imaginar tal monstruosidade.

Evidente que, respeitando a revolta da deputada Ana Lúcia e dos que gostavam do jovem, lembro, em tempo, que, até que se prove o contrário, todos são inocentes.

É preciso, contudo, como apelou Ana Lúcia, promover uma investigação rigorosa, seguida da punição na forma da lei. Os poderes e autoridades deste estado não podem dar de ombros ao absurdo.

Preserve-se a imprescindível Polícia Militar. Desvios não são regras na corporação. Entretanto, como em todas as esferas da vida, há, sim, os equívocos praticados de forma isolada. E, vez por outra, algum caso vem à tona, dando a oportunidade para que as autoridades justifiquem os vencimentos custeados pelo suor do contribuinte. Eis um destes momentos.

Modificado em 14/08/2018 19:47

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