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A falta de coerência de meia dúzia de dilmistas

Jony: um dos alvos da baixaria

Por Joedson Telles

A polícia ainda deve uma resposta à sociedade sobre aquele episódio lamentável que aconteceu no Aeroporto de Aracaju, na semana passada, envolvendo parlamentares sergipanos que votaram pelo impeachment da então presidenta Dilma Rousseff e foram alvos de ovos, chacotas e o que mais meia dúzia de mentes brilhantes imaginaram. Se a moda pega? Qualquer protesto pacífico legitima a democracia e merece respeito de todos. Qualquer agressão é ação de covarde e merece repúdio e o peso policial e judicial na forma da lei.

Pô! Mesmo legitimados nas urnas, os parlamentares tinham que votar conforme a vontade dos aliados de Dilma? É isso? Mesmo que o voto a favor de Dilma significasse violentar não apenas a consciência do próprio parlamentar, mas, sobretudo, a vontade da maioria do eleitorado, a julgar pelo sentimento das ruas, pela reação da maioria com o desfecho em desfavor da ex-presidenta? E aquela história de um direito começar onde outro acaba onde fica?

Indago: agredir uma pessoa só porque tem opinião divergente? Se os mesmos parlamentares roubassem os cofres públicos, afundassem o Brasil numa crise sem precedentes e ainda se trajassem de um cinismo ímpar, ovo seria suficiente ou estariam na mira de pistolas? Há como fugir deste raciocínio?

Respondo eu mesmo: este é o país desenhado pelo maior talento da música mundial na canção “Admirável gado novo”. A falência de consciências sobressalta. A coisa caminha como cunhou Zé: “O povo foge da ignorância apesar de viver tão perto dela”. Ou seja, é com o erro que se espera combater o que se julga errado. “Vida de gado”…

Sabe aquela história dos aliados de Dilma: a vontade das urnas deve ser respeitada? Que o certo, quando não se está satisfeito com o político, é esperar as eleições e tirá-lo? Tudo papo furado. Pelo visto, era só para tentar salvar o mandato que a própria Dilma deixou morrer. Retórica. Ao menos para meia dúzia de radicais. Não rezou na cartilha, ovos. Agressões verbais. E já que a palavra entrou em moda, recorro: golpe? Um golpe sem tamanho na democracia? Na legitimidade das urnas?

Se os deputados e senadores existem para serventia dos “dilmistas”, se estão obrigados a votar de acordo com a vontade adversária, para que mesmo serve uma eleição? Esse negócio de leis? Constituição? Que tal pegar tudo, rasgar, adicionar ovos, fazer um mega omelete e atirar na cara da sociedade?

Ideia estúpida, não? Pois foi isso mesmo que foi feito pela meia dúzia de manifestantes, quando os parlamentares foram acuados. Acertou-se também a democracia das urnas respaldadas nas leis. A Constituição. Acertaram em cheio a cara da sociedade que elegeu seus representantes e assinaram embaixo dos seus votos. É só vermos quem protestou, quantas pessoas participaram da parada para se entender qual a posição da sociedade.

Entendo que Dilma não queria largar o poder. Quem quer? Deixou forçada. Foi expulsa. Entendo – e até vejo como ato de grandeza – lutar pelo que se acredita. Não jogar a toalha e, nitidamente, já estar em campanha para 2018. Aliás, o próprio discurso de golpe demonstra que Dilma e aliados sabiam tanto do desfecho que trataram de antecipar o discurso que adotarão em 2018.

Tudo isso é compreensível, legítimo, do jogo político e, sobretudo, esperado. Qual o ingênuo acreditou que Dilma, digo o projeto do PT, seria derrotado e os companheiros aceitariam isso na base do “tranquilo e favorável”? Agora, simpatizantes apelar para baixaria, não. Baixaria, tumulto, agressão… Há certas ferramentas que não podem fazer parte do jogo. Nada justifica. Protestar, confrontar ideias, disputar mentes e corações, e, sobretudo, saber usar as urnas devem ser as ferramentas de qualquer cidadão. Sempre. Agrediu perdeu a razão.  A polícia e a justiça precisam entrar em cena.

P.S. Em tempo, se meia dúzia apelou para ações equivocadas, registre-se que muito mais gente protestou de forma pacífica e inteligente contra o que definiu como golpe. Pessoas sérias que enxergaram uma injustiça contra uma inocente. Mas nem por isso agrediram ninguém. São pessoas que merecem todo o respeito. Ainda que não se concorde com elas.

Modificado em 05/09/2016 20:31

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