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A CPI e o repúdio contra Bolsonaro que ele mesmo construiu

Por Joedson Telles

Apesar de muitos brasileiros darem de ombros, contrariando a serventia, a CPI da Covid-19 está prestando um importante serviço ao Brasil. Mesmo que, lá frente, não tenha resultados satisfatórios e coerentes com os passos dados – termine em pizza, como diz o jargão da política -, segundo a oposição, já serviu para ratificar para alguns e revelar para outros que o Governo Federal não lidou com a pandemia com a responsabilidade exigida; à medida que não comprou vacinas com a urgência devida, para evitar tantos óbitos.

Mais grave: os senadores entendem que, em se comprovando que houve, de fato, prevaricação por parte do presidente Jair Bolsonaro na denúncia de suposta irregularidade para aquisição de vacinas, ficará ainda mais difícil para ele descolar sua imagem das, até o momento, 525 mil mortes provocadas pela doença. Nada republicano, sobretudo em se tratando do servidor público número 1 do país, que foi eleito com a missão de cuidar dos brasileiros.

Evidente que o desenrolar da CPI, apenas as falas dos depoentes e o sentimento da oposição não são suficientes para se condenar o presidente por conta de uma acusação tão grave. A exemplo de todo cidadão, Jair Bolsonaro é inocente até que provas irrefutáveis sejam postas à mesa.

Entretanto, como todo político, Bolsonaro vive da boa imagem. A CPI, da forma que andou até o momento, não apenas confirmou o negacionismo deste governo como também colocou em xeque (para alguns jogou por terra) o discurso de honestidade. De combate à corrupção.

Repito: todos são inocentes até que se prove o contrário. Mas um passeio pelas redes sociais atesta facilmente que o presidente já foi julgado e condenado.

Por sua vez,  Bolsonaro parece sentir a pancada e, consequentemente, sobe o tom que já era áspero contra políticos adversários e jornalistas que têm a coragem de indagar sobre vacina ou qualquer pauta da CPI. Reação, evidentemente, pouco inteligente, já que só agrava mais o problema.

Note, internauta, que o presidente poderia negar que prevaricou e explicar que, ao contrário do que tenta passar a CPI, se empenhou e comprou, sim, todas as vacinas que pôde para salvar vidas. Mas não. Ele prefere agredir.

Ou, sem noção, confirma a CPI por falta de argumentos contrários ou não está dando a devida atenção ao grave problema a repousar em seu colo. Tentar simplesmente jogar a CPI no descrédito vem se mostrando enxugar gelo.

Para quem tem histórico de subestimar o vírus chamando-o de “gripezinha”, de circular sem máscara, de promover aglomeração e de defender tratamento precoce à base de cloroquina e ivermectina sem amparo na ciência, o próprio Bolsonaro não permite a dúvida: ele mesmo construiu todo repúdio contra si que fatia considerável da população externa, hoje, principalmente, nas redes sociais. Inclusive gente que votou nele. A CPI da Covid-19, certamente, ampliou, mas está longe de ter inventado a roda.

P.S. Já escutei que a CPI é política. Bolas! Também. O que é feito por políticos e não é política? A propósito, há algo mais político que tentar melar uma CPI por desagradar o presidente da República?

Modificado em 06/07/2021 20:10

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