Presidente do PT não crê em cana para Zé Dirceu e demais condenados no ‘mensalão’. Felizmente, ele não decide

Por Joedson Telles

Sinistro. Todo aquele sério julgamento do escândalo do ‘mensalão’ no Supremo Tribunal Federal, com Joaquim Barbosa e todo o esforça da mídia para deixar o brasileiro bem informado sobre o que o senso comum define como safadeza, na ótica do presidente nacional do PT, Rui Falcão, pasmem, não passou de uma palhaçada – sem querer, mas já ofendendo os truões, óbvio. Evidente que ele não teria petulância de usar tais palavras à risca para expor as vísceras sem escrúpulos. Todavia, com o seu vocabulário, deu a entender. E mandou o trabalho do STF, da PGE e da mídia séria às favas, ao garantir que nenhum dos companheiros irá para a cadeia.

A tese estrábica, lógico, vem em socorro dos companheiros sentenciados – Zé Dirceu, Genoino, João Paulo Cunha e Delúbio Soares. Falcão, com a tranquilidade de quem diz que o Brasil é um dos favoritos para vencer a Copa, por jogar em casa, sentencia: “Não estamos trabalhando com hipótese de prisão. À luz dos embargos, haverá nova apreciação dos processos. Não se pode condenar sem provas. Para nós, até o momento, não tem ninguém condenado. Não há de se cogitar de prisão”, disse.

É a velha máxima do “seria cômico se não fosse trágico”. Ou melhor: ridículo. Vergonhoso. Apelativo. Essa banda do PT calejada em envergonhar  petistas sérios, como os sergipanos, e indignar pessoas de caráter idêntico, deveria procurar o que fazer. Depois de tudo a que o Brasil assistiu, vem, agora, querer jogar por terra a credibilidade do STF, não sem antes zombar da inteligência do brasileiro? Uma trouxa de roupa suja cairia bem para este tipo de gente. Por certo, requer bem menos trabalho para se espantar a sujeira que limpar os “companheiros” condenados por corrupção.

O curioso é que declarações infelizes como a de Ruy surgem, exatamente, numa época em que virou moda petista, cinicamente, querer controlar a imprensa. Perceba, internauta, que a absurda ideia vem justamente em socorro de  equívocos indesculpáveis – como os que fizeram o STF enxergar nos petistas mensaleiros uma gangue. Se com uma imprensa livre e vigilante, mesmo com a exceção dos vassalos, aparecem figuras como Ruy Falcão para tentar anular o trabalho ilibado do STF, imagine o Brasil com uma mídia censurada – alçada pelo véu vermelho petista? Grita a moralidade que a frustração baterá à porta de Ruy e dos que pensam como ele. Até porque ele não decide nada. Todavia, se a tese tosca vingar, sugiro abrir as portas de todas as cadeias do Brasil, sob o argumento que o crime compensa. Questão de coerência. Só coerência.

P.S. Rui Falcão assumiu o PT com a renúncia de Eduardo Dutra. Indago aos botões se o ex-senador por Sergipe faria o mesmo por força do cargo.