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Peço a Deus que console as famílias de todos

Por Jackson Barreto

Que dia triste foi a quarta-feira que passou. Amanhecemos pesarosos com a notícia do descanso do nosso querido cantor Rogério, depois de muitos dias padecendo de uma doença fatal, e ainda pela manhã caímos perplexos com o acidente terrível que ceifou as vidas preciosas de Eduardo Campos, Pedrinho Valadares e mais cinco brasileiros. Nós que ainda não digerimos a perda do querido Marcelo Déda, oito meses depois sofremos com esse baque.

Eduardo Campos e Pedrinho Valadares foram dois homens íntegros, que lutavam pelos seus ideais e que ainda tinham muito a contribuir com o nosso país. Morreram trabalhando, em campanha, fazendo aquilo que o político mais gosta e precisa fazer, conversar com as pessoas, ouvir o que elas tem a dizer e, principalmente, buscar o convencimento ao levar sua mensagem de esperança, seu projeto de dias melhores para o Brasil e para os brasileiros.

Nesse quadrante da história, nós estávamos em projetos políticos distintos, mas diante da grandiosidade e do imponderável da vida isso é o que menos importa agora. Nos respeitávamos e sempre nos tratamos cordialmente, é o que importa. E eu os admirava pelas suas origens — Eduardo sendo neto do grande socialista Miguel Arraes e Pedrinho o sobrinho do amigo Antônio Carlos Valadares — e pelo que se tornaram como homens públicos.

O ex-governador pernambucano demonstrava confiança na disputa pela Presidência da República, mas com a intuição dos que são bons no que fazem sabia que construía algo para o futuro. Traduzindo para feições mais modernas o socialismo do avô, ele tinha uma capacidade de fazer amigos, de fazer críticas políticas que não atingiam o nível pessoal, ou o desrespeito a o adversário. E isso o tornava mais querido.

Jovem ainda, confiava na sua capacidade como gestor público. Como governador, Eduardo Campos trouxe um tempo novo para Pernambuco, que atravessou um logo período de decadência e que retomou seu lugar como estado importante para o Nordeste e para o Brasil.

Um dos seus maiores orgulhos era o Complexo de Suape, que contribuiu com a sua consolidação como um dos principais polos de investimentos do país. Mas o auge do desempenho de Eduardo Campos está nos indicadores sociais, com a redução da mortalidade infantil e dos índices de homicídio em um estado que havia se tornado violento. Futuramente Eduardo Campos poderia ter sido o que Miguel Arraes não foi: o presidente da República em um país mais justo e fraterno.

Por uma dessas coincidências inexplicáveis, morreu no mesmo dia de seu avô materno, homem considerado uma das maiores lideranças das lutas populares do país e que se tornou uma referência para a esquerda quando se elegeu governador pela primeira vez, em1962,e enfrentou as oligarquias canavieiras de Pernambuco, defendendo os direitos dos trabalhadores dos engenhos. Eduardo seguiu seus passos como governador de Pernambuco e na presidência nacional do PSB. E seguirá ao lado do avô: será enterrado no mesmo túmulo de Arraes.

Eduardo Campos, como Marcelo Déda, era uma vocação rara. E Pedrinho Valadares era seu bom companheiro, leal, também muito hábil e comprometido com a democracia. Interessante que os três foram colegas de Parlamento, quando deputados federais, e ali fortaleceram a amizade. Em 2006, Déda e Campos se elegeram governador e foram reeleitos em 2010. Pedrinho foi um auxiliar de luxo do governador de Pernambuco, que não fazia nada sem consultá-lo.

Quando Marcelo Déda se foi, em dezembro passado, Eduardo Campos lamentou a perda do amigo: “A ausência do governador Marcelo Déda é uma enorme perda para a política brasileira. Ele foi o maior nome da minha geração, um homem que fazia política com ‘P’ maiúsculo. Acompanhei sua luta contra a doença, e tive a oportunidade de presenciar um exemplo de grandeza, de força e de coragem como poucas vezes se viu. Lamento profundamente sua partida não apenas como o cidadão e homem público exemplar que foi, mas também, e em grande medida, como um dos grandes amigos que fiz na vida.”

Perplexo com essa perda enorme, lamento também que tenhamos ficado sem o nosso grande cantor Rogério, que ajudou a fazer de Sergipe o país do forró e levou a cultura do nosso Estado a todo o país.

E não poderia finalizar sem homenagear a escritora sergipana Maria Lígia Pinna, que se despediu dessa vida na quinta-feira. Educadora competente,intelectual dedicada às letras, vice-presidente da Academia Sergipana de Letras, senhora de um sorriso doce como a infância, ela continuará sendo um orgulho para todos nós.

Peço a Deus que console as famílias de todos.

Modificado em 18/08/2014 19:15

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