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“O senhor é o meu pastor…”

Por Joedson Telles  

Nenhuma passagem da Bíblia é tão conhecida quanto o Salmo 23. “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará” é, de longe, a frase mais avocada. Até pessoas que nunca abriram uma Bíblia não apenas sabem na ponta da língua como também repetem em certos momentos da vida. Arrisco: mesmo pessoas que, infelizmente, não têm ainda a Bíblia com um livro verdadeiro inspirado por Deus, mostrando o caminho da salvação, já se flagraram apelando para a frase em algum momento da vida. Falar “o Senhor é o meu pastor e nada me faltará” soa no automático.

Aí eu pergunto: será que todas as pessoas, inclusive evangélicas e católicas, ao se valerem da frase que virou lugar comum gramaticalmente sabem mesmo o que estão a repetir? Será que já meditaram e têm plena consciência do que estão a ventilar? Ou é tipo uma música internacional: às vezes a pessoa não entende uma só palavra, mas, como gosta da melodia, está tudo certo?

A primeira palavra da frase diz muito a este respeito. “O senhor”. Num dicionário há várias definições. A mais precisa, no entanto, creio ser “proprietário, dono absoluto”. Ou seja, a frase está sendo iniciada afirmando que “o meu proprietário, o meu dono absoluto”…

É possível continuar a frase espelhando coerência? De fato, Deus é o proprietário, o dono absoluto de todos que recorrem à frase? Lógico. Evidente. Trivial. Deus é Deus e não há sinônimo melhor para defini-lo. Aliás, Ele mesmo diz “Eu sou”. Mas evidente que no momento em que decidiu dar livre arbítrio às pessoas, o próprio Deus deixou cada um de nós completar a frase, mesmo que com as nossas ações – ou com a falta delas – estejamos a destruir qualquer traço de coerência. Num português comum: mesmo sem moral para mencionar a frase.

Ora bolas! Se Deus é o meu dono absoluto, como posso viver fora da sua vontade expressa na Bíblia? Como deixar de guiar-me pelos ensinamentos de Jesus Cristo, o escolhido por Ele para salvador o mundo, para andar pela minha própria cabeça? Incoerência. Deus não negocia isso. Lembram: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9:23). O Jesus não deixou margem.

O ensinamento do Mestre é cristalino. O problema que se cria também. Fala-se a frase completa, mas apenas o “nada me faltará” é pensado. Refletido. Desejado de coração. Por conta das circunstâncias, da dinâmica da própria vida, precisamos que nada nos falte mesmo – e é, sobretudo, quando, de fato, está a faltar, que a frase toma uma emoção sem tamanho.

O mais importante, contudo, negligencia-se. Deus não está sendo o dono absoluto. Seus mandamentos e ensinamentos – criados, diga-se, unicamente para garantir uma vida perfeita à humanidade – são atropelados. Postos de lado. Algumas vezes até alvos de chacotas. Mas, ainda assim, não falta quem diga de boca cheia: “o senhor é o meu pastor…”  Por isso que assistimos constantemente a milhares de pessoas se valerem da frase, mas viverem uma vida de miséria em todos os sentidos.

O fato, amigos, é que a relação Deus x humanidade nunca será sinônimo de sucesso enquanto o homem não fizer a sua parte. Deus sempre faz a Dele. Deus não falha. Na Bíblia há promessas, evidente. Mas há também obrigações. Não dá para a pessoa querer apenas cobrar as promessas e dar o jeitinho brasileiro nas cobranças. Aí Deus não seria perfeição, justiça e, sobretudo, amor.

Deus no comando.

Modificado em 19/07/2015 08:08

joedson: