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O PT contrariar Jackson? Como? Nem “tranquilo” nem “favorável”

Por Joedson Telles

Nesta segunda-feira 16, o PT de Sergipe apressou-se em desmentir, via nota pública (de repúdio?), a informação semeada em setores isolados da mídia sobre um suposto acordo feito entre o partido e o PC do B – pelo qual os petistas indicariam o candidato a vice-prefeito numa suposta chapa encabeçada pelo ex-prefeito Edvaldo Nogueira para prefeito de Aracaju. É praxe e até rima: eleição, especulação, negação… Todo pleito é a mesma coisa. Em todo canto do Brasil. O solo dos cajueiros e papagaios não inventou a tal roda. Mas que é useiro e vezeiro pode apostar.

Na nota, o Diretório Municipal de Aracaju explica que “abre o debate interno sobre as eleições municipais 2016 em Aracaju no dia 1º de junho do corrente ano. Esgotados os debates internos, a definição do Partido dos Trabalhadores será objeto de discussão com o coordenador do bloco, que é o governador Jackson Barreto. Até que haja o encerramento das discussões internas e essa reunião com o governador Jackson Barreto, todas as declarações sobre o tema são de caráter especulativo de quem as publicar, não recebendo endosso ou aval das instâncias do partido”, diz o PT. Em resumo: o PT coloca a decisão nas mãos de Jackson e o que a legenda não admite sobrevive no terreno da especulação. Será?

É certo que o que a maioria dos políticos mente em um mês um macaco dos bons não pula em um ano. Mas neste caso, mesmo tendo revelado neste espaço, há quase um ano, que Edvaldo trabalha, sim, dia e noite para ter Eliane Aquino ao seu lado, não acredito que nada seja feito sem o aval do governador Jackson Barreto. Se existe a tal aliança é com a garantia de Jackson. Não que ele tenha conquistado a liderança do grupo de uma hora para outra. Nada. Continua sem lembrar sequer a sombra do saudoso ex-líder Marcelo Déda. Entretanto, o perfil da ex-primeira dama Eliane Aquino deixa evidente que ela jamais faria uma aliança sem o ok de Jackson – por quem tem demonstrado carinho e respeito. E acho difícil o PT rifá-la e apontar outro nome à revelia de Jackson e seduzido por Edvaldo Nogueira, que também não demonstra perfil para afrontar o governador.

Bolas! O PT, apesar de em Sergipe não ter nada a ver com a Lava Jato, ao menos até o momento, sofre um desgaste inegável junto à população. Por osmose. É um partido em declínio, precisando urgente de uma reconstrução. Para quem já teve, nos últimos anos, a Prefeitura de Aracaju, posteriormente, o Governo do Estado, um senador da República, dois deputados federais numa única legislatura – um deles o mais votado – e quatro deputados estaduais ao mesmo tempo, limita-se, hoje, a um deputado federal e dois estaduais. E sequer tem como disputar a eleição de Aracaju, encabeçando a chapa e com chances reais de pelo menos ir ao segundo turno.

O PT também amargou, na semana passada, o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Depois de 13 anos no poder maior, o PT ruiu. Além dos mandatos de Dilma e dos companheiros sergipanos, o partido perdeu inúmeros cargos menores oriundos destes mandatos perdidos. E óbvio: uma queda assustadora na arrecadação do partido. Companheiro sem CC, companheiro sem contribuir financeiramente. Sem falar que o maior líder do partido vive um inferno astral que pode acabar no pior pesadelo de imagem quadrada da sua vida.

Diante de tamanha tragédia política, visivelmente debilitado, exceto por uma vocação suicida descomunal, o PT jamais tentaria passar por cima do governador Jackson Barreto. Como contrariar Jackson, se isso coloca em xeque o sopro de vida nos cargos comissionados que o partido tem no governo do PMDB? A menos que o Partido dos Trabalhadores tenha a grandeza do PSB. A decisão, o foco, o desprendimento. Aí, sim, entrega os cargos, deixa o governo e estará livre para tomar o rumo que desejar. Mas como sonhar, se a legenda não tem hoje um nome forte como o do deputado federal Valadares Filho, respaldado em pesquisas para correr riscos?

Até Eliane Aquino, que é apontada para compor como vice – não para encabeçar a chapa, diga-se, passa a impressão que figura bem mais por ser viúva do saudoso, e amiga de Jackson, do que por ser do PT. Aliás, tem petista que se agarra na saia dela hoje, mas sequer a queria no partido há alguns anos. “Vida de gado”, cunhou o grande Zé. E nisso, Déda, mesmo morto, perceba-se, ainda parece maior que a legenda em Sergipe. Aliás, se ainda estivesse entre nós, o saudoso, provavelmente, estaria também no Senado, e lideraria este processo pela força do hábito. Mesmo com as limitações ululantes do PT, Déda tomaria posição. Pra vencer ou perder. Mas o PT de hoje contrariar Jackson? Como? Nem “tranquilo” nem “favorável”.

Modificado em 16/05/2016 19:32

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