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O governo Jackson Barreto e a falta de credibilidade junto aos mais lúcidos

Sintese: na bronca com o governador

Por Joedson Telles

Dá pena ver representantes do Governo do Estado no rádio tentado explicar o inexplicável desgoverno. Mas nem por isso esqueço que o sergipano carece muito mais de clemência. Aliás, seria até cômico se não fosse uma lástima. O governo explica, explica, explica e não chega a lugar nenhum nesta história do 13º salário do servidor público estadual. Revolta, indignação e uma ululante dose de desconfiança deixam o servidor imune a qualquer retórica. E é fácil obter o diagnóstico: uma palavrinha só basta: credibilidade. Quem acredita neste governo?

Mesmo com toda a alienação e lentidão da maioria das pessoas para entender o que acontece, hoje, em Sergipe, o governo não passa confiança. Mandou o verbete às favas desde que os mais lúcidos começaram a comparar o discurso do então candidato Jackson Barreto à prática do seu governo, que insisto: ainda não disse a que veio. E se veio para o que aí está, melhor se não tivesse vindo. O discernimento sobre o fracasso precoce parece caminhar entre a população como micose sem tratamento na carona da frase da cozinha: “Jackson pode deixar o governo como o pior governador da história”. Pode?

Vejam só o nó da questão em foco: o governo não paga a folha, deixando de fazer o básico, diga-se, e ainda quer transferir a responsabilidade do tal empréstimo – a lembrar as pedaladas da companheira Dilma – para o servidor. Argumenta que pagará “as despesas”. Sonega em seu pífio discurso, quando chamado ao debate, contudo, que “as despesas”, na verdade, serão pagas com o dinheiro do contribuinte – seja ele servidor público ou não. Desembolsando a grana via impostos ou assistindo ao Banese abrir mão de receitas, o contribuinte pagará a conta alheia, caso a operação não fuja do script governista pelas mãos dos deputados estaduais. É certo que, com maioria na Casa, seria o mesmo que o Brasil devolver o inesquecível placar de 7 x 1 à Alemanha dentro do Allianz Arena ou do Signal Iduna Park. Mas nada impossível.

Apesar desta engenharia priorizando o servidor em detrimento à coletividade, que não terá direito ao 13º, mas pagará a suposta a conta, o servidor evidencia, mesmo assim, não confiar no governo Jackson Barreto. Está mais cismado que gato em casa estranha. E, cá para nós, tem lá suas razões. É possível confiar num governo que jurou ter o dinheiro do décimo e depois emerge com essa pérola de incentivar empréstimo? É possível confiar num governo que parcela salários? Que não deu um centavo de aumento ao servidor, sequer fala no assunto e sufoca greve na Justiça?

Indago ainda indo mais fundo: é possível o conjunto da população confiar num governo que vive de empréstimos? Que não corresponde às expectativas dos professores, médicos e demais envolvidos nas duas áreas mais importantes de qualquer gestão? E quem perdeu um parente, um amigo, vítima da violência desenfreada que vive Sergipe pode confiar? Quem já desponta de casa intranquilo, por conta das estatísticas de assaltos, que evidenciam uma larga vantagem da bandidagem na disputa contra este governo, tem como confiar?

O governo argumenta ser vítima da crise econômica, que, evidentemente, existe em todo o Brasil. Lamenta a queda de recursos repassados pelo Governo Federal. Não deixa de ter sentido. Todavia, analisando estado por estado, nota-se que a competência da gestão para lidar com os momentos difíceis emite resultados distintos. O Brasil não é feito apenas do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e de Sergipe, por exemplo. Tem muito lugar onde a crise foi minimizada com competência administrativa. Criatividade. Ação. Cabeça pensante no coletivo.

A propósito, o Jackson Barreto de ontem, o da oposição, sempre ridicularizou adversários, quando, sem argumentos frente aos seus fracassos, apelavam para gestões incompetentes de outros estados. Nunca aceitou a falta de humildade para reconhecer erros.

Em Sergipe, a solução que não soluciona parece repousar apenas em desculpas pífias e em empréstimo atrás de empréstimo. Só isso. Onde está o plano B? Se não existe não seria mais digno – e até responsável, óbvio – abrir o jogo? Mudar o que já deu? Em último caso, passar a bola? O amor a Sergipe, se é que existe, não pode ficar abaixo do amor ao que já provou dar errado.

P.S. Auxiliares do governador Jackson Barreto reclamam da queda nos repasses feitos pelo Governo Federal. Perfeito. O governo petista pisa mesmo em Sergipe. Mas o próprio JB não parece muito insatisfeito com a companheira Dilma. Defende sua permanência veementemente. Certo que pela sua história política não teria coerência defender o impeachment. Mas, dado o tratamento que Sergipe recebe, poderia pelo menos ficar neutro. Argumentar que a situação caótica de Sergipe não lhe permite desviar o foco da busca de soluções. Aliás, não foi Jackson mesmo quem disse ser “falta de vergonha” tratar de política neste momento? Olha a teoria, mais uma vez, divergindo da prática… É possível não dar razão ao servidor por não confiar?

Modificado em 14/12/2015 09:45

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