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O exemplo de Déda. Um ano depois

 

Por Joedson Telles

No dia 14 de março do ano passado, postei assinado o texto que segue. Transcorriam três dias do aniversário do saudoso governador Marcelo Déda, que, se estivesse vivo, faria aniversário, nesta terça-feira 11. Na época, Déda vivia capítulos da sua luta incansável contra o câncer… Não foi da vontade de Deus prolongar seus dias neste mundinho onde lutamos contra os lobos para representar o caráter de Jesus, e Déda se foi… Decidi reproduzir, hoje, o texto na íntegra como forma de homenagear família e memória. 

Num país onde não faltam exemplos de pessoas que por problemas bem menores tiraram a própria vida ou, no mínimo, deixaram a revolta comandar, e se entregaram, largando família, amigos, carreira…, o exemplo do governador Marcelo Déda na sua luta contra o câncer precisa ser divulgado ao máximo. Servir de tema de palestras e até virar livro a perdurar gerações. Não estamos falando aqui do político Déda. Tampouco do seu governo. Mas do homem Déda. O lutador. Muito embora o status de chefe do Executivo espante a falsa impressão de que as tragédias só batem à porta do vizinho. E serve de alerta.

Apesar de viver o maior drama da sua vida, Déda não joga a toalha. Divide-se entre sessões de quimioterapia e trabalho. Nada de plagiar os covardes, fracos e se permitir deitar em berço esplêndido, aguardando o que a vida lhe reserva. Déda, não. Visivelmente abatido, castigado pelo sofrimento inerente à doença, quando Deus permite, Déda sempre opta pelo trabalho. Inclusive fora de Sergipe – como podemos atestar na foto que ilustra este texto. A imagem retrata o momento em que o governador de Sergipe, ao lado de outros gestores, discute problemas do nosso estado, do Nordeste, com líderes do Congresso Nacional. Vez por outra, está também servindo à mídia nacional ajuizando sobre as eleições presidenciais de 2014. Déda também rechaça críticas tucanas ao modo petista de governar o Brasil. Navegar no site do governo do Estado é uma forma de atestar parte da agenda que Déda insiste em cumprir – mesmo podendo, simplesmente, largar tudo nas mãos do seu vice…

… E o que dizer do Proinveste? Será que muitos políticos, acostumados a usar a saúde para desfrutar das mordomias que certos cargos oferecem, inclusive de forma imoral, estariam dispostos a travar a luta que Déda enfrentou doente para aprovar o empréstimo? Teriam cabeça para uma guerra tão acirrada em pleno tratamento da grave doença – inclusive se submetendo às sessões de quimioterapia em São Paulo?

Num dos momentos mais tocantes da fase difícil pela qual está sendo obrigado a passar, o homem Déda assumiu o lugar do político e sensibilizou os lúcidos, os da fé, quando, num recente evento em Nossa Senhora do Socorro, admitiu emocionado não saber o que Deus lhe reserva. Durante este mesmo discurso, foi às lágrimas. Normal em se tratando de uma pessoa que está no deserto – como se diz na gíria evangélica. Ainda assim se mostrou forte. Não blasfemou. Aliás, Jesus, com toda santidade e capacidade de viver em espírito, temendo a morte, chegou a perguntar: “Eli, Eli, lamá sabactâni?” Ou seja, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mateus 27:46. Depois da provação, a glória. Olha aí o exemplo do mestre Jesus.

A emoção, portanto, é algo intrínseco ao ser humano, quando testado no sofrimento. Evidente que, no seu dia-a-dia, Déda tem lá seus outros momentos que lembram o desabafo de Jesus. Mas nada que o impeça de tentar viver normalmente. Trabalhar e ser exemplo de como devemos enfrentar os nossos problemas com dignidade. Fé.

Confesso que cheguei a nutrir a lógica que se ele renunciasse ao mandato e cuidasse, exclusivamente, da saúde estaria tomando a atitude correta. A vida vale mais que mil governos. Mas estava errado. Uma reflexão me fez enxergar justamente o contrário: Déda não pode e não deve parar. Governar o Estado é parte importante no tratamento. Claro que sem excessos. É como se o trabalho dissesse a ele que a sua importante missão não acabou. Que Deus não tarda a recuperar seu soldado para a obra não parar. Todos temos missão dada por Deus. Talentos dados por Deus. E este mesmo Deus nos dá também forças para enfrentarmos os momentos adversos. Para espelhar que, para Deus, nada é impossível, e que o jogo só acaba quando o árbitro apita.

De forma um tanto atrasada, uso este modesto espaço para parabenizar o governador Marcelo Déda pela passagem do seu aniversário. Parabenizo-o pela coragem. Pelo exemplo. Pela força. E, sobretudo, pela fé que demonstra em Deus restituir sua saúde. Déda demonstra ter a certeza, a fé que Deus não falha. Nunca falhou. Nunca falhará. E como diz a Bíblia, lá em Hebreus 11:1, “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.”

P.S. Foi feita a vontade de Deus. Eterna saudade, Déda…