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“Não pode dizer que enfermeiras são utilizadas como profissionais do sexo”, diz Goretti sobre Agamenon

Já a deputada Ana Lúcia quer enquadrá-lo na “Lei Maria da Penha”

Agamenon: reação de deputadas

Por Joedson Telles 

Sentindo-se ofendida, a deputada estadual Goretti Reis (DEM), que também é enfermeira, saiu em defesa da categoria, nesta quinta-feira 29, e rechaçou veementemente as declarações do vereador Agamenon Sobral (PP) contra os profissionais da medicina na Liberdade FM. “Agrediu toda a categoria da enfermagem, como se fossem todos profissionais do sexo. Ele acusou não só o Sindicato dos Enfermeiros, mas também o Sindicato dos Médicos.Eu, como enfermeira, também me senti agredida”, disse, salientando que o vereador disse que ‘profissionais que foram contratados para trabalhar 60 horas, só trabalham 12 e uns trabalham 18, lesando o erário público. No setor de urgência são 4 médicos para trabalhar 12 horas, só que cada um só trabalha 3 horas. Se pegar 7 larga 10 da manhã, e depois vai para o motel com as enfermeiras’.

Goretti afirmou que, primeiro é preciso a denúncia que o profissional não está cumprindo com sua carga horária, já que o estatuto permite penalidades. “Diga efetivamente quem está e quem não está cumprindo com seu horário de trabalho, e aí, sim, ele pode fazer as coisas na legalidade. Ele deve fazer isso. Dar nomes, formalizar no órgão competente, e eu tenho certeza que qualquer que seja o gestor, com o reconhecimento desse fato, vai apurar e colocar a solução que cabe para cada situação. O que não pode é dizer que depois das 10 horas a enfermagem está sendo utilizada como profissionais do sexo indo para os motéis com os profissionais médicos. Ele agrediu os médicos e denegriu a enfermagem como se essa categoria fosse objeto de uso para os demais profissionais”, avalia.

A deputada do DEM observou que Agamenon vem agredindo diariamente nas emissoras de rádio. “Uma pessoa que não tem equilíbrio emocional, que não sabe se reportar. Ninguém está dizendo que não é para fiscalizar. Claro que é. Mas tem que saber como se faz a denúncia, e não estar generalizando e nem descaracterizando as pessoas de forma geral. Vou à delegacia como enfermeira, vou abrir uma queixa-crime contra injúria, difamação, todos os trabalhadores da enfermagem estão sendo orientados pelo sindicato para assim também fazer e depois, tanto individual quanto coletivamente, esses trabalhadores possam entrar com uma ação contra esse vereador”.

Goretti espera ainda que a Assembleia Legislativa encaminhe uma ação de repúdio à Câmara Municipal de Aracaju, para que lá as providências sejam tomadas pela Comissão de Ética. “Se ele tem processo, quem é ele para estar julgando, em relação a algum outro servidor? Por não ter moral para estar cobrando, ele deveria saber o que fala. Essa situação que a gente vê precisa de ação. Muitas denúncias e muitas pancadas enquanto eu estava na Secretaria de Saúde era porque não estava atendendo a todos os pedidos que ele queria. Ele fez as solicitações de colocar as pessoas que não poderiam sair”, disse, avaliando que Agamenon quer passar uma postura de moralista, mas, na prática, “não age dessa forma, e aí tem tentado cada dia mais desqualificar a imagem da pessoa. A gente sabe que de missa encomendada e que não vai aprofundar a relação. Os profissionais de saúde se sentiram agredidos por uma pessoa desqualificada.”

 

 

Ana Lúcia quer enquadrar Agamenon na ‘Maria da Penha’

 

“Quero prestar solidariedade a todos os sindicatos que estão sofrendo desde o ano passado com esse vereador. Fez com os professores, tentou com os bancários, mas aí ele escolheu parte dos profissionais da saúde e os educadores. Nos educadores, o professor Joel e o professor Roberto entraram com um processo, ele não teve como provar nada, e o juiz determinou que ele se retratasse. A interpretação é que ele tem imunidade parlamentar. Numa sociedade democrática não precisamos discutir o limite dessa imunidade nossa enquanto parlamentar. Primeiro que a dele é na jurisdição de Aracaju”, ajuizou a deputada estadual Ana Lúcia (PT).

Ana salientou ainda que Agamenon, assim como os deputados, fiscais da lei, tem que fazer procedimentos administrativos. “Eu não posso chegar num posto de saúde e não procurar a direção do posto para ver os procedimentos e a partir dos procedimentos ver a justificativa. Se o médico ou a enfermeira não está presente, cabe ao diretor ou a diretora dizer quem está de atestado médico, de férias, de licença Premium, quem falta, porque aí a pessoa vai tendo um diagnóstico. A atitude dele é a que ele lida com a revolta do senso comum”, disse.

Segundo Ana Lúcia, numa sociedade extremamente machista, onde os homens foram educados para trair as mulheres, e acham que isso é natural, na hora que Agamenon diz que médicos estão saindo com enfermeira, é um caso. “Ele generaliza e coloca que todas as enfermeiras são profissionais do sexo e que todos os médicos também são irresponsáveis e deixam o plantão para ir a um motel atender aos seus extintos naturais. Passa por aí uma questão muito séria em questão de gênero contra nós mulheres. Ele diz que tem uma pessoa que prova que aconteceu esse fato. Não é bem assim, porque ele generalizou”, disse Ana.

A deputada entende que, se Agamenon, tem responsabilidade deve pegar essa pessoa e de imediato ir ao Ministério Público, ao Conselho Regional de Enfermagem, colocar os fatos. “A pessoa testemunhar, ter confiança que está testemunhando e não terá problemas. E desqualifica as categorias que lidam diretamente com a população, e as que ele escolhe. Os profissionais do SAMU estão mais de 60 dias em greve e ele não falou nada dessa greve. Essa greve pra ele está correta. Ele escolhe qual a greve que está correta e a que não está. Ele deturpa todo papel do movimento sindical. Onde nós vamos chegar? Acho que essa Casa tem que se posicionar exigindo uma posição da Câmara de Vereadores. Ele está pregando a barbárie, e é a barbárie que nós queremos, ou queremos uma sociedade de respeito, justa, democrática, que respeita homens, mulheres, crianças e idosos?”, indagou.

Ana Lúcia denunciou que, quando funcionário da Codase, Agamenon teve seis inquéritos administrativos. “Ele chegou a ser suspenso. Ele agrediu seu chefe. Rasgou o ponto. E tem mais processos graves, que aproveito para exigir do Detran que me mande o processo que pedi a quatro meses, e pela Lei da Transparência e representante do povo eu exijo que chegue esse processo. Acho que tem que ser usada a Lei Maria da Penha porque todas nós mulheres fomos atingidas nesse momento”.

Modificado em 29/05/2014 17:05

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