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Lula lá outra vez?

Lula: estratégia política

Por Joedson Telles

Mal comparando, obviamente, o Lula é como o Flamengo: a pessoa ama ou odeia. A minoria indiferente justifica a exceção do que soa como regra. E um dos traços a justificar este sentimento bem definido pelo petista, creio, é a sua capacidade de falar sem pensar. Ou de falar o que pensa. Às vezes acaba dando no mesmo. Como agora, por exemplo, quando acaba de mandar a companheira Dilma Rousseff à guilhotina. “Mas ela já não estava ferrada?”, indagarão os mais antenados não sem razão. Sim. E o Brasil idem. Todavia, digamos que Lula está a jogar a pá de cal.

Refiro-me, evidentemente, ao discurso do Lula, testemunhado por petistas, nesta quinta-feira 29, no encontro do Diretório Nacional do PT. Lá, o ex-presidente detonou a atual usando munição da oposição. Segundo Lula, parte da crise que asfixia os brasileiros pode ser explicada pela mudança de discurso do governo da presidente Dilma em relação às promessas da campanha. Lula deixou óbvio que a companheira faz o que afirmou ao eleitor que não faria, no ano passado.

Isso mesmo. Uma espécie de “metamorfose ambulante”, como cantou Raul Seixas, enfatizando “desdizer aquilo tudo que lhe disse antes…” Ou como resume sempre a oposição: “aplicou um estelionatário eleitoral”.

Seja lá como for, com ou sem sal, o fato é que se a presidenta Dilma já anda assombrada com fantasma para rebater o discurso duro de uma oposição alucinada pelo seu impeachment, agora terá que conviver (guerrear?) com o fogo amigo. Sua cozinha arde em chamas pelas mãos do principal cozinheiro.

As apostas não são mais se Lula perdeu a esperança no governo Dilma Rousseff. Isso parece cada vez mais cristalino todas as vezes que Lula abre a boca – sobretudo para cochichar.  O dilema é saber se a melhor jogada é cravar que Lula age assim já pensando em descolar da companheira – afasta de mim este cálice – visando sucedê-la ou se, pode até sonhar em voltar a usar a faixa presidencial, mas é movido muito mais pelo sentimento de pai.

Neste caso, exercita a retórica contra Dilma numa forma de tirar o foco da operação da Polícia Federal que tem como alvos empresas de Luís Cláudio Lula da Silva, seu filho mais novo. A chamada “Operação Zelotes”, criada para investigar possíveis fraudes em julgamentos e vendas de sentenças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) o motiva.

Sobre o filho encrencado, Lula optou por politizar a questão. Misturar com a possível campanha que está em sua cabeça, assegurando que sabe muito bem enfrentar a adversidade. “Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria e, pode ficar certo, eu vou sobreviver”, falou, deixando no ar se como ex-presidente, pai de Luís Cláudio ou pré-candidato a Presidência da República, em 2018. Melhor cravar tudo junto. “Qualquer perspectiva de futuro” não seria ele sonhar com Lula lá outra vez?

Modificado em 29/10/2015 22:46

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