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Lucidez que desagrada: governista alerta para o caos que paira em Sergipe

Zezinho: Rio Grande do Sul e as aulas a Sergipe

Por Joedson Telles

Antena ligada? Saca só o que disse na tribuna da Assembleia Legislativa o deputado estadual Zezinho Guimarães, na semana passada, com muita propriedade. Depois entro em campo.

“É lamentável saber que o Rio Grande do Sul vai fazer escola nesse país. O que aconteceu lá está ocorrendo em diversos Estados brasileiros: a receita está menor que a despesa. E quando isso acontece, não tem jeito: ou corta-se na carne ou os Estados vão virar um caos”.

No gramado. Faltou ser mais direto, mas tudo bem. Damos um jeito por aqui: “Estados” é? Leia-se: Sergipe. O estado que nos interessa, com todo respeito aos demais.

O fato de ser do mesmo partido do governador Jackson Barreto, o PMDB, da cozinha do governo, portanto, creio, confere a Zezinho Guimarães mais credibilidade ainda para fazer o alerta. Em qualquer governo sério, deputado aliado que não faz a crítica construtiva passa a ser descartável. Exceto o voto, não serve mais para nada.

Mas não surpreende se na boca da serventia Zezinho receber carinhosamente a alcunha de ‘traíra’ ou coisa do tipo. Há gente no governo que parece não querer discutir a crise. Pensar na coletividade. Não teme o caos do qual Zezinho fala. Nada. Demonstra que a preocupação única é passar o cartãozinho todos os meses. E ainda faz cara feia para quem mexe na ferida.

E, assim, não duvido: Zezinho desagradou, ao falar a verdade, mesmo sendo elegante e violentando o tempo verbal.  Na verdade, Sergipe já trouxe o verbo para o presente. Que papo é esse de vai fazer escola? O Rio Grande do Sul já fez escola por aqui. As aulas são por demais conhecidas. Vão do revoltante parcelamento dos vencimentos dos servidores, passam pelo uso dos depósitos judiciais não autorizados pelos donos da grana e pelo aumento da alíquota do ICMS repassado à população, provocando desemprego, e pairam em mentes que maquinam 24 horas por dia onde buscar mais dinheiro custe o que custar e doa em quem doer.

Note-se: todas estas ações caça-níqueis, que não contam com o respaldo dos sergipanos, são, digamos, “goela a baixo”, foram adotadas também pelo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori – o Jackson deles. Do que mais se precisa para ratificar a semelhança atual entre Sergipe e Rio Grande do Sul, quando a pauta é “jogar a crise nas costas da população?” Nada, evidente. Se brincar, o aluno supera o professor…

… Após expor o caos, Zezinho Guimarães fez um apelo para que haja uma mobilização popular em torno da realização de reformas. “Que confiram à gestão dos recursos públicos, o mínimo de racionalidade, a começar pela constatação primária de que despesas não podem ser maiores que as receitas”, disse. Em outras palavras: se o governo não está sabendo lidar com a responsabilidade que o eleitor lhe transferiu, fazendo, sequer, o dever de casa, cabe ao mesmo eleitor se envolver diretamente no processo.

Evidente que, além de o deputado governista ter dito a verdade, a preocupação deve ser gigantesca com o presente e, sobretudo, com o futuro de Sergipe. Vire o governo de cabeça para baixo e, mesmo assim, será impossível encontrar ideias que minimizem o estrago, neste momento. Das sugestões ventiladas nos bastidores, torrar a Deso e até o Banese são as mais assustadoras. Alguém, todavia, acha difícil o trem estacionar neste terminal, em se tratando de um governo que já provou ser capaz de tudo, quando o assunto é entrar dinheiro na conta?

A propósito, ao soltar o verbo, Zezinho embasou-se num excelente editorial do jornal O Estado de S.Paulo, que mostra, entre outras coisas, que “se os administradores não tiverem a coragem de trazer a sociedade para fazer um diagnóstico sério, vamos ter problemas irreversíveis, como já estamos tendo nos Estados, inclusive, em Sergipe”. Não deixa de ter sentido. O difícil é acreditar que não passa de delírio: “administradores, coragem, diagnóstico sério…” Sei não. Juntar tudo isso numa só panela…

P.S. Discordo profundamente dessa tese de os nossos problemas serem irreversíveis. Nenhum problema é pujante o suficiente para sobreviver a uma gestão hábil. Sergipe voltará aos trilhos cedo ou tarde.

Modificado em 26/10/2015 06:54

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