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Em vez de defender o PT, Rogério reage contra quem observa seu silêncio

Rogério: a velha rejeição ao contraditório

Por Joedson Telles 

Na última terça-feira 27, cumprindo o dever de ofício, chamei a atenção da sociedade, sobretudo dos petistas, sobre a ausência do deputado federal Rogério Carvalho, ainda presidente do PT –  o ainda é porque Silvio Santos vem aí – para a grave acusação que o vereador Robson Viana fez contra um petista, envolvendo o governo do PT. Crime eleitoral por uso da máquina, para resumir. A reação veio do Twitter da assessoria do deputado. Vejam depois volto ao gramado.

“Caro Joedson, com todo respeito a sua pessoa, sua ‘implicância’ com @Dep_RogerioCar está ficando estranha. Todos os seus textos vc buscar colocar @dep_rogeriocar no meio até quando não tem nada a ver. Na sexta feira, vc ouviu a entrevista a @gilmarcarvalho em que rogerio disse que nao há tensões entre @jacksonbarreto_ e PT. disse ainda que é preciso que todos entendam a situação delicada tanto para o governador Marcelo Deda e @jacksonbarreto_ e da necessidade de se colocar panos quentes nessa discussão e que ele não poderia intervir em questões administrativas. tanto vc ouviu que o portal reproduziu a entrevista. Então porque essa provocação? Porque dizer que Rogério nao faz “.

No gramado. Juízo  legítimo e democrático. Mas merecedor de reparos. Se as postagens não são de conhecimento e, logo, não têm a conivência do deputado Rogério Carvalho, a coisa é mais grave do que parece. A assessoria age à revelia. Mas, supondo que ele mesmo autorizou, vamos por parte. É paradoxo em si falar em “todo o respeito” e ao mesmo tempo em “implicância, estranho” com quem está a fazer jornalismo. Se não vejamos.

No texto, observo a ausência da defesa do deputado enquanto presidente do PT frente a uma acusação de crime eleitoral. A defesa dos seus pares. Do partido. Alguém localiza nas postagens do Twitter, reproduzidas fielmente neste espaço, a tal defesa, rechaçando a acusação de crime eleitoral feita, na última segunda-feira 26, pelo vereador Robson Viana contra um petista e o governo do PT?

Note-se que a própria assessoria do deputado presidente da legenda remete à sexta, antes, portanto, das declarações que provocaram nossa reflexão neste espaço e o silêncio de Rogério Carvalho, na segunda. Claramente, na sexta, o que sua assessoria chama de defesa, vejo como uma forma escancarada de deixar claro que o deputado ou não sabe ou não quis separar o governo do partido. Sua posição de aliado do governo com sua obrigação enquanto presidente do PT.

No trecho mais enfático, na ótica da assessoria do parlamentar, é ecoado sua própria retórica: “…necessidade de se colocar panos quentes nessa discussão e que ele (leia-se Rogério Carvalho) não poderia intervir em questões administrativas”.

Bolas! Se a assessoria estiver sendo fiel ao que disse o deputado, réu confesso é pouco. Ainda que, com muita boa vontade, retardemos de segunda para sexta-feira, que esqueçamos que o clima esquentou entre um petista e Robson Viana, na Ilha FM, na última segunda, mas Rogério silenciou, nas próprias postagens não se vê uma só alusão à defesa feita ao PT. “Panos quentes?” Seria esta a defesa? O PT leva porrada e, simplesmente, fala-se em “panos quentes?” Lavar as mãos frente a acusação de crime eleitoral? É isso? A preocupação seria o PT ou outras questões políticas? Em a tese sendo esta, tais questões interessariam ao PT ou seriam de fórum íntimo do deputado presidente?

Longe de querer ser professor de ninguém ou exemplo para nada, suponho que a militância petista, quem está ou não no governo, espera do seu presidente uma reação dura contra qualquer um que agir de forma a atacar a legenda – sobretudo usando a mídia, falando em crime eleitoral. A exceção preocupante seria o petista que optasse por Rogério em detrimento ao PT. Mas petistas de verdade não abrem mão de o partido ser defendido. Daí, compreenda, internauta, a alusão à reação de Chico Buchinho – não apenas no Correio de Sergipe como  também na Ilha FM. Chico deu a cara, defendendo ele mesmo e, lógico, seu partido. Ao menos na última segunda-feira, na Ilha FM e ontem no Twiiter, ninguém atesta defesa idêntica feita por Rogério Carvalho – como um presidente tem a obrigação de fazer. Agora dizer que isto é “implicância”, que é “colocar @dep_rogeriocar no meio até quando não tem nada a ver” é, realmente, não ter argumentos persuasíveis ou não querer encarar os fatos de frente.

Sergipe não pode se tornar uma terra onde banalização soa palavra chave com o sossego cúmplice da mídia. Um lugar onde um presidente não defende seus presididos, sua instituição, e seu silêncio não chama a atenção da imprensa. Quando isto acontece, algo está fora do eixo. Se não vejamos.

É possível imaginar o Brasil ser atacado e Dilma silenciar? O flamengo ser atacado e Eduardo Bandeira de Mello silenciar? Os lojistas de Aracaju serem atacados e o senhor Samuel Schuster silenciar? O Sintese ser atacado e a professora Ângela silenciar? A Assembleia Legislativa ser atacada e a deputada Angélica Guimarães silenciar? O Sepuma ser atacado e Nivaldo silenciar? A Câmara Municipal de Aracaju ser atacada e Vinícius Porto silenciar? Os trabalhadores serem atacados e o professor Dudu da CUT silenciar? Os radialistas serem atacados e Fernando Cabral silenciar? A OAB ser atacada e Carlos Augusto silenciar?

Antes de responder o óbvio, o internauta está à vontade para apontar uma só instituição cujo presidente silenciaria frente a um ataque e isto ainda seria visto como normal. Natural. Trivial. “Implicância” do observador. Só não vale citar o PT de Sergipe. Mas qualquer outra instituição.

Pois bem, insistamos: o presidente do PT, Rogério Carvalho, não abriu a boca para defender o partido depois que um petista foi acusado de crime eleitoral dentro do governo do próprio PT. Foi isto que observei no texto de ontem neste modesto espaço e mereceu Twittadas da assessoria do deputado, legítimas e democráticas, repito. Todavia, como é vezeiro no interior, a emenda às vezes soa pior que o soneto.

P.S. Como sempre, este espaço está aberto para o presidente do PT, Rogério Carvalho, se achar necessário, defender o PT.       

P.S. 2 À assessoria e ao próprio deputado meu respeito e o espaço para o contraditório. Aos bajuladores, o desprezo pela insignificância no processo.

Modificado em 28/08/2013 11:28