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Assim como Venâncio, Samuel não encontra “ânimo” para liderar a oposição

Por Joedson Telles

Venâncio: opção por um tempo

Alegando “falta de ânimo”, depois de poucos meses e duras críticas ao Governo do Estado – sobretudo na direção do próprio governador Jackson Barreto e do secretário de Segurança Pública, Mendonça Prado -, nesta quarta-feira 4, o deputado estadual Samuel Barreto (PSL) jogou a toalha. Entregou a liderança da oposição na Assembleia Legislativa ao parlamentar Valmir Monteiro (PSC) – e prometeu passar a focar mais o que define como vida política pessoal. Leia-se: a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.

A notícia política do dia? Nem tanto. Merece destaque, evidente. Mas quem acompanha os trabalhos daquela Casa, por certo, não está surpreso. Do mesmo jeito, quem busca se informar sobre a política sergipana já esperava este desfecho. Assim como o ex-líder da oposição, o deputado estadual Venâncio Fonseca, que não verbaliza, mas deixa nas entrelinhas, Samuel anda desmotivado. Ambos parecem cansados com o que o lugar comum costuma chamar de “dar murro em ponta de faca”.

Desde a legislatura passada, Samuel e Venâncio ecoam sentimentos de uma população que se sente abandonada pelo governo que elegeu. Refém do descaso. Seja na tribuna da Assembleia Legislativa ou em setores da mídia que não se permitem dobrar o joelho para o governo, desabafos, cobranças e críticas construtivas emergiram uma atrás da outra.

É bem verdade que muitas delas foram rechaçadas, de pronto, não só por deputados governistas, como o líder da situação Francisco Gualberto (PT), mas também por auxiliares direto do governador Jackson Barreto. Todavia, em muitos momentos, aliados do governo calaram “de tristeza ou por calar”. Olha o Zé aí… Não encontraram como defender o indefensável, mesmo em se tratando de política, onde os limites do abstrato cansam qualquer lógica estúpida. Imagine o tamanho do sentido da crítica?

Não vou tentar lembrar aqui todos – ou mesmo os principais – pronunciamentos e entrevistas da dupla que desagradaram o governo. Ranzinzaram os que não respeitam o contraditório. O repertório é grande. Mas enfatizo empatia com o maltratado servidor público, o alerta sobre a voracidade com que o governo toma dinheiro emprestado como quem bebe água no deserto, a preocupação com pessoas que agonizam com câncer em momentos que o aparelho de radioterapia do Hospital João Alves sequer emite sinal de vida e, lógico, o fantasma da insegurança pautado em vários homicídios, assaltos e outros delitos de praxe em Sergipe, nos últimos anos.

Assim como Venâncio, Samuel, depois de bater muito nestas teclas, parece cansado. Precisando de um tempo para ele próprio. Não bastasse a falta de eco do governo para questões sérias tratadas pela oposição e as ingratidões da política, a inércia de uma sociedade, cuja maioria parece embrutecida, serve de combustível para o desânimo.

O filme ao qual a sociedade sergipana assiste, neste momento, não pode ser tido como algo novo. Inesperado. Samuel e Venâncio, entre outros, fizeram o alerta a tempo de evitar as primeiras imagens. O problema é que não foram levados a sério. E insistir sem reciprocidade cansa. Provoca como diz Samuel “falta de ânimo”.

 

Modificado em 04/11/2015 19:00

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