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Aberração é atirar-se ao fogo pela inocência ou culpa de Lula sem provas irrefutáveis

Lula: assunto preferido

Por Joedson Telles

Palpitante ao extremo esse assunto ressurreição política de Lula pelas mãos do juiz federal Sérgio Moro, que deveria ter evitado a chamada condução coercitiva. O termo bonito para espelhar uma prisão, digamos, amigável, sem violência ou algemas, só complicou mais as coisas num país caótico onde pensar soa sempre artigo de luxo. Durante todo o final de semana, o tema saltou as entranhas do PT, da mídia e ecoou nos lares, nas filas dos supermercados, nos táxis, nas rodas de cachaça e, sobretudo, nas redes sociais. Defensores e acusadores de Lula trabalharam e fizeram hora extra. Alguns, ridiculamente, apelando para baixarias.

O mais preocupante, contudo, é a convicção com que se coloca as duas mãos e o resto do corpo nas chamas para condenar ou absorver Lula de forma açodada. Compreensível vermos políticos em um dos dois papeis. Sobretudo político miseravelmente derrotado nas urnas que, no ostracismo, tenta pegar carona na onda Lula. Quer também ressuscitar. É do jogo. Quem tem boca fala o que quer – inclusive mentiras e baboseiras demagógicas. Mas pessoas sem interesse político partidário, pessoas até esclarecidas, graduadas e pós-graduadas julgando sem conhecimento de causa? Deprimente. Só contribui para deixar ainda mais alto o penhasco do qual o Brasil despencou pelas mãos de vários governos, não apenas os dos companheiros. Tudo que um mau político quer é uma sociedade viciada na inconsciência das regras do jogo, ecoando discursos prontos e levando equívocos às urnas a oxigenar o nocivo ao coletivo.

É preciso considerar que todos são inocentes até que se prove o contrário. Não deixar de reconhecer que não foram apresentadas, pelo menos até o momento, provas irrefutáveis contra Lula. Mas, ao mesmo tempo, há graves acusações feitas pelo Ministério Público contra o mesmo Lula, que, assim como qualquer outro mortal, não pode e não está acima das leis: deve, sim, ser investigado pelos órgãos engendrados para este fim.

E se este é o juízo lúcido, despolitizado, e se as investigações não foram concluídas ainda, emerge a indagação: como pessoas sem base alguma, desinformadas, podem assegurar que Lula é ladrão? Afiançar que é honesto? Por mais evidência que exista, ao Judiciário, mediante provas inquestionáveis e exauridas todas as instâncias para a defesa trabalhar, cabe dizer se Lula é culpado ou inocente. A lucidez implora prudência. Paciência para aguardar o desfecho. Açodamento só serve de combustível para uma cultura nociva à democracia. À inteligência. E, sobretudo, à coletividade.

P.S. Ressalvando que a tal condução coercitiva não é sinônimo de antecipação de culpa de Lula, Moro justificou ter acatado o pedido do MPF, visando evitar possíveis tumultos. Se o argumento pífio convence o internauta, respeito. Mas não comungo.

Modificado em 07/03/2016 08:11

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