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A luta dos jornalistas e radialistas por salários dignos

Por Joedson Telles

Na manhã de ontem participei de um ato feito em conjunto pelos Sindicatos  dos Jornalistas e dos Radialistas, no calçadão da Rua João Pessoa, no centro de Aracaju. O manifesto teve o apoio de outros sindicatos, da CUT e CTB. De forma pacífica, longe dos vandalismos a que assistimos nos últimos dias, quando o assunto é protesto no Brasil, o objetivo foi informar às pessoas que transitavam pelo local como jornalistas e radialistas são injustiçados pelos proprietários dos meios de comunicação em Sergipe. Felizmente, a grande maioria das pessoas optou por levar consigo a mensagem impressa em panfleto, acredito até como multiplicador da causa. Ao final do ato, pouquíssimos panfletos ou quase nenhum foram visto no chão.

Só para resumir a ópera, o piso dos jornalistas em Sergipe é de míseros R$ 1.181,28. O do radialista consegue ser ainda menor: R$ 1.032. Ou seja, a menos que a guerra seja vencida pelo trabalhador, caminhamos a passos largos para entrar no time dos que percebem um salário mínimo. Uma aberração, sobretudo quando se leva em conta a luta histórica de outros trabalhadores contra o mesmo mínimo. Apesar disto, os patrões só acenam em 7% de reajuste. Uma vergonha.

É evidente que há em Sergipe jornalistas e radialistas que ascenderam em suas carreiras e, hoje, ganham 10 ou até mais vezes os dois pisos das categorias juntos. Mas isso corresponde a minoria. São profissionais que buscaram alternativas e tiveram a bênção de Deus de os seus projetos darem certo. Trabalham muito, mas vivem com dignidade. É certo também que ainda existem aqueles que ocupam cargos de chefia – ou mesmo estão como secretário de comunicação. Mas a grande massa é obrigada a sobreviver com o micro piso que os proprietários dos meios de comunicação pagam, muitas vezes, achando que ainda estão fazendo um favor por ser o dono do meio de produção.

Nunca é demais bater na tecla que jornalistas e radialistas têm a nobre e árdua missão de deixar a sociedade bem informada sobre os variados assuntos. São profissionais imprescindíveis num país onde a corrupção é marca registrada. Aliás, se com tantas denúncias, os ladrões não se controlam – sobretudo os de terno e grava – e os escândalos pipocam cada vez mais, imagine, internauta, se não houvesse jornalistas e radialistas para denunciar os gatunos? O descaso com os serviços públicos e outras mazelas que afetam a população?

Note-se que quando não se reconhece este importante trabalho do comunicador, o valor deste profissional, tende-se, automaticamente, a enveredar-se por caminhos perigosos. Primeiro, obviamente, estimula-se as melhores cabeças a mudar de profissão em busca de melhores salários. Aliás, já na hora do vestibular, a menos que ame muito o ofício sonhado, parte-se para outra graduação. Segundo, há o risco de o profissional que não tiver ética se permitir entrar no bolso de algum político ou empresário, e deixar de fazer jornalismo público para prestar serviço a um público. Em ambos os casos, a séria e necessária informação está em xeque. Por fim, há os casos mais numerosos: jornalistas e radialistas que, como não querem (não podem?) deixar suas profissões e nem estão a venda, são jogados aos lobos: trabalham arduamente, mas percebem baixos salários. É óbvio que soa desnecessário pontuar aqui que, desta forma, opta pela barriga em detrimento à bagagem cultural que o qualificaria bem mais em prol da sociedade. Não há o milagre dos pães neste terreno.

Creio que os atos são importantes e imprescindíveis. No entanto, além de conscientizar a sociedade, denunciando a frieza dos donos dos meios de comunicação, além de buscar a empatia das pessoas mostrando que elas também são prejudicadas, é preciso estudarmos outras medidas para serem somadas à boa causa. Entre estas, acredito que, de longe, persuadir os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo – além de outros órgãos públicos, como o Tribunal de Contas do Estado – para criar um piso bem acima da mixaria paga hoje pelos veículos de comunicação seria a mais sensata. Mas um piso satisfatório. Nada de “um salário melhorzinho”. Um piso atrativo para enquadrar os veículos de comunicação. Colocar na parede: ou acompanha o mercado ou perde o profissional. Será que os veículos sobrevivem sem bons jornalistas e radialistas? Evidente que não. O empresário seria obrigado a valorizar o trabalhador, sob pena de perder espaço para um veículo concorrente.

 

P.S. O problema, contudo, estaria em comunicador sem caráter, que mesmo tendo qualidade profissional, poderia se submeter a trabalhar por qualquer mixaria. 

Modificado em 11/07/2013 11:28