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A Justiça deveria suspender todas as festas públicas até o Estado garantir segurança

Por Joedson Telles 

Vejam só o desabafo da Prefeitura de Carmópolis que desembarcou na mídia em forma de nota depois que a juíza Cláudia do Espírito Santo, em boa hora, decidiu acabar com a festa de Emancipação Política do município antes mesmo de começar, acatando o temor do Ministério Público do Estado pela segurança da população. O evento seria ontem, quinta-feira 15, e hoje, sexta-feira 16.

“A festa está suspensa. A prefeitura organizou todos os trâmites necessários e cabíveis para realizar o evento com qualidade, segurança e pontualidade, movimentando todas as secretarias responsáveis para o bom andamento da festa. Mas hoje pela manhã (quinta), somente hoje, o Ministério Público moveu uma Ação Civil Pública, processo 201572101326, para suspender a realização da festa com o argumento da não apresentação por parte da prefeitura do projeto contra incêndio e pânico ao Corpo de Bombeiros”.

O MPE, além da questão relacionada às exigências do Corpo de Bombeiros, também queria maiores esclarecimentos sobre a segurança em si. Policiamento, entende?

A propósito, presto o serviço observando as últimas notícias envolvendo segurança pública por aqui: Sergipe é o segundo estado do Nordeste em se tratando de taxa de homicídios. Os números não são do MP. Tampouco do que assina este texto. Um relatório do Ministério da Justiça (Diagnóstico dos Homicídios no Brasil: Subsídios para o Pacto Nacional pela Redução de Homicídios) oficializou o que quem reside em Sergipe já sentia na pele. Os dados assustam: são 45 assassinatos por 100 mil habitantes. Só no estado do Ceará, onde são 46,9 homicídios por 100 mil habitantes, mata-se mais.

Se a humanidade chegou ao ponto de, mesmo diante de tantas mortes, sobretudo quando há pessoas inocentes entre as vítimas, não se comover com a dor alheia, se chegamos ao ponto de o simples ato de se cogitar evitar novas festas em Sergipe até que o Estado volte a garantir segurança soa uma piada de mau gosto, pelo menos contamos com a lucidez do Judiciário, ao exigir o mínimo de segurança para evitar novas mortes ou quaisquer tipos de violência. Aliás, seria bom a Justiça suspender todas as festas públicas até o Estado garantir segurança à população.

É certo que teremos eleições municipais no ano que vem. E no país da eterna “política do pão e circo” qualquer gestor que cogite a reeleição – ou, no mínimo, tenha um candidato, algo de praxe -, sente-se frustrado em não poder realizar uma festa em seu município. Ainda que haja motivos de sobra para o impedimento.

Aliás, no fundo, todo mundo sabe disso. Não há uma pessoa tão desprovida de inteligência que acredite que Sergipe é um lugar seguro e que, portanto, qualquer evento público é sinônimo de tranquilidade. Que uma prefeitura consegue garantir a segurança que a própria Secretaria de Estado da Segurança Pública não consegue oferecer. É o trivial. O problema é que, às vezes, viajamos muito. Pecamos. Julgamos errado. E acabamos nutrindo a absurda impressão que, para algumas pessoas, um voto vale mais que qualquer coisa. Inclusive a vida.

Modificado em 16/10/2015 09:43

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