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“Cada um está fazendo seu caixinha. Às vezes, o cara não está preocupado com o governador. Não veste a camisa”, diz Robson Viana sobre auxiliares

Robson: sinceridade de amigo

Por Joedson Telles 

Depois fazer o alerta ao governador Jackson Barreto (PMDB) para abrir os olhos, sob pena de deixar o governo como o pior gestor da história de Sergipe, o deputado estadual Robson Viana (PMDB) volta emitir o sinal amarelo. O parlamentar prega um choque de gestão para que o governo possa dar respostas positivas à sociedade e não esconde o que pensa: tem gente no governo que não tem o perfil do governador. Está focada no pessoal. “Eu ouvi, esse semana, que não sabiam se foi bom quando Jackson disse que nãos seria mais candidato porque cada um está fazendo seu caixinha. Às vezes, o cara não está preocupado com a história do governador. Não veste a camisa”, diz o deputado estadual Robson Viana (PMDB), ao ser provocado sobre a possibilidade de certos auxiliares do governador estarem preocupados não com o governo em si, mas apenas com os seus próprios vencimentos. A entrevista:

A sua preocupação com o Centro de Criatividade é antiga, e, agora, chega à Assembleia Legislativa?

Desde 2011, a gente vem se preocupando com o Centro de Criatividade. Eu nasci ali, morei ali, brinquei ali na caixa d àgua, tenho vários amigos que moram ao redor do Centro de Criatividade e sei a preocupação daquela comunidade. Sabendo da situação daquele espaço cultural que é muito grande e muito importante para aquela comunidade. Na época fui até ao governador Marcelo Déda, pressionei o governador e nós conseguimos alocar recursos para fazer a reforma em 2013. Houve o São João lá, fizemos um mutirão muito grande, e, logo após o São João de 2014, a empresa que ganhou a licitação começou a fazer a obra. Infelizmente, o que acontece em várias licitações do país, a empresa aumentou o preço e não foi terminada a obra. Agora a obra está lá parada servindo de ponto de drogas, prostituição, e a comunidade tem direito de reclamar. Pelo fato de eu e o governador sermos daquele bairro, a cobrança é maior. Mas não estamos parados. Já estamos correndo atrás, conversamos com o governador. Vamos fazer um paliativo, até porque o espaço está lá aberto, não tem vigilância, melhorar a iluminação, a limpeza. A gente vai reciclar aquela obra, mas o governo não tem mais orçamento e a gente está buscando parceria. Conversei com o secretário de Turismo Adilson Júnior, ele está aberto.

As críticas feitas a sua amizade com o prefeito João Alves perpassam ao Rasgadinho. Mas o Rasgadinho é de Robson Viana ou do folião?

As pessoas estavam demorando vincular o Rasgadinho à minha amizade com o prefeito de Aracaju. O Rasgadinho está consolidado em Sergipe, é o carnaval do estado. Quando as pessoas começam a bater no Rasgadinho, estão batendo na população, no povo que, vai prestigiar o carnaval, que é gratuito, principalmente num momento desse em que as pessoas estão em dificuldade financeira. As pessoas vão ter o 13º ali para poder comprar a roupa do seu filho da escola. As pessoas precisam dividir a questão política do carnaval. O carnaval não é meu. Eu viabilizo o carnaval. Mas o carnaval é do povo de Sergipe. É preciso que a gente tenha cautela nesse momento. Vai ter carnaval independente da minha posição política ou não. Eu tive várias divergências com o ex-prefeito Edvaldo Nogueira, mas a Prefeitura de Aracaju e o Governo do Estado não deixaram de ajudar o Rasgadinho na logística. As pessoas têm que saber separar as coisas. Carnaval é carnaval, e política é política. No carnaval, eu faço questão de não dar nem entrevista, quem dá é a equipe que coordena o carnaval, até para as pessoas não vincularem política ao carnaval. O carnaval vai acontecer, nós teremos uma mídia gratuita nacional, que essas pessoas que se apresentam aqui vão divulgar também. Serão 150 atrações sergipanas, 90% do orçamento ficam no estado, e isso fomenta tudo. Esse ano, vão ter quatro eventos antes do carnaval. A cada ano que passa a gente se organiza mais ainda. Que essas pessoas entendam que devem separar política de carnaval.

Sua posição favorável a uma suposta candidatura de João Alves a reeleição, caso o PMDB não tenha candidato próprio, continua incomodando aliados. Isso muda o seu pensamento?

Tenho o mesmo pensamento. Primeiro a gente tem que passar por uma discussão dentro do partido para saber o que a gente quer para 2016, o que o PMDB pretende. Depois dessa discussão, não tendo candidatura própria, vamos procurar outro caminho. Eu tenho certeza que, a partir do próximo ano, a gente vai começar a discutir as questões de Aracaju. É política. Cada um tem a sua opinião, a gente só tem que ter respeito. Criticar é importante, mas a gente não pode perder o respeito porque quando você perde o respeito, me deixa à vontade para criticar. Tudo que está acontecendo é importante. Cada um está construindo o seu espaço, seja o PMDB, PSB, PT: está todo mundo conversando com todo mundo, até porque, no próximo ano, as coisas vão começar a afunilar e a gente vai definir, realmente, o que vai acontecer dentro do nosso partido.

Como o governador acompanha essa animosidade?

Tem uns 15 dias que eu estive com o governador, mas não conversei para saber como está a temperatura em relação a isso, mas o governador é um amigo. Ele entende o que é política. O governador reassumiu o governo, e essas coisas a gente tem que deixar para a gente. Deixe o governador pensar no governo dele e essas questões a gente deixa dentro do partido. O governador está se preparando, sabe que essas coisas acontecem porque ele já foi parlamentar. A minha preocupação, quando eu digo que o governador tem que abrir os olhos (para não deixar o governo como o pior governador da história) é para olhar diferenciado para esse primeiro ano dele. Avaliar se tem que mudar ou não. Ele é o treinador. É importante fazer uma avaliação do seu governo. Às vezes, o peso da transparência é difícil. Quando você fala a verdade as pessoas não querem ouvir. Eu sou muito transparente, sou amigo do governador. Eu acho que é meu papel. Além de ser parlamentar, eu preciso ajudar um amigo. Eu posso pecar, menos por omissão. É uma sugestão, porque o governador é ele. Quem vai modificar alguma coisa no governo é ele, se achar que tem que modificar. Às vezes, você coloca uma pessoa numa pasta e ela não rende ali, rende em outra. Faz parte da administração. É preciso que o governo tenha a cara do seu comandante e eu acho que ainda não tem. Jackson é uma pessoa sensível, que gosta de abraçar as pessoas, de ouvir, porque ele construiu sua história assim. É preciso que as pessoas que estão no governo tenham essa mesma linha.

Robson fala por ele ou ecoa um sentimento das ruas?

Eu estou ouvindo as ruas. Às vezes, um auxiliar do governo não tem a oportunidade de estar ouvindo e a gente tem que estar passando o que está acontecendo não só em Aracaju, mas em todo estado. Todo final de semana, eu tenho reuniões nos municípios, ouvindo companheiros que foram para as ruas ano passado, que acreditam nesse projeto. Eu tenho certeza que a gente vai superar, se organizar, para que a gente não possa ter uma avaliação ruim, e eu tenho certeza que, pela história de Jackson, ele tem que sair com sua história bonita como sempre foi e a gente está à disposição sempre auxiliando para que ele possa fazer um bom governo.

Há quem pense como Robson Viana dentro do governo, mas não tem coragem de dizer isso ao governador?

Às vezes, não tem coragem, e às vezes acesso. Eu recebo muitas ligações em relação a isso, e se recebo é porque as coisas não estão funcionando direito. Eu acho que o governador, mesmo em casa, tem acompanhado. Jackson é uma pessoa inteligente, que entende muito de política. Eu agradeço a ele tudo que hoje eu sei de política, uma pessoa que a gente está ligado há 27 anos. Quem imaginar que Jackson não está acompanhando… Ele está. O que a gente não quer é levar preocupação para o governador nesse momento. Quando ele assumir o governo, e ver parte por parte de cada auxiliar seu, ele vai conversar e a gente está sempre à disposição dele. Algumas pessoas têm uma visão, outros têm que acordar em relação à sua pasta. Eu tenho que chegar em casa e fazer uma auto crítica. Será que foi um ano bom para mim? Eu acho que a gente faz isso no dia a dia. É preciso que as pessoas que conhecem o perfil de Jackson façam essa avaliação, e, no próximo ano, o governador vai resolver o que vai fazer nesse governo.

O que o Jackson da oposição diria para esse Jackson governador, hoje?

Eu tenho certeza que ele diria que precisa melhorar. A gente sabe da dificuldade do governo. A dificuldade econômica, a questão do Fundo de Participação dos Estados que vai caindo a cada mês. É muito bom ser gestor e ter o dinheiro sobrando. Mas no momento de crise tem que usar a criatividade. O auxiliar tem que saber se articular nas dificuldades. É aí onde se vê a competência do gestor. É muito bom estar numa pasta com o orçamento altíssimo. É preciso usar a criatividade. O governador tem dito isso. Estou aqui para ajudar e orientar, é tanto que nesses encontros nos municípios eu vou fazer um relatório e entregar ao governador para ele sentir como está o clima no interior. A gente tem reclamação de Umbaúba em relação à citricultura, estradas. A gente faz uma mesa redonda e anota tudo. Eu aprendi isso com ele, porque quando ele era deputado federal ele fazia isso e passava para o governador, e fez isso como vice-governador de Déda.

Há quem diga que tem gente no governo que só se preocupa com o próprio vencimento. Robson escuta isso nas ruas?

Muito, até de jornalistas também (dizem isso). Eu ouvi, esse semana, que não sabiam se foi bom quando Jackson disse que nãos seria mais candidato porque cada um está fazendo seu caixinha. Às vezes, o cara não está preocupado com a história do governador. Não veste a camisa. Às vezes, você chama (nomeia) um auxiliar, mas não foi aquele que estava na rua, que participou da eleição, não conhece o pessoal do interior. Está certo que o secretário tem suas obrigações, mas tire um dia para ver como está o termômetro nos municípios. O perfil do secretariado de Déda era um. O perfil do comandante. Cada um tem um estilo. As pessoas têm que começar a se acostumar com o estilo de Jackson, porque não estão ainda. É preciso que a gente tenha responsabilidade, até porque a gente foi eleito pelo povo de Sergipe. Enquanto eu estiver como deputado e amigo, vou lutar para que Jackson saia com sua história perfeita. A gente vem lutando há 20 anos para Jackson ser governador, que foi na eleição de 94, eu estava lá. Jackson e João Alves são duas pessoas que têm um poder de recuperação muito grande.

Neste tem em que esteve fora do governo, Jackson descobriu quem é quem?

Não tenha dúvida. Foi um momento difícil e bom ao mesmo tempo. É um momento bom para ele reavaliar algumas coisas. Fará uma reunião com seu secretariado para viabilizar o mandato no próximo ano.

Se Robson Viana fosse o governador em quantas pastas mexeria?

É difícil falar, até porque eu não acompanho todas as pastas do governo, mas eu acho que o governador, pela inteligência dele, sabe onde mexer, ou trocar. Todos que estão aí fazem parte do gruo político.  São indicações políticas dos partidos. Quando se tira um, tem que colocar no lugar. Eu sei que o governador pode ter dificuldade, mas Jackson tem que se preocupar com a história dele. No primeiro ano, com a pressão de um ou outro partido, acaba-se tomando posições sem pensar direito porque o partido está pressionando para colocar o seu espaço. No próximo ano, com o tempo que ele vai ter agora, conversando com os companheiros do agrupamento, começar a viabilizar e mudar algumas questões dentro do grupo político. Eu acho que as pessoas devem ter amadurecimento. Entender que a gente precisa ter um choque de gestão. Os partidos têm que entender isso também. É um momento de ceder. Todo mundo está no mesmo barco. Se o barco afundar, a funda todo mundo. Não é só o governador. Mas as pessoas reclamam do governador, e não de quem indicou. É preciso que a gente tenha essa responsabilidade e visão. Tem que ter consciência que a gente precisa avançar mais em algumas pastas. É preciso ter uma conversa com vários partidos porque foram eles que indicaram esses auxiliares. Mas Jackson é muito bom, muito habilidoso nisso. Eu tenho certeza absoluta que os partidos terão esse entendimento.

O deputado Zezinho Guimarães fez um convite para o deputado Samuel Barreto ingressar no PMDB. Robson faz também esse convite?

O que eu tenho a dizer a Samuel é que seja bem vindo ao partido. A gente não tem que vetar ninguém. Samuel tem o trabalho dele em Aracaju e em Sergipe. Eu não vejo nenhum impedimento em relação a isso. Jackson também é amigo de Samuel. A gente tem divergências políticas, é normal. Se Samuel quiser vim para o PMDB, o partido está de braços abertos.

Modificado em 16/11/2015 09:34

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