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Uma oposição dispersa a velar o fogo “amigo”

Por Joedson Telles  

Se o senador Eduardo Amorim não quer passar à população a ideia que só lidera a oposição da boca pra fora, mas, na prática, apenas faz parte de um grupo ambíguo e disperso, cuja única afinidade é o desejo de vingança contra o governador Jackson Barreto, precisa reunir o bloco já. Perdão. Melhor colocando: nem todos estão querendo vingança. O deputado André Moura, por exemplo, deixou de fazer oposição aos governos de Jackson e Edvaldo faz tempo… Mas é imperioso Eduardo sentar à mesa com o agrupamento, começar a discutir 2018 democraticamente, apontar saídas e unificar os discursos. 

A persistir o script, cada um para o seu lado nas andanças pelo interior, nada de reunião, discursos e ideias desencontradas e, sobretudo, troca de farpas desnecessárias, o fogo “amigo” que de amigo não tem nada, o marqueteiro Carlos Cauê, o carrasco do outro lado da rua, poderá se permitir ao luxo de tirar férias, ano que vem, em pleno ano eleitoral. Encontrar inspiração para seus belos poemas em terras longínquas. Não fará a menor falta. É bíblico: “…Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir” (Mateus 12:25).

O senador Eduardo Amorim sugere a chapa dos seus sonhos sem que o grupo sequer tenha conhecimento prévio quanto mais discutido e opinado. Valadares, mesmo ocupando duas vagas na majoritária, se esquiva de pronto. Só trata o assunto ano que vem. Venâncio grita que não aceitará chapa nepotista goela a baixo. Por sua vez, Eduardo coloca em xeque a postura de Venâncio enquanto político de oposição. Venâncio devolve e diz que sempre esteve onde estar. André Moura, miseravelmente excluído da suposta chapa, também não foi consultado. Perde tempo alfinetando o senador Valadares, que devolve na mesma intensidade com essa história de defesa contra ataques governistas. Eis um 3 x 4 da oposição.

Aliás, esta amizade de gabinete aberto entre André Moura, Jackson Barreto e Edvaldo Nogueira nunca teve o aval do senador Valadares. Ele pode não externar publicamente, mas não gostou de ver JB nos braços de André em Brasília. Aliás, nem viu. Não se somou à bancada quando da primeira visita de JB a André. A eleição 2016 ainda está vivíssima na mente do PSB. Evidente que Valadares não é contra André ajudar Sergipe, mas acha que isso pode (e deveria) ser feito sem tanta aproximação com quem nunca economizou nos verbos para atingir o grupo, sobretudo o próprio André.

E, assim, o grupo segue, paradoxalmente, com ações isoladas das principais lideranças: enquanto Eduardo antecipa chapa sem ouvir ninguém, Valadares alimenta a animosidade com Jackson Barreto, via imprensa e redes sociais, e André Moura vive a agonia de um presidente denunciado, desgastado e com fama de golpista. É cada um cuidando da própria vida “sem perceber” que o grupo agoniza. Sem falar que Edivan Amorim, que já carregou a fama de cabeça pensante do grupo, anda desconectado. Não dá sinais de vida nem para criticar o governo adversário. Georgeo Passos, o jovem e preparado deputado, está na Assembleia Legislativa fazendo um trabalho qualificado de oposição ao governo Jackson Barreto. Indague-o, contudo, quantas vezes já se reuniu com Eduardo Amorim, Valadares e André Moura para discutir o seu importante papel?

Por outro lado, mesmo com todo este desgaste que paira na gestão Jackson Barreto, o candidato governista pode vencer o pleito favorecido pelo chamado WO. Beneficiado pelo bater de cabeça dos adversários. E, assim, manter uma hegemonia prestes a completar 12 anos, a contar do momento em que o saudoso Marcelo Déda derrubou João Alves Filho da cadeira de governador, em outubro de 2006.

O diagnóstico não é um chute. Tampouco uma praga. Muito menos uma forma de torcer por um dos lados. Nada disso. O fato é que, desunida, sem falar a mesma língua, a oposição não perpassa a confiança que os possíveis multiplicadores – leia-se demais políticos envolvidos no processo – precisam para cair em campo e conquistar votos.

Já viram filme parecido. Mas a derrota para Jackson Barreto, em 2014, parece que não serviu de exemplo. Se ali equívocos amadores afastaram aliados do meio do caminho pra frente, minando votos do então candidato Eduardo Amorim, hoje, os erros têm açodamento. Afloraram antes mesmo de o ano eleitoral emergir.

Tempo existe para evitar a nova derrota, que poderia, inclusive, assinar aposentadoria. Mesmo atabalhoada, a oposição, como já lembrado aqui, está bem nas pesquisas. A menos que o quadro mude, enfrentará o candidato de um governo que tem deixado a desejar. O problema é saber se interessa deixar os interesses pessoais e a vaidade à margem e focar num projeto de grupo que seja bom também para Sergipe.

Modificado em 01/02/2018 07:22

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