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“Temos uma falta de liderança administrativa na Prefeitura de Aracaju, e de gestão propriamente dita. Falta comando”

Juízo é de Valadares Filho. “Um secretário não fala com o outro, tem ciúme do outro”

Valadares Filho: pregando renovação

Por Joedson Telles

O deputado federal e pré-candidato a prefeito de Aracaju Valadares Filho (PSB) enxerga como legítimo e natural o apoio político do governador Jackson Barreto (PMDB) ao pré-candidato do seu partido, Zezinho Sobral. Empolgado com o projeto do PSB, Valadares Filho, entretanto, não demonstrar a intenção de recuar e apoiar o PMDB – ainda que o governador trabalhe pela unidade. “O PSB irá buscar fortalecer a sua pré-candidatura, o projeto de renovar Aracaju, de colocar uma nova geração governando a nossa cidade para um melhor futuro dos aracajuanos e vamos buscar alianças, conversar com partidos para que a gente possa estar cada vez mais fortalecido, e o mais importante de tudo, dialogar com a sociedade”, diz, ressaltando a importância de o PSB manter vivo o compromisso de renovar Aracaju. “Uma cidade que precisa de uma equipe que esteja unida no mesmo objetivo. Infelizmente, a gente não vê isso. A gente vê uma secretaria cuidando de uma coisa, a outra de desfaz do que aquela outra fez, a outra não tem unidade, um secretário não fala com o outro, tem ciúme do outro. Temos hoje uma falta de liderança administrativa na Prefeitura de Aracaju, e de gestão propriamente dita. Falta comando.” A entrevista:

O que o levou a votar a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff?

O que eu disse no momento da votação: pensando no melhor para o Brasil. O Brasil vive um momento de recessão, de crise econômica, de grande grau de desempregados, de diminuição de poder aquisitivo das pessoas mais pobres e a incapacidade completa da presidente Dilma de liderar um governo que possa superar essa grave crise que afeta a nação. Outro ponto foi a questão constitucional, jurídica, que debatemos na Câmara. Houve um crime de responsabilidade aprovado na comissão especial, através do relatório do deputado Jovair Arantes para que a gente pudesse ter pelo menos a oportunidade de abertura do processo. Que seja julgado pelo Senado. Ficou claro isso no relatório, no sentimento da Casa, também foi orientação do nosso partido para que tivéssemos a posição de votar favorável ao impedimento. Votei com a minha consciência, sabendo que aquilo era melhor para o Brasil, a gente poder ter uma nova perspectiva para a nação, que a gente tenha a possibilidade de ver que nenhum presidente está alheio ao julgamento do Congresso Nacional. Tudo que fizemos na Câmara foi através do rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal. Nós temos a possibilidade de ter a  consciência tranquila de que votamos no melhor para o Brasil e respeitando a nossa constituição e o regimento interno da Casa.

Qual o sentimento no Senado sobre o impeachment?

Eu acho que o Senado irá aprovar a abertura do processo da presidenta Dilma, até porque houve uma decisão bem significativa da Câmara, não creio que o Senado não queira respeitar isso. Vejo que o sentimento é de que até o meio de maio seja aprovada a abertura do processo.

Recentemente, manifestantes favoráveis a Dilma visitaram a casa do deputado André Moura. O senhor acha que teria que ter mais segurança para os parlamentares?

Eu acho que isso é legítimo. Se você faz com respeito, de forma ordeira, sem depredação, é legítimo o movimento pró e contra o impeachment se colocarem cobrando os parlamentares. Quando se faz respeitando o ser humano, respeitando o mandato parlamentar, respeitando as posições de cada um, fazendo uma cobrança legítima, ideológica de cada um, isso é legítimo. Agora, que seja pacífico. Sem atirar pedra, de forma respeitosa, e possa compreender a opinião do outro, até porque se você não compreende a opinião do outro, você não está sendo democrático.

O senhor sente que votou de acordo com o sentimento da população?

Sem dúvida. Eu tenho andado muito em Aracaju, também fui ao interior do estado, e a gente sente os anseios da sociedade por um novo momento. As famílias brasileiras não suportam mais o momento que vive o país. Empresas fechando, desemprego aumentando, os mais pobres ficando mais pobres. Se a gente não tiver esse tipo de preocupação e dar uma nova guinada ao Brasil a gente entra num buraco sem fim, e nenhum de nós queremos isso. Então, eu vejo a população brasileira, sergipana, apoiar em sua maioria o impeachment com a esperança de um novo momento. O impeachment está na Constituição brasileira, o Supremo Tribunal Federal acompanhou de perto e elaborou o rito que foi todo feito na Câmara e agora no Senado.

Petistas e aliados criticam sua posição e jogam em rosto o apoio dado à sua candidatura a prefeito de Aracaju, em 2012. Como avalia esta cobrança?

O mandato está acima de qualquer acordo político, de qualquer reciprocidade política. O futuro do Brasil está acima disso tudo. Eu votei pensando muito no futuro do Brasil nesse momento de muita dificuldade. Eu tenho muito respeito por aqueles que fazem o PT em Sergipe. Já estivemos juntos diversas vezes, apoiamos candidaturas do PT em muitas ocasiões. O PT nos apoio em 2012. Sempre houve uma reciprocidade. Não foi o trabalho só de uma mão. Não foi só o PT que apoiou o PSB, mas o PSB também apoiou o PT em alguns projetos em Sergipe do saudoso e grande homem público Marcelo Déda, que sempre honrou o voto dos sergipanos e o apoio do PSB aos seus projetos políticos. Mas estamos fora do Governo Federal desde 2013. Nós notamos um projeto alternativo para o país com a candidatura de Eduardo Campos porque achávamos já naquele momento que a condução da política econômica de Dilma iria levar o país ao caos como está vivendo. Com o falecimento trágico de Eduardo Campos nós continuamos com esse projeto alternativo através de Marina Silva, e no segundo turno houve um apoio formal do PSB a candidatura do Aécio. Não votamos em Dilma nem no segundo turno, mostrando que já em 2013 o PSB se distanciava do projeto nacional do PT por discordar de seu projeto administrativo, que já estava fazendo naquela época. Eu acho legitimo as opiniões divergentes, a gente ter a possibilidade de ter opiniões contrárias, mas acho que temos que respeitar as decisões partidárias, os mandatos parlamentares eleitos pela nossa sociedade  e respeitar aqueles que pensam o melhor para o Brasil.

E as declarações de Rogério Carvalho envolvendo seu nome e o de Eliane Aquino? O que houve, na verdade?

Houve um mal entendido e a tentativa de tirar proveito político de uma situação que não existiu. Sergipe e Eliane sabem do respeito que eu tenho por ela. Amizade, carinho, uma mulher muito capacitada, uma mulher coerente com suas próprias convicções, que ajudou muito Déda a governar Sergipe, nossa cidade. Sem dúvida, Déda, pelo brilhante homem público que foi, teve ao seu lado uma mulher que foi Eliane. Tentaram tirar proveito político de uma coisa que não aconteceu.

Isso pode inviabilizar uma aliança PSB/PT?

Eu acho que nesse momento é natural que os partidos procurem os seus caminhos. O PSB tem buscado fortalecer cada vez mais a nossa pré-candidatura conversando com diversos segmentos da sociedade, conversando com partidos políticos. Da mesma forma, é legítimo que o PT faça o mesmo.

Mas há possibilidade de uma aliança PSB/PT?

Todos sabem que com a posição nacional do PSB, naturalmente, há um afastamento do PT, mas o afastamento que o PSB tem do PT não tira o respeito a todos que fazem o PT de Sergipe.

O PC do B também foi duro com o PSB. Surpreendeu?

Estou estranhando um pouco a posição do PC do B porque ele não está sendo duro só com o PSB, mas está sendo duro com o PMDB, com muita gente. Eu acho que um partido com a história do PC do B, um partido que também respeito muito, tenho muitos amigos no PC do B, tem que focar se o projeto é o melhor para Aracaju, e não ficar preocupado com outras pré-candidaturas, não opinar sobre a decisão de outros partidos. Os partidos políticos têm independência de tomar suas decisões, de montar os seus projetos, de fortalecer suas pré-candidaturas. Eu creio que o PC do B deveria se importar um pouco mais com Aracaju e menos com partidos aliados e outras pré-candidaturas.

A tese do ex-vereador Elber Batalha, que o PC do B caminha para o isolamento, é também do PSB?

Não é uma tese só do PSB: é uma tese da sociedade aracajuana e de todos os partidos políticos. Eu acho que essa tese de que só é bom o seu projeto, não é bom o projeto do outro, e por isso tem que apoiar obrigatoriamente, não só transparece um pouco de vaidade pessoal como também a incapacidade de saber aglutinar uma candidatura. Eu acho que com a história que tem o PC do B espero que eles façam essa auto-avaliação que o importante é termos um grande projeto para governar a cidade. Espero que o PC do B possa se concentrar nisso e menos com os partidos.

O PSB ainda sonha com o apoio de Jackson Barreto?

Eu tenho uma relação muito boa com Jackson, mas eu acho legítimo o PMDB ter candidatura própria – a construção da pré-candidatura de Zezinho Sobral. O PSB não se oporá a isso. O PSB irá buscar fortalecer a sua pré-candidatura, o projeto de renovar Aracaju, de colocar uma nova geração governando a nossa cidade para um melhor futuro dos aracajuanos e vamos buscar alianças, conversar com partidos para que a gente possa estar cada vez mais fortalecido, e o mais importante de tudo, dialogar com a sociedade.

O PSC vem conversando com o PSB?

Eu sempre tive uma relação pessoal com o senador Eduardo Amorim, com Edivan Amorim, com o próprio deputado André Moura. Logicamente, quando eu e André nos encontramos nos corredores da Câmara, a gente conversa não só sobre Aracaju, mas sobre a política de Sergipe e nacional. Sempre tivemos uma relação que nos dá essa abertura, mas ainda não tivemos uma conversa sobre Aracaju, mas é um agrupamento político que eu respeito muito. Eu acho que na eleição de Aracaju as alianças estão muito abertas. Todas sãs possibilidades estão abertas.

Como avalia o momento atual da Prefeitura de Aracaju?

Um momento muito complicado. A gente vê uma administração muito aquém das expectativas da nossa sociedade. Um prefeito sem muito apetite para administrar. Aracaju abandonada, uma cidade sem a segurança da presença da administração municipal. Por isso que as pessoas demonstram cada vez mais que querem oportunizar uma nova geração, querem oportunizar as novas ideias, uma renovação para que possa de uma vez por todas demonstrar o sentimento real do sentimento do que é governar. Governar é cuidar da cidade, estar presente nos bairros. Se preocupar com as famílias aracajuanas. Ter uma administração unida com o mesmo objetivo que é poder melhorar a vida das pessoas. O que a gente vê hoje é totalmente o contrário. Eu tenho andado muito em Aracaju, tenho visitado muitos bairros, visitado muitas lideranças, o povo em si. Eu tenho dito que nosso programa de governos era elaborado com pessoas que possam contribuir, que entendam da cidade, mas será um programa de governo construído ouvindo as pessoas. Quando a gente conversa olho no olho com o aracajuano a gente sente um total desânimo com aquilo que possa acontecer com a atual gestão municipal. Eu falo isso com muita tristeza porque quem sente com isso é o povo aracajuano.

Qual a maior grita da sociedade?

É o abandono dos bairros e a organização da cidade. A cidade não está conseguindo manter serviços básicos, como a limpeza. A limpeza é serviço básico de qualquer gestão pública e nem isso está conseguido. Você não sente um planejamento do trânsito, da saúde, educacional, das obras que muitas estão paralisadas. Você não sente a continuidade desse trabalho. Alguns tipos de trabalho se iniciam e ficam paralisados. Outros nem se iniciam. Está faltando a administração de Aracaju estar sintonizada com a modernidade administrativa de hoje e depois estar sintonizada com o povo. A administração de Aracaju, hoje, não tem o sentimento da cidade, e quem não tem o sentimento da cidade dificilmente consegue resolver os problemas.

Isso pode ser atribuído à crise econômica?

A crise pode ter atrapalhado muitos estados, mas dizer que a crise é a principal responsável por uma péssima gestão como é a de Aracaju, isso não é verdade. Temos hoje cidades importantes como Maceió, Recife, Salvador, que são cidades que também passam pelo mesmo problema de crise econômica que enfrenta o país, mas são cidades muito bem avaliadas, que conseguem resolver os problemas da cidade, que consegue fazer pequenas obras, que tem melhorado a qualidade de vida dessas cidades. Nós não podemos achar que Aracaju é uma ilha no meio do Brasil. É uma capital como qualquer outra que precisa de criatividade em busca de recursos, de projetos interessantes para conseguir convênios para obras estruturantes. Uma cidade que precisa de organização, gestão. Uma cidade que precisa de uma equipe que esteja unida no mesmo objetivo. Infelizmente, a gente não vê isso. A gente vê uma secretaria cuidando de uma coisa, a outra de desfaz do que aquela outra fez, a outra não tem unidade, um secretário não fala com o outro, tem ciúme do outro. Temos hoje uma falta de liderança administrativa na Prefeitura de Aracaju e de gestão propriamente dita. Falta comando. Ele (o prefeito) mesmo tem mostrado falta de apetite em se reciclar, em estar aberto ao diálogo, em estar presente nos bairros. Isso tem sido demonstrado a cada dia.

O prefeito João Alves argumenta que muita coisa não pode ser feita por causa de dívidas deixadas por Edvaldo Nogueira, que por sua vez, diz que deixou dinheiro em caixa. E agora?

A sociedade deve estar olhando. Um dizendo que a culpa é do outro. É por isso que estou muito animado com a renovação política e a oportunidade que Aracaju quer dar a uma nova geração. Justamente para acabar com esse Vasco x Flamengo, Palmeiras x Corinthians, que fica um jogando para o outro. A sociedade está cansada disso. Quer solução, uma administração prática. Que deixa a cidade limpa, estar presente nos bairros, que a saúde funcione, que a educação esteja na pauta prioritária, que possa melhorar o transporte, o trânsito, uma administração que possa deixar a cidade a contento da população. Que as pessoas possam se sentir prazerosas de morar em Aracaju. A gente tem sentido uma pouco dessa auto-estima do aracajuano em morar na cidade por ver esse abandono. A gente está muito focado nisso.  Nosso programa de governo será muito enxuto, muito sensato para aquilo que a gente quer para o futuro da cidade. Será um programa de governo que a gente vai detalhar os problemas, apontar as soluções e fazer com que as pessoas confiem que nós vamos resolver os problemas. O povo está cansado de prometerem mundos e fundos e depois da eleição essas promessas. Essa prática de prometer só para vencer eleição tem que acabar. Por isso que aquilo que vamos debater na campanha eleitoral é um programa de governo muito realista com o momento econômico que vive o país, muito eficaz naquilo que a cidade quer. Será um programa de governo com uma objetividade clara de melhorar a vida dos aracajuanos, de ter a prefeitura presente em todos os bairros da cidade.

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