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Solidariedade a Eduardo Abril. Um animal não o ofenderia tanto

Por Joedson Telles

Nick: um exemplo

Um cidadão, cujo nome prefiro não mencionar neste modesto espaço, sob pena de dar-lhe mais minutos de fama, está a envergonhar o povo sério, inteligente e, sobretudo, trabalhador de Itabaiana, que, num lapso, o elegeu vereador do município. O cidadão ganhou notoriedade naquela cidade e em Aracaju por se referir ao radialista Eduardo Abril como aleijado. Caranguejo e, segundo o próprio Abril, ter dito em alto e bom som que gostaria de vê-lo morto. Com alma no inferno e tudo o mais. Percebam que a agressão não foi apenas contra Eduardo Abril, mas atinge todos os deficientes e, óbvio, as pessoas de bem que não concordam com preconceito.

Evidente que o fato de ser chamado em aleijado em si não quer dizer nada no terreno pejorativo, ao menos para pessoas inteligentes e que não dão vez ao preconceito em sua visão de mundo. Primam pelo respeito. Até porque sabem que aleijado não é sinônimo de meliante. Não se trata de um adjetivo que define negativamente ninguém. Muito menos reza que quem porta uma deficiência seja inferior aos demais cidadãos. Nada disso. Conheço de perto, e  sei também de casos à distância, de pessoas que convivem com isso tranquilamente sem ter para si ou gerar problemas para terceiros. Ótimos pagadores de impostos e excelentes no ofício que abraçaram para ganhar a vida.

Não precisamos recorrer ao autor do livro “Uma vida sem limites”, Nick Vujicic, que nasceu sem os membros superiores e inferiores, mas nem por isso deixa de percorrer um mundo ensinando a pessoas normais que viver vale a pena. Eduardo Abril é um extraordinário radialista. Serve de exemplo. Não o escuto mais, já que ele trabalha em Itabaiana, e eu resido na capital. Todavia, quando ele trabalhava em Aracaju, testemunhei que só incomodava quem fosse de encontro aos interesses da sociedade, como manda o bom jornalismo. Andou certo, não caia em sua língua. Marcou época, sobretudo na FM Sergipe.

Por este perfil, inclusive, ao contrário do que pensa o vereador preconceituoso, Eduardo Abril é um exemplo a ser seguido. Sem culpa do que a vida lhe ofertou, foi vítima de um AVC – algo que ninguém, repita-se, ninguém, está livre. Mas nem por isso entregou-se. Continua trabalhando normalmente como qualquer pessoa de bem.

Creio que se há doença a envergonhar, a ser vista como problema e até um sinal para que pessoas de bem tenham cuidado e se afastem dos portadores está não é uma deficiência física, mas mental. E mental aqui vai no sentido exclusivo de definir uma mente pronta para ofender, machucar, agredir verbalmente e, chegando ao fundo do poço, usar uma provação imposta pela vida como ferramenta de humilhação.

Olha, caro internauta, amo ser jornalista. Não trocaria minha profissão por nenhuma – mesmo admirando e respeitando outros ofícios. Mas ser jornalista, lidar com fatos, desmascarar bandidos de gravata, entre outras coisas, é um privilégios. Realiza. Todavia, notícias como a que estamos a analisar, transforma o nosso prazeroso trabalho em uma obrigação  – dado o nojo que passamos a sentir do assunto.

Comentei o assunto como forma de me solidarizar com Eduardo Abril. Não o conheço pessoalmente, mas também não precisaria para demonstrar que, em certos momentos, qualquer pessoa de bem tem vergonha da raça humana. Exagero? Aponte um animal irracional que já tenha usado um problema físico de outro para tentar humilhá-lo. Minha solidariedade a Eduardo Abril. Por certo, nem um animal o ofenderia tanto.

 

P.S. A coragem e lealdade de Eduardo Abril, ao arriscar a pele, assumindo o microfone de uma rádio 24h e ficando ao lado de Gilmar Carvalho, quando este foi preso, é um 3 x 4 do homem que foi agredido covardemente pelo vereador preconceituoso.

 

Modificado em 08/05/2013 08:15

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