body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

Quando o compadre Lula aflora a incoerência de aliados contra Eduardo Amorim

Lula: despercebido para certos jornalistas

Por Joedson Telles

Com o título “Oposição vê ida de Lula ao palanque como sinal da impopularidade de Dilma”, uma matéria postada no site do jornal Correio Braziliense, na segunda-feira 30, mostra o ex-presidente petista, com a naturalidade de quem usa o controle remoto em busca do vizinho canal HD para ter uma melhor imagem, assegurando que fará campanha – repita-se, campanha e não pré-campanha- nos locais onde a presidente Dilma Rousseff não estiver, visando garantir Lula lá por 16 anos seguidos. Evidente, e não poderia ser diferente, Lula não quer largar o filé – ainda que o tenha por tabela no governo Dilma. Veja o trecho da matéria do Correio, o de Brasília, depois entro em campo.

A disposição exibida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em atuar como cabo eleitoral da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014 foi vista, entre os partidos que se colocarão no lado oposto da presidente na disputa pelo Palácio do Planalto, como uma demonstração de que ela não se reelegerá sem recorrer à popularidade do ex-presidente. “A Dilma, como candidata, não tem os atributos que o Lula tem”, avaliou o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF) — um dos principais defensores do lançamento da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ao Palácio do Planalto. Ao Correio, Lula afirmou que queria ser a “metamorfose ambulante” de Dilma. “Estou disposto. Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, vou para o Sudeste”, disse o ex-presidente.

“Nem a economia está boa, como estava em 2010, nem a candidata Dilma tem a desenvoltura do ex-presidente Lula. Isso indica que teremos uma eleição difícil, que só será decidida no segundo turno”, avaliou Rollemberg. Líder do governo na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) defendeu a atuação de Lula como cabo eleitoral de Dilma. “Quando ele se dispõe a participar da campanha, ele está reiterando a confiança que tem nela e no governo”, argumentou Chinaglia.

No gramado. Pagaria para ver algum deputado levar uma cópia da citada matéria do Correio Braziliense à tribuna da Assembleia Legislativa, onde o senador Eduardo Amorim foi atacado sob a acusação de crime eleitoral, para um salutar debate governistas x oposição.

Não tiro a razão dos adversários do senador: desde que o nível não seja rasteiro, adversário tem a obrigação de tentar desgastar adversário. É do jogo. Todavia, em tempos de blogs, sites, Twitter, Facebook e outras ferramentas parecidas fechar os olhos para os passos dos próprios aliados, e atirar objetos no telhado alheio, requer uma coragem desmedida. Como olhar no olho do eleitor e dizer que campanha fora hora é exclusividade do compadre Lula, cuja entrevista vale um livro sobre o tema?

Num momento em que a velha retórica do “só nós temos razão e somos corretos” tenta voltar à cena, num estado onde, ironicamente, parte da mídia bate na oposição e aplaude o governo, sejam quais forem as ações de ambos, em boa hora eis que surge um Lula assumido-se como cabo eleitoral de uma presidente já candidata. Desconhecer a incoerência é apostar em demasia na ausência de inteligência alheia. Entretanto, não será surpresa alguma se o silêncio imperar. Se jornalistas que atacaram o senador sergipano, mesmo o evento da sexta-feira não falando em candidatura, mas em pré-candidatura, sequer mencionarem que Lula extrapolou. Ou na melhor das hipóteses mostrou mais astúcia que os sergipanos. Uma astúcia que falta a alguns em Sergipe para discernir ética política com incoerência em benefício próprio.

Modificado em 01/10/2013 09:38