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Professores: arrocho salarial e riscos na sala de aula, lamenta Dudu

“Nós operários e operárias da educação não temos nada a comemorar”, desabafa

Por Joedson Telles

No dia 15 de outubro, Dia do Professor, o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT/SE), Rubens Marques, o professor Dudu, fez um desabafo ecoando o sentimento dos professores – sobretudo das escolas públicas do Brasil – diante do momento atual que cerca a categoria. O professor chama a atenção, sobretudo, para dois temas que não permitem aos educadores comemorarem a data: o arrocho salarial de praxe e os riscos que enfrentam na sala de aula.

“Hoje é o Dia do Professor e nós operários e operárias da educação não temos nada a comemorar, ao contrário, estamos passando por uma quadra das mais difíceis da história, não só por conta do arrocho salarial, até porque essa tem sido a nossa realidade, que teve um lapso de valorização nos governos Lula e Dilma principalmente por conta da implantação do Piso Salarial Nacional, que mesmo insuficiente, não deixou de ser um avanço, mas também porque a docência passou a ser profissão de risco, uma vez que a decomposição das relações sociais causadas pelo capitalismo cada vez mais predador e excludente, tem refletido nas salas de aula, e nós que nos formamos para lecionar somos obrigados a enfrentar situações que fogem a nossa competência, como a de psicólogo, pai, mãe etc”, escreve o professor.

Segundo Dudu, o número de agressões verbais e físicas contra professores e professoras tem gerado medo e desencanto com a profissão. Algo, na sua ótica, muito grave porque, sem a educação, uma sociedade não muda. Ele sublinha ser preciso entender que os problemas da violência na escola não nascem lá. “Vêm de fora, vêm dos problemas sociais crônicos, vêm da violência do estado contra as camadas mais vulneráveis, e terminam explodindo na sala de aula, na mão do professor e da professora”, afirma.

O professor ressalta ainda que, durante um ataque com várias mortes em uma escola do interior de São Paulo, o líder do Governo Jarir Bolsonaro no Senado sugeriu que os professores usassem armas para enfrentar a violência. “É trágico ou não, ouvir de uma autoridade um conselho desse? É possível que ele deva criar uma lei para premiar os professores que tirarem as melhores notas na escola de tiros”, lamentou.

Dudu lembra, por fim, que, depois de 37 anos atuando como professor, está aguardando a tramitação da aposentadoria. “E destaco que, nesses longos anos, nunca estive afastado da sala de aula, sempre cumpri a jornada integral, e encerrarei com o sentimento de que fiz o melhor que deu pra fazer, mas mesmo assim tenho acompanhado com tristeza a educação piorar ano a ano”, desabafa o professor. “Desejo muita sorte aos que continuarão, porque o que está ruim ainda pode piorar, e muito. Mas pra não dizer que o meu ceticismo não deixou uma lasquinha de esperança, digo que só mudaremos essa realidade com muita luta de massas ocupando as ruas, e com muita consciência de classe”.

Modificado em 16/10/2019 10:01

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