A Secretaria Municipal da Saúde, da Prefeitura de Aracaju, através da Rede de Atenção Psicossocial, tem buscado promover a ressocialização dos usuários sempre de forma criativa e inclusiva. Um bom exemplo dessas práticas é o bazar “Bazarglia”, realizado na última terça-feira, 7, pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Liberdade (Siqueira Campos). A ideia é implantar a economia solidária, através da aquisição de recursos com a comercialização dos produtos doados e melhorar a autoestima dos usuários.
De acordo com a coordenadora do Caps, Adriana Monteiro, promover a valorização do sujeito no meio social em que ele vive é um dos intuitos principais de ações como essa. “O bazar é mais uma iniciativa de produção de autonomia, de valorização da autoestima, e do exercício da cidadania, pois, através dele, conseguimos proporcionar um momento de convivência entre os usuários e de articulação com os familiares e a comunidade local. Em todas as nossas ações buscamos aplicar um sentido terapêutico e, hoje, é possível ver alguns usuários saírem da posição de doentes para a posição de artistas, artesãos e até de vendedores”, explicou.
O nome Bazarglia foi dado em homenagem a Franco Basaglia, um médico italiano que iniciou uma reforma psiquiátrica na Itália, que acabou influenciando o modelo de Atenção Psicossocial que é aplicado atualmente nos Caps de Aracaju. “O Caps recolhe várias doações de trabalhadores, estudantes e residentes da unidade, que são vendidos a preços populares a cada dois meses. O pátio fica cheio de produtos e as pessoas podem escolher e comprar. São roupas de vários tipos e estampas, itens de artesanatos e de decoração. Tem usuários que já vendem mesmo no cotidiano deles e trazem pra cá, outros são confeccionados nas nossas próprias oficinas terapêuticas. Ou seja, a interação social é estimulada em cada etapa do processo, e não apenas nos dias do evento”, informou a apoiadora institucional do Liberdade, Karen Emanuella Fernandes.
Economia solidária
A apoiadora acrescenta que além de todos os benefícios proporcionados pela ação, o bazar ainda acaba movimentando a economia do próprio Caps, pois toda a verba arrecadada é reinvestida em outras terapias realizadas na unidade. “O dinheiro das vendas desse bazar será aplicado na oficina de trufas, que ofertamos nas tardes de segunda e quarta, e na sala de cuidados, que estamos estruturando para oferecer sessões de reiki e massagem, que integram as novas práticas integrativas do nossos SUS. Nada disso seria possível sem a intensa participação da comunidade, pois é com o apoio dela, através de doações, que conseguimos praticar preços mais acessíveis e, com isso, promover uma economia solidária”, contextualizou Karen.
Carmem Claudete Custódio Oliveira, que é usuária do Caps Liberdade, afirma que o bazar é realmente uma grande ajuda, pois acaba ajudando a economizar a renda familiar. “Tenho uma despesa muito grande, pois tenho cinco filhos. Quando soube desse bazar, decidi trazer um deles para comprar calças, camisas e sapatos, que são produtos caros no comércio. Aqui consegui uma calça por R$ 2 para ele ir para o colégio, roupas para a minha filha e para mim. Com apenas R$ 24 estou saindo com duas sacolas de roupas. Esse bazar foi uma ótima ideia, porque adquiri peças boas e baratas, e ainda pude ajudar na oficina de trufas, que pretendo participar também”, relatou Carmem.
A usuária Sueli Araújo, que faz artesanato como terapia, aproveitou a oportunidade para mostrar seu trabalho. “Muita coisa aprendi nas oficinas e outras aprendi através de revistas. Eu vendo os produtos e gosto de ensinar aos meus colegas do Caps o que sei fazer pra que eles também possam ter uma renda extra”, disse. Outra usuária, Nilda de Oliveira, faz os cadernos com uma colega e ajuda no bazar para ter oficinas melhores, como a de trufas. “Porque nós, apesar de fazermos tratamento aqui, somos inteligentes e estas oficinas nos ajudam a crescer e a progredir cada vez mais como cidadãos”, reconheceu.
Enviado pela assessoria
Modificado em 07/08/2018 18:01