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“Ousar lutar, ousar vencer. Não há derrota nas urnas que supere a reinvenção do PT”

Ex-presidente do partido, Silvio Santos avalia ainda que o PT obteve uma vitória política

Por Silvio Santos

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” (Guimarães Rosa)…  Há os que só enxerguem glória nas vitórias. Estes são os binários sem convicções que veem a vida em preto e branco. São incapazes de verem nobreza nos vencidos. Não entendem que a glória, assim como a derrota é passageira. Não percebem que a vitória muitas vezes é capaz de camuflar erros, inflar egos, embevecer a alma e transformar virtudes em vaidades. Não entendem que o importante não é vencer todos os dias, mas lutar sempre.

Sim, nós perdemos uma eleição. Nós entendemos como é difícil para os defensores do establishment diferenciar o resultado eleitoral do resultado político. Há vitórias eleitorais que revelam acachapantes derrotas políticas da mesma forma que há derrotas eleitorais que trazem imensas conquistas no campo político.

O PT perdeu as eleições de 2020 em Aracaju. Dessa vez não tivemos votos suficientes para conquistarmos mais uma vitória eleitoral em nossa capital. Da mesma forma que ficamos felizes e brindamos com o povo todas as vezes que ganhamos, hoje aceitamos humildemente as escolhas dos eleitores e agradecemos a generosidade daqueles que optaram por nós. Nós respeitamos a vontade popular. Nós valorizamos a democracia.

O PT perdeu a eleição, é fato, mas, por mais que tentem apagar, nós obtivemos uma vitória política. Os que não sabem o que é política terão dificuldades de entender essa minha assertiva. Não há derrota eleitoral que apague o brilho nos olhos da nossa militância e sua revigorada alegria em voltar as ruas pedindo votos para o 13.

Nenhuma derrota supera o sentimento de orgulho do petista que vestiu de novo sua camisa vermelha sem ouvir de algum aliado desideologizado a recomendação para evitar essa cor na campanha. Não há derrota eleitoral que diminua o valor da nossa unidade e do resgate da força do velho e bom “companheirismo”.

Não há derrota nas urnas que supere a reinvenção do PT que mesmo na adversidade articula um novo bloco político, progressista e coerente com o PROS e Rede de Sustentabilidade e oferece à sociedade uma nova alternativa política. Entendam definitivamente que é uma vitória política quando o partido deixa de ser mero figurante para retomar seu destino de protagonista.

O povo de Aracaju não nos quis na disputa do segundo turno em Aracaju, mas não negou carinho e apreço ao nosso candidato Marcio Macedo e não faltaram aconchego, abraços e sorrisos às nossas lideranças e militantes por onde passamos em toda a cidade. Nos receberam com fidalguia e nos trataram com imenso respeito. Mais que isso: demonstraram reconhecimento ao trabalho que já realizamos em nossa capital, no estado e no Brasil. Deixaram as portas abertas para um reencontro. Ao contrário do que dizem os profetas do apocalipse, estamos vivos. Aliás, de tanto vaticinarem sua morte o PT se tornou imortal.

Por fim, a eleição ainda não acabou. O povo escolheu dois candidatos para o segundo turno. Um que se define como não ideológico. “Nem esquerda nem direita”. “Nem velho nem novo”. Não me perguntem que diabos será isso. Nada mais antipolítica. Deve ser algo como água: inodoro, incolor e insípido. A outra, além de todos os predicados do primeiro, ainda é a cara da direita lava jatista, golpista, oportunista e avessa a política cujo estilo virulento se assemelha ao que exerce o poder no Brasil atualmente. O PT se reunirá em suas instancias e com seus aliados e apontará um posicionamento. Eu tenho uma tradição de disciplina partidária e defenderei o que penso internamente. Adianto o seguinte: não viajarei para Paris.

Silvio Santos é ex-presidente do PT de Sergipe

Modificado em 17/11/2020 08:23

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