Presidente Henri Clay observa que falta policiamento ostensivo e inteligência
Henri Clay: convocando a sociedade
Por Joedson Telles
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Sergipe (OAB/SE), o advogado Henri Clay Andrade, ao comentar o homicídio que vitimou o cobrador David Jonatas Barbosa, 26, afirmou que não deveria ser ele a pessoa a conceder uma entrevista coletiva sobre o episódio e os demais casos de violência registrados em Sergipe, mas, sim, o governador do Estado, Jackson Barreto (PMDB). Todavia, segundo Henri Clay, o chefe do Poder Executivo não tem o que dizer a Sergipe neste momento.
“Quem deveria dar entrevista era o governador do Estado. Mas pra dizer o quê? Que prendeu? Isso a sociedade já sabe. A sociedade está apavorada. Todos os setores da sociedade. Todos os níveis econômicos da sociedade. Do mais humilde ao mais rico. Todos em todo o estado. E cadê a política de segurança preventiva? Vai dizer à sociedade que a polícia prendeu o assassino, que outro morreu em troca de tiro… Isso já sabemos, e a violência só cresce no estado. Porque prende um aparece outro. Nunca se prendeu tanto em Sergipe, e a violência só cresce. Há uma ineficiência de política pública do Estado. Uma ineficiência do Governo do Estado”, assegura o presidente da OAB.
Henri Clay Andrade enfatizou que a criminalidade não pode ter como desculpa a crise econômica. Segundo ele, não se pode conceber crise nas áreas de saúde, educação e segurança pública. “Estes setores são fundamentais, e a responsabilidade exclusiva é do Estado. É para isso que se paga impostos. A crise deve chegar para os cargos em comissão e para os privilégios, mas ainda não chegou… A OAB está convocando toda a sociedade civil para uma audiência pública, na próxima terça-feira (19), às 8h, na OAB. Já que o governo não tem nada para nos apresentar, vamos nos reunir para tentar solucionar o problema da segurança pública”, convocou.
Poder Judiciário
O presidente da Ordem de Sergipe comentou ainda a polêmica em torno das prisões e imediatas solturas de pessoas envolvidas em delitos. Segundo ele, o Poder Executivo não pode transferir responsabilidades para o Poder Judiciário. “O Estado não tem nem sistema semiaberto. A própria estrutura que o Estado dá não garante um trabalho eficiente do Poder Judiciário. O sistema prisional é falido. Não funcionam nem os parlatórios. Fechados. Uma podridão. Uma coisa insana. Como a Justiça pode aplicar a lei corretamente, se não existe estrutura estatal para isso? É muito fácil transferir para o outro poder responsabilidade. Está na hora assumir a responsabilidade. Só não pode colocar a culpa na crise. Nos (a sociedade) não aceitamos crise como desculpa”, disse Henri Clay.
Para o presidente da OAB, a situação seria diferente se houvesse provas que o Poder Judiciário estaria, de fato, soltando pessoas em desarmonia com as leis. “Temos que cumprir a Constituição. Se você disser assim: ‘o Judiciário está libertando, libertando, descumprindo leis, a Constituição’, aí nós vamos cobrar do Judiciário. Agora, o Judiciário está descumprindo a lei ou quem está defendendo isso está defendendo prisão perpetua? Prisão arbitrária? Estamos num Estado de direito e democrático”, lembrou.