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O problema do PT é não ter um líder a altura de Déda

Déda: queiram ou não, ainda o grande nome do PT em Sergipe

 

Por Joedson Telles 

Disse neste espaço, na última segunda-feira 12, que a entrada do deputado federal Márcio Macedo no PED do PT como pré-candidato a presidente acirraria a disputa – inclusive causando stress ao atual presidente, não eleito, o também deputado Rogério Carvalho. Usei a expressão “sair fogo”, e o primeiro bombeiro foi acionado. E que bombeiro. Veio justamente do maior nome do partido em Sergipe, o governador Marcelo Déda, (queiram ou não puxa sacos que viram a casaca conforme interesses escusos) o primeiro jato de água – pelo menos publicamente.

Mesmo em São Paulo, ainda travando uma guerra gigantesca contra um câncer de estômago, o governador jogou no Twitter para seus exatos 25.363 seguidores – sem contar com as retweetadas de praxe – que ainda acredita que, “no campo da antiga Articulação a melhor saída é um presidente de transição, capaz de garantir o diálogo: Sílvio Santos.” E sentenciou para os mais lúcidos: “Preocupa-me a disputa das prévias do PT em Sergipe. Radicalizações podem afetar a unidade necessária para hoje e para 2014”. Certíssimo. Note-se que Déda fala em transição.

Se fosse petista e, sobretudo, se tivesse compromisso ideológico com o partido teria a mesma preocupação que Déda. Aliás estaria torcendo não apenas para Silvio Santos aceitar a missão como também, mesmo acamado e geograficamente longe do PT sergipano, Déda, que já decidiu eleição de presidente da Câmara de Aracaju com uma twittada, conseguisse mudar o rumo das coisas pela rede social.

A disputa entre Márcio x Rogério, que a esta altura já duelam também pela reeleição na Câmara Federal, promete. E o PT já vive uma crise. Aliás, o próprio Rogério já começa a se lamentar em emissoras de rádio. Acha que está sendo desrespeitado por entender que pode, sim, representar a unidade dentro do PT.

Porém, a animosidade Márcio x Rogério é apenas o detalhe estopim. E só mesmo duas coisas são piores que isso para as pretensões do PT. Primeiro acreditar que não existe crise e ainda tentar perpassar a ilusão. Nutrir que o PT está unido e que tem a mesma força política de outrora. O mesmo assédio de outros partidos para fazer aliança. E a segunda coisa, não menos grave, diz respeito à falta de um líder a altura de Déda dentro do partido. Um político carismático, com vocação para liderar, excelente retórica, densidade eleitoral testada e aprovada várias vezes e, sobretudo, honesto, entre outras qualidades.

E olha que ser honesto num partido que tem certas figuras conhecidas como ‘petralhas’ merece todo reconhecimento e respeito até da oposição. Tem muita gente que nunca teve um governo todo na mão como Déda, mas a fama de ladrão corre solta. E, ao invés de engrandecer a legenda como Déda, a joga na lama. Além disso, apostar em vencer eleição na força do dinheiro é jogar a ideologia pregada pelo PT anos e anos na lata do lixo…

… Mas, voltando à twittada de Déda, como já dito, o líder está certíssimo. Todavia pecou, ironicamente, por não ter conseguido revelar um substituto a altura. Eis o principal problema da legenda. O PT, sem desmerecer ninguém, não preparou o sucessor de Déda. Basta dizer que o vice-governador Jackson Barreto emplacou, sem esforço algum dentro do grupo, seu nome como pré-candidato ao governo. Imagine se o atual governador fosse José Eduardo Dutra? Alguém duvida que Déda seria o sucessor natural? Até mesmo se Zé Eduardo não tivesse virado as costas para Sergipe, inclusive também por problemas de saúde, será que a militância aceitaria JB assim como quem recebe uma gratificação? Dutra seria um nome forte. No mínimo, haveria a salutar disputa.

O PT também não se permitiria ao luxo de assistir às insinuações de uma possível aliança entre o PMDB x DEM de braços cruzados. Quando muito chorando. O PT já havia dado o chamado xeque mate. E caso não ouvisse da boca do próprio JB que João Alves estaria descartado, partiria para comandar a aliança de partidos de esquerda tendo seu líder como candidato majoritário. Mas quem no PT, hoje, tem peso suficiente para JB apostar e se dar ao luxo de descartar João? Só se João não quiser conversa. Mas, com todo respeito, não é visível, ao menos a olho nu, quem no PT reúna, como Déda reuniu, condições de motivar JB a abrir mão de pelo menos sonhar em ter João como aliado.

Há bravatas pintadas pela velha serventia, mas lideranças… Tentar jogar nomes anêmicos na mídia para ver se cola, além de agradar ao patrão, só diminui o tamanho de um partido que sempre teve grandes quadros. Insisto: não há um grande líder no PT a altura de Déda. Leia-se: duas eleições para prefeito de Aracaju no primeiro turno. E o mesmo em se tratando de Governo do Estado. E com a militância nas ruas. Quem tem essa força eleitoral hoje? Dizem que ninguém é insubstituível. Não duvido, mas há anos o Flamengo tenta substituir a altura Zico, Júnior, Leandro e os demais do título mundial, conquistado em 1981.

Mas voltando ao PT, o problema, note-se, não é apenas a ausência deste líder. O PT, caso seja descartado por JB, estará só. Isolado. Já disse isto aqui em outro artigo. Os partidos de esquerda querem ver o cão, mas não o PT. Dúvidas? Acesse aqui no Blog do Joedson Telles a editoria entrevistas, e veja o que a presidente do PSTU, Vera Lúcia, diz sobre o PT. Puxe pela memória o que já disse o PSOL, nas eleições de 2010. Consulte o PCB.

O momento é delicado e decisivo. O PT precisa eleger um presidente de consenso com competência e experiência para arrumar a casa num cenário complicadíssimo, sobretudo no terreno das alianças, e minimizar o estrago inevitável. Honesto para ter moral no discurso. O partido precisa de um plano B, na eventualidade de romper mesmo com JB – ou, depois do dia 31 de dezembro, quando arrumar as malas e deixar o Palácio do Governo, voltará a ser um partido de médio para pequeno em Sergipe.

O que seria lamentável para os petistas, sobretudo porque quando iniciou o projeto, com a eleição de Déda para prefeito em 2000, existia todas as condições favoráveis para o PT ficar eleições e mais eleições no poder. Hoje, passados mais de 13 anos, não falta quem ajuíze que não foi o PT quem chegou ao poder em Sergipe, mas Marcelo Déda Chagas. Na Prefeitura de Aracaju e no Governo do Estado.

 

Acesse www.joedsontelles.com.br

Modificado em 18/08/2013 07:15