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O louco no poste, Agamenon e o Movimento Não Pago

Agamenon: “vagabundos”

Por Joedson Telles 

Um louco subiu num poste e não havia quem o convencesse a descer. Tentou-se de tudo – e com o máximo de retórica e carinho. Mas nada. Familiares, dinheiro e até belas mulheres só de calcinha tentaram atrair o aventureiro, mas nada. A polícia e o Corpo de Bombeiros também fracassaram, pois quando começavam a subir no poste para resgatar o louco, ele ameaçava pegar no fio de alta tensão.

O drama durou horas e horas. Até que um moleque de uns 12 anos, tirando um saro, soltou: “para um louco só outro”. Um policial viajou na maionese, e não é que deu certo? Arrumaram um outro louco e contaram-lhe o problema. Após uma gargalhada, ele se aproximou do poste, olhou para cima, fitou o outro louco e disparou: “Estou aqui com uma gilete. Vai descer agora ou posso começar a cortar o poste?” Sem sequer piscar os olhos, o louco gritou: “não. Não. Pelo amor de Deus não faça uma desgraça dessa. Eu desço”, e não levou meio minuto para chegar ao solo. E, no chão, perceber o outro louco sorrindo e falando baixinho para uma outra pessoa: “que bicho burro: a gilete está cega”…

… Veio à mente essa antiga estória, ao tomar ciência que o vereador Agamenon Sobral chamou os integrantes do Movimento Não Pago de vândalos, por conta daquela história de atirar ovos em vereadores. Por pouco, Emmanuel Nascimento não pegou um ovo na cara. E ovo na cara nunca é normal.

“Tirei o meu blazer e sai pela porta da frente aguardando que um daqueles vagabundos viesse em minha direção. Eu respeito para ser respeitado agora quando for desrespeitado pode ser quem for que usa de prerrogativa para denegrir a imagem de qualquer pessoa ele vai sofrer na mesma moeda”, disse Agamenon.

Evidente que não se trata de Agamenon ou mesmo dos integrantes do Movimento Não Pago serem loucos. Mas dada a coragem e a ousadia do movimento em pôr em prática ações impensáveis para algumas pessoas, e até irresponsáveis e insanas para outras, o vereador Agamenon, pela reação, deve ter pensado mais ou menos como o garoto: “para uma afronta só outra”.

Não sei se a reação de Agamenon intimidará o Movimento Não Pago. Se colocará os seus integrantes em sintonia com o respeito que todos merecem. A gilete pode não estar tão amolada assim. Mas que alguém tinha (tem) que usar da mesma moeda com essa turma, não há dúvida. Os integrantes do Movimento Não Pago precisam entender que o direito de uns termina onde o dos outros começa. Não é jogando ovos ou agredindo de outras formas insanas que as pessoas civilizadas resolvem seus problemas. Aliás, os vereadores deveriam mover ação por danos morais.

A propósito, ligo o rádio, na manhã de hoje, e escuto a notícia que, usando máscaras, integrantes do mesmo Movimento Não Pago estariam aproveitando a parada dos ônibus, na zona Norte de Aracaju, para pintá-los. Obviamente, pelo rádio não é possível atestar o estado dos ônibus. Todavia, se houver prejuízos às empresas, o Setransp tem a obrigação moral de buscar a seriedade da Justiça para apreciar os atos, e adotar as medidas cabíveis.

Qualquer manifestação respeitosa e inteligente é necessária, sempre bem vinda e merece a adesão da sociedade. Mas é preciso não confundir a beleza da democracia nas ruas, em sintonia com as angustias sociais, sempre respeitando a sociedade em todas as suas esferas, com brechas encontradas por desocupados insanos a promoverem badernas, atos violentos e dar prejuízos ao público e ao privado. Para estes, a polícia deve entrar em cena – inclusive com violência, se essa for a linguagem escolhida pelos baderneiros.

Modificado em 01/09/2013 09:27