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“O governador foi eleito para governar, e não se governa sem aparecer no estado. Não acredito que Jackson esteja em São Paulo se tratando e não dialogue. Seria muita irresponsabilidade”

Desabafo é do presidente da CUT, ecoando sentimento de revolta do servidor

Dudu: “Não tem horizonte”

Por Joedson Telles

O presidente da Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT/SE), Rubens Marques, o professor Dudu, espelha em suas palavras sopradas ao Universo os sentimentos de revolta, indignação e, sobretudo, desesperança que não saem da mente do servidor público sergipano, quando o assunto é o governo Jackson Barreto. De acordo com Dudu, Sergipe chegou ao fundo poço – e não há perspectiva de sair, ao menos a curto ou médio prazo. “É o pior momento que vive o servidor do Estado. Antes tinham problemas, mas tinha um horizonte. Hoje não tem perspectiva, não tem horizonte”, lamenta Dudu. “O governador foi eleito para governar, e não se governa sem aparecer no estado. Eu não acredito que Jackson esteja em São Paulo se tratando e que não dialogue. Seria muita irresponsabilidade. Ele sabe o que está acontecendo. Está sendo bom porque em nome do afastamento não acontece nada.” Apesar do quadro nebuloso que pinta, Dudu assegura que não há surpresas no modo Jackson Barreto de administrar. “O governo de Jackson não surpreende. Eu só queria que não fosse ruim como está sendo. Decepcionante eu não diria. Eu não esperei nenhuma evolução. Quem conhece a política de Jackson sabe que é essa. É juntar todo mundo, gregos e troianos, colocar todo mundo do lado dele à custa de cargos de comissão e pronto.” A entrevista:

A CUT/SE esteve na Assembleia Legislativa, na semana passada. Qual o objetivo da visita aos deputados?

Protestar. São três anos sem reajuste e sem perspectiva. Eu posso afirmar: é o pior momento que vive o servidor do Estado. Antes tinha problemas, mas tinha um horizonte. Hoje não tem perspectiva, não tem horizonte. O horizonte é que haverá parcelamento até o final do ano. O Governo do Estado fez o dever de casa? Não. E quer que o servidor pague a conta. O governo ajustou os cargos de comissão? Não. Fundiu secretarias? Não. Qual o esforço que o governo fez para superar essa crise que não é do trabalhador? Nenhum. O governador some do Estado, o interino dialoga, mas não encaminha. Estamos aqui para protestar.

Já é possível fazer um balanço do Governo do Estado neste ano de 2015?

O pior balanço de todos os anos. Eu tenho acompanhado há quase 30 anos. Estamos no volume morto. Nunca vi a situação tão ruim, porque não tem perspectiva.  Está ruim hoje e o que está ruim pode piorar. Tem cenário pior do que esse?

A quem o senhor atribui essa situação impresumível? À crise econômica?

Ao Governo do Estado. Quem tem que dar resposta é o governo. Quem ganha a eleição é para resolver problema. É muito bom administrar um País, um Estado, um município numa situação econômica confortável. O bom político é aquele que consegue gerenciar nas crises. O governo que abre mão de manter o apadrinhamento. Manda embora muito cargo de comissão que não trabalha. Eu denunciei no começo do ano que o ex-prefeito (de Aracaju) Edvaldo Nogueira (PC do B) recebia um cargo de comissão sem existir. Nem a secretaria. Fizemos esse debate na porta do palácio. A denúncia foi tão verdadeira que denuncie de manhã e Edvaldo foi exonerado à tarde. Exonerou porque ele realmente não trabalhava – e no outro dia ele foi renomeado em outro cargo. Apadrinhar os aliados e pagar com o nosso suor está errado.

O fato de o governador Jackson Barreto está afastado para tratamento de saúde o isenta?

Pelo contrário. Quando (o saudoso ex-governador) Marcelo Déda estava doente, muito mais grave do que o atual governador, ele dava as cartas ainda. Ele não estava lá, mas mantinha contato com o governo. Se Belivaldo discute, mas não encaminha, pode ser uma jogada ensaiada. O governador está ausente, dialoga, mas não encaminha. Então, não precisa de vice. Se o vice assume é para ter a prerrogativa de resolver.

Mas Belivaldo Chagas governa com o secretariado de Jackson Barreto. Isso não dificulta?

Eles se entendem. Alguém já viu Belivaldo denunciar que encaminhou, mas não teve espaço? Quem está ferrado é o servidor. Se não lutar com muita força, a situação vai se agravar. Acredito que tirando os desembargadores, que também são servidores, está tudo no volume morto. Saúde, Educação, Segurança. Está tudo ferrado. O servidor que esperou plano de carreira não vai ter nada. O Estado vive um verdadeiro caos e um desalento. É muito ruim quando você está desacreditado. Perde a perspectiva de sonhar. Quem passou num concurso foi para ter uma vida digna, uma estabilidade, mas não tem nada disso hoje. O servidor ou é triste ou revoltado. O governador foi eleito para governar, e não se governa sem aparecer no estado. Eu não acredito que Jackson esteja em São Paulo se tratando e que não dialogue. Seria muita irresponsabilidade. Ele sabe o que está acontecendo. Está sendo bom porque em nome do afastamento não acontece nada.

O fato de o governador ter anunciado que vai encerrar a carreira política, ao final do mandato, estaria provocando uma forma displicente de gerir o Estado?

Acho que é uma jogada para sair do alcance das metralhadoras. Ninguém vai cobrar. Se ele não fosse mais candidato, ele deveria tomar medidas duras para terminar o governo em alta e aí se despedia. Não é isso que a gente está vendo. Jackson nasceu na política e vai morrer na política. Eu não sou contra que alguém morra na política. Eu sou contra é usar para desviar o foco. Ele está fazendo política. O afastamento está sendo bom para o governo porque afasta as manifestações, distancia mais o diálogo com a sociedade, a imprensa.

Há luz no fim do túnel?

A Assembleia Legislativa precisa se posicionar. O Tribunal de Justiça precisa se posicionar. O Ministério Público também. Somos trabalhadores, vamos recorrer a quem? Não somos à toa, não. Vivemos numa estrutura de Estado. Aí quando partimos para greve dizem que é ilegal. Esperamos eles fazerem alguma coisa, mas não fazem nada. É por isso que tem greve. Porque o Estado não funciona. Não teve nenhum reajuste, e o pior é que a perspectiva é de parcelar salário até o próximo ano. Se pagar…

A relação dos ocupantes dos cargos comissionados é um pleito antigo da CUT. O senhor já recebeu?

Não chegou, mas a gente teve algumas informações, a partir do portal do Tribunal de Contas. Aquilo é um escândalo. Sergipe tem como funcionar com 1000 (mil) cargos de comissão. Pode dar uma gratificação temporária a um servidor efetivo e diminui o custo. Mas sem cargo, sem comissão não se faz a política de apadrinhamento. Essa a velha política que tem que acabar: “eu não quero mexer nos meus, e quem paga é o servidor”.

O servidor, então, está decepcionado com Jackson Barreto?

A CUT nunca apostou. Se você falar que a CUT convidou Jackson para algum debate lá eu vou dizer que é mentira. Teve central que levou. Quem tem que estar decepcionado é quem elevou Jackson para seus espaços. Não fizemos com Déda, que foi nosso advogado, imagine com Jackson? O governo de Jackson não surpreende. Eu só queria que não fosse ruim como está sendo. Decepcionante eu não diria. Eu não esperei nenhuma revolução. Quem conhece a política de Jackson sabe que é essa. É juntar todo mundo, gregos e troianos, colocar todo mundo do lado dele à custa de cargos de comissão e pronto. Eu não sou aliado de Jackson. Só queria que ele cumprisse o papel dele de governador. Pelo menos pagasse os servidores e mantivesse a máquina pública funcionando adequadamente. A situação é grave.

Modificado em 02/11/2015 20:11

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