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O Bem e o Mal no palco da disputa eleitoral

Por Paulo Márcio

A famosa viradinha de Paulinho da União Tur já é coisa do passado. A presença dos heróis Robin e Hulk no horário político também já não empolga o eleitorado como outrora. É preciso inovar, ultrapassar barreiras, quebrar paradigmas. Fazer como fez a equipe de marketing do candidato a governador Jackson Barreto (PMDB): reduzir a disputa eleitoral a uma batalha épica entre o Bem e o Mal. Sem dúvida, a maior novidade em publicidade depois de Mani e sua religião.

Mani (também conhecido como Maniqueu), para quem não recorda, viveu no século III e criou a filosofia conhecida como maniqueísmo, fundindo elementos do zoroastrismo, budismo, cristianismo e outras religiões orientais. De acordo com essa novidade de aproximadamente 1800 anos, o mundo divide-se entre duas forças, o Bem e o Mal, cabendo aos homens puros, virtuosos, castos e especiais – representantes do Reino da Luz -, combater os sanguessedentos e apavorantes representantes do Reino das Trevas.

Decidiu-se em uma “brainstorming” no QG da campanha oficial que neste pleito Jackson Barreto representará o Guerreiro da Luz, ao passo que Eduardo Amorim (PSC), seu adversário, encarnará o Senhor das Trevas. Simples assim, sem direito a contraditório. E mesmo que Eduardo alegue ser cristão, filiado a um partido social-cristão, além de médico com princípios humanitários e especialista em dor, nada disso importa. Por decisão unilateral e irrevogável do seu adversário, nesta campanha ele será a personificação do Mal e ponto final.

Foi o profeta Belivaldo Chagas, no dia 28/07, durante o lançamento da candidatura do vereador Robson Viana (PMDB) a deputado estadual, quem primeiro aludiu à batalha do Juízo Final. “A gente tem que estar atento o tempo todo, porque a turma do mal, a turma do outro lado, não está para brincadeira, não”, disse o mensageiro da Luz aos seus eleitores. Dias depois, em uma pregação, vale dizer, em um comício na cidade de Itabaiana, Jackson Barreto não se conteve e fez a seguinte revelação: “Essa campanha é a campanha do bem contra o mal, não é apenas dizer que os ricos se juntaram, mas é porque o palanque do lado de lá quer negociar Sergipe e a honra dos sergipanos.”

Por estranho que pareça, também no âmbito federal está havendo uma peleja teológica. Dias atrás, após o ataque de um tigre a uma criança, o criador do perfil Dilma Bolada, espécie de assessor informal da presidente, publicou a seguinte mensagem no twitter: “O pai do menino deveria ter levado o Aécio pra fazer carinho no tigre e não o filho”. Como era de se esperar, seguiu-se ao infame gracejo uma reação bastante negativa. Revelando seu elevado grau de espiritualidade, o rapazola saiu-se com esta: “As forças das trevas reclamando porque eu disse que o tigre tinha que comer o Satanécio. Não vai pq o tigre não merece. Podem latir!!!”

Enquanto o Oriente Médio vive dias de aflição e separatistas pró-Rússia da Ucrânia derrubam aviões matando centenas de civis inocentes, os aiatolás da política brasileira, à falta de argumentos e, quiçá, projetos estratégicos para o desenvolvimento social e econômico do estado e do país, decidem transformar o debate político em uma jihad.

Que Deus nos proteja!

PAULO MÁRCIO é Delegado de Polícia Civil desde 2001. É colunista do portal Universo Político.com.br desde 2009. Contato:  paulomarcioramos@oi.com.br

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