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Notícia seria se a SSP não tivesse honra em prender assassino de delegado

João Batista: “questão de honra”

Por Joedson Telles

Vejo estampado em grande parte da imprensa escrita – leia-se: jornais, sites e blogs – a frase usada pelo secretário da Segurança Pública, João Batista, após participar do sepultamento do corpo do delegado Ademir Melo: “é uma questão de honra para a polícia sergipana prender os responsáveis pelo crime”.

Louvável, evidente. Mas trivial além da conta o juízo da segunda autoridade sobre os ombros da qual pesa a responsabilidade de garantir um projeto eficiente de segurança pública para os contribuintes. A primeira autoridade, óbvio, é o próprio governador do Estado, Jackson Barreto. Na sua ausência, assume o vice, que não escala secretário de Segurança Pública ou quaisquer auxiliares, diga-se…

Mas voltando à frase do secretário, sem querer dar aula de jornalismo, creio que a notícia estaria no contrário. Já pensou se o secretário dissesse à imprensa, por exemplo, que “não seria uma honra a polícia colocar as duas mãos no marginal que tirou a vida de um cidadão inocente?” Imagine o absurdo? Sobretudo sendo a vítima um colega delegado de polícia, aí, creio, estaria a notícia.

Mas prender meliantes bem mais que honra é obrigação constitucional da polícia. Ou não? Cabe à imprensa? À OAB? À Federação Sergipana de Futebol? Não. A responsabilidade é da Secretaria de Estado da Segurança Pública, que, aliás, dará uma resposta satisfatória à sociedade, não tenho dúvida.

A SSP peca no policiamento ostensivo, como já disse neste espaço. Mas realiza um dos melhores trabalhos do país no terreno da investigação. São casos e mais casos elucidados pela polícia judiciária de Sergipe – e em muitos, a resposta é rápida, como o recente homicídio de um cobrador de ônibus, cujos responsáveis foram alcançados ainda sob a fumaça do crime e estão atrás das grades.

Não há dúvida, portanto, do empenho e competência da polícia para prender não apenas o autor do disparo que matou Ademir Melo, mas também outras pessoas que podem estar envolvidas no crime.

A polícia judiciária sergipana nunca esteve em xeque. Mas entendo e respeito que o secretário de Segurança Pública sinta a necessidade de externar sentimentos ratificando compromissos. Todavia, ficaria mais confortado se a frase fosse direcionada à promessa de dar mais eficiência ao policiamento ostensivo.

A legislação é falha, evidente. A facilidade com que o bandido é posto em liberdade amparado nas leis – e não em falhas do Judiciário, é bom separar as coisas – coloca a polícia na posição de “enxugar gelo”, como diz o senso comum.

Entretanto, até que haja mudanças nas leis, a SSP precisa ser mais criativa no policiamento ostensivo. É paga para pensar e prover segurança. E a pior sensação de insegurança emerge justamente quando a polícia diagnostica o que engendra a criminalidade, mas permite incertezas sobre suas forças para estancar o sangramento.

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