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Nota do PT soa uma afronta à inteligência

Por Joedson Telles

Tomando como base o juízo do senador Antônio Carlos Valadares, o conteúdo de uma nota divulgada pelo PT sobre a crise criada no bloco depois da exoneração de Luciano Pimentel da Superintendência da Caixa Econômica Federal soa uma afronta à inteligência do sergipano.

Começa pelo fato de o próprio PT ventilar que está solicitando à Presidência da Caixa Econômica Federal “a divulgação dos reais motivos da substituição do Dr. Luciano Pimentel da Superintendência do órgão em nosso Estado”.

Bolas! Agora? Depois do estrago? Se as declarações do deputado João Daniel são embasadas na verdade (seria gravíssimo se não passassem de aleives) seria preciso algo mais para mandar o aliado de Valadares arrumar as malas? O que seria considerado grave pelo PT para provocar, então, a exoneração? E se nada for comprovado contra Pimentel? Teria João Daniel se precipitado? Mandado o “aliado” à guilhotina com qual objetivo? A propósito: teria agido à revelia do presidente Rogério Carvalho ou teve o seu aval?

Observe-se ainda que o senador Valadares aparece em total desvantagem, no momento em que o PT solicita ao seu próprio governo informações de interesse político envolvendo o PSB – partido que já lançou o pré-candidato Eduardo Campos para fazer frente ao projeto de reeleição nacional do próprio PT.

Na nota, o PT fala ainda em ser “do conhecimento de todos que deputados que compõem a base de apoio e de oposição ao governo do Estado, manifestaram no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe, da Câmara Federal e nos meios de comunicação e redes sociais, suas insatisfações com a condução operacional da Caixa Econômica em relação ao Programa Nacional de Habitação Rural no Estado de Sergipe”.

Aí os botões indagam de pronto: se este foi o real motivo que moveu João Daniel o que estaria faltando para o nobre deputado ecoar também outros problemas de igual modo externados na mesma tribuna, meios de comunicação e redes sociais utilizados pelos mesmos deputados de oposição? Mera coincidência ou intenção de atingir Valadares mesmo?

Rende uma boa gargalhada a parte da nota em que o PT diz que “em nenhum momento, o presidente do Partido dos Trabalhadores (leia-se Rogério Carvalho) e nenhum membro da executiva estadual mantiveram contato com a ministra Idely Salvatti e com nenhum dirigente da CEF, para tratar sobre substituição de nenhum dirigente deste órgão em Sergipe”.

Algum mortal em perfeitas sanidades mentais imaginaria uma confissão neste momento? Dito de outra forma: em sendo verdade que a exoneração foi trabalhada politicamente, o PT admitiria isso de público? Colocaria a própria mão na churrasqueira?

A nota petista ainda diz que “todos sabem o compromisso do Partido dos Trabalhadores com a manutenção da aliança que elegeu o governador Marcelo Déda, o atual governador Jackson Barreto e o senador Antônio Carlos Valadares, em 2010”.

O PT de Déda, como mencionou Valadares, nunca deixou dúvidas da lealdade, de fato. Mas o “novo PT” precisa de ações em vez retórica. E, óbvio, a ação de João Daniel esteve longe de ser classificada como “compromisso com a manutenção da aliança”. A reação do aliado (então aliado?) Valadares resume a ópera.

A nota segue observando que “o mesmo compromisso foi demonstrado e ratificado com o apoio ao deputado federal Valadares Filho do PSB, que disputou a Prefeitura de Aracaju em 2012 e obteve 37% dos votos válidos. Isso custou ao Partido dos Trabalhadores a retirada da pré-candidatura vitoriosa nas prévias partidárias em nome da unidade”.

Não deixa de ser verdade. Todavia, o “novo PT” tenta pegar carona no “PT de Déda”. Na verdade, na época o próprio Déda trabalhou junto com Jackson Barreto, com o então prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, e Valadares a candidatura de Valadares Filho. O nome petista vitorioso nas prévias perdeu feio nas pesquisas internas para Valadares Filho. Assim, nasceu a candidatura de Valadares Filho a prefeito. Aliás, se dependesse unicamente do nome do PT, o hoje presidente da legenda, Rogério Carvalho, o candidato seria ele mesmo. Sergipe todo sabe disso.

A nota é finalizada com o PT afirmando que “jamais patrocinaria qualquer ato que colocasse em risco a unidade desse bloco. Devemos esclarecer que não estamos disputando nenhum cargo em órgãos do governo federal. O nosso compromisso é com a manutenção do projeto de unidade que tem ajudado a transformar Sergipe e o Brasil”.

Ao contrário do que diz o PT, a unidade do bloco foi, sim, colocada em xeque. Se haverá rompimento, os próximos dias dirão. O certo é que, se Valadares deixar mesmo o grupo, e Jackson Barreto ficar com o pepino no colo no momento em que mais precisa de forças para o pleito, o PT dificilmente terá retórica para ofuscar sua assinatura na obra.