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Quando o professor falta

Por Will Rodrigues

Essa foi uma semana improdutiva para boa parte dos alunos da rede estadual de ensino de Sergipe. Os professores programaram uma paralisação de três dias, que já dura cinco e pode continuar na próxima semana, uma vez que, a decisão sobre a continuidade do “recesso” será tomada na próxima segunda-feira, quando eles avaliarão a proposta do Governo para reestruturação da carreira. Os educadores cobram o pagamento do valor referente ao piso nacional de 2012 (22,22%). E o Governo, por sua vez, afirma que não há dívidas junto ao magistério.

No meio desse cabo de guerra, ficam os alunos. Aqueles que deveriam ser alvo do esforço contínuo de ambas as partes, a fim de, oferecer um serviço cada vez mais eficiente, são os únicos prejudicados, afinal como diz aquele velho ditado “a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. É bom deixar claro que não me oponho ao direito que os educadores têm de lutar pelos seus direitos – garantidos pela lei – mas, a forma como este embate tem sido travado e as armas utilizadas nele são no mínimo, inconsequentes e desconexas.

Veja bem, caro internauta, os nossos educadores vivem a ecoar que, apesar da falta de condições de trabalho e da valorização financeira dos profissionais – fruto da má gestão dos vultuosos recursos aplicados na Educação Brasileira, que por sinal, até 2024 deverão atingir o equivalente a 10% do PIB ao ano (quase o dobro dos 5,3% que são aplicados atualmente) – se empenham para oferecer uma educação de qualidade. Entretanto, o que se observa é que não há pudor algum em, simplesmente, parar as aulas, atrasando o ano letivo (em 2014 mais apertado ainda por conta da Copa do Mundo) e complicando a vida dos estudantes que, em novembro, serão avaliados pelo Enem e aprovados nas Universidades Federais graças ao sistema de cotas.

E por falar nele, vale lembrar, que não acredito na eficácia das cotas como forma de combater o preconceito, reduzir as diferenças e agregar pessoas de diferentes níveis sociais (esses objetivos serão alcançados com a mudança de comportamento de toda sociedade, quando esta passar a entender que cor não deveria ser fator de diferenciação). Na verdade, elas não passam de uma estratégia governamental para mascarar a ineficiência do sistema de ensino fundamental e médio.

Não é preciso ser um especialista em educação para compreender que interromper o processo educacional e muitas vezes não repor as aulas que não foram ministradas só gera prejuízos para os alunos, que quase sempre chegam à Academia com uma base inconsistente. E Isso se refletirá diretamente na qualidade dos profissionais que estamos formando e no aumento do tempo que eles passam dentro da faculdade até que consigam o diploma. A qualidade da educação pública no Brasil é uma responsabilidade do Governo, mas que depende totalmente dos que atuam nessa área, principalmente porque todos nós sabemos que não vale a pena esperar só por ações dos nossos gestores.

Já passou da hora de compreender que de nada adiantará ter gestores, alunos e professores reverberando discursos cheios de coesão, se lhes faltar coerência nas atitudes. Será inútil investir milhões no sistema educacional, se na hora de gerir os recursos e aplicá-los, sobrar gente querendo dar opinião e faltar quem queira colocar a mão na massa.

 

Will Rodrigues é estudantes de jornalismo e estagiário do portal F5 News.

Modificado em 06/06/2014 13:46

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