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Marina simboliza o vento da mudança

Por Paulo Márcio

Como boa parte dos brasileiros, tenho cá minhas dúvidas em relação a Marina Silva e sua propalada “nova política”. Da mesma forma, incluo-me no grande contingente que anseia por uma mudança urgente nos rumos do país, a começar pela derrota do lulopetismo nas eleições de outubro e a consequente implantação de um governo pautado no combate à corrupção, ao fisiologismo, ao assistencialismo e ao aparelhamento da máquina pública.

Entre os nomes que inicialmente se colocaram como opção ao projeto de poder do PT, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) apresentavam as melhores credenciais para realizar de forma segura essa mudança tão necessária. Tudo levava a crer que o ex-governador de Minas Gerais, único presidenciável a conseguir unir o PSDB desde 2002, disputaria o segundo turno com a candidata-presidente Dilma Rousseff (PT). Saindo fortalecido das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, precisaria do apoio de Campos e outras lideranças regionais para diminuir a vantagem da candidata petista no Nordeste e equilibrar o jogo no Norte.

Quis o destino, no entanto, que as eleições tomassem outro rumo. Morre trágica e precocemente Eduardo Campos em 13 de agosto, e sua vice, Marina Silva, assume a cabeça de chapa. Desde então, o que era apenas uma possibilidade – a realização de uma eleição em dois turnos – torna-se realidade palpável. E o mais inacreditável: em menos de quinze dias de campanha Marina não só desbanca Aécio do segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, como avança e se iguala a Dilma Rousseff (PT) na corrida sucessória, ambas cravando exatos 34 %, segundo pesquisa Datafolha divulgada no dia 29 de agosto.

O quadro está tão bem delineado – e tão consolidada a posição de Marina, como atestam as pesquisas espontâneas – que já não soa despropositado asseverar que somente uma tragédia a tiraria do segundo turno. E uma vez no segundo turno, aponta a mesma pesquisa Datafolha, Marina venceria Dilma Rousseff por dez pontos de vantagem: 50% a 40%.

Esse é o maior pesadelo de Dilma e do PT. O discurso de três décadas, fundado no “nós” (povo) contra “eles” (elite), recheado de mistificações, mau-caratismo e inverdades, surtiria efeito contra Aécio – como surtira contra Alckmin e Serra -, mas é inservível contra uma cabocla que nasceu na mais extrema pobreza e se alfabetizou, a duras penas, aos dezesseis anos de idade. A acusação de que é inexperiente esbarra na própria biografia de Lula, um ex-presidente com alto índice de aprovação que não tivera nenhuma experiência como administrador antes de chegar à Presidência da República.

Marina ainda é um enigma a ser desvendado, sobretudo no que tange a sua ideologia e sua visão de desenvolvimento em contraste com sua militância ambiental. Mas na atual conjuntura ninguém simboliza como ela o vento da mudança, que parte das densas florestas do Acre e varre o país de Norte a Sul, literalmente. Enquanto seus ex-colegas petistas se apavoram diante da derrota iminente, os marineiros de todas as idades já podem ouvir os primeiros acordes (e assobios) de Wind of Change, a insuperável canção do Scorpions feita para celebrar o fim do flagelo comunista e a conquista da liberdade.

 

PAULO MÁRCIO é Delegado de Polícia Civil desde 2001. É colunista do portal Universo Político.com.br desde 2009. Contato:  paulomarcioramos@oi.com.br

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