“Em tese, no estado de direito, quando se quer evitar um conflito se convida o Estado para arbitrar a questão. Então, se há possibilidade de conflito, a polícia é a representação oficial do Estado”, explicou Gualberto, que saiu em defesa da atitude do presidente Luciano Bispo. “Se a situação fosse outra, como a Assembleia Legislativa ter que ser cercada de policiais para evitar o povo, que não foi o caso de ontem, isso sim seria inadmissível. Mas o caso foi de preservação da vida e da integridade das pessoas no prédio da Assembleia e até dos servidores que estavam fazendo suas reivindicações. Não dá para misturar as coisa e querer dizer que a Alese estabeleceu estado de exceção. Nada disso. Os policiais estavam aqui para preservar. Todos nós aqui sabíamos o que estava acontecendo lá fora, com ovos, tomates, pedras já guardadas. Por isso que foi feita a segurança”, confirmou Gualberto.
Em discurso feito hoje (23) no plenário, Francisco Gualberto deixou claro que não aceita de forma alguma ataques à Assembleia Legislativa. Ele lembrou que em outros tempos, na sua militância sindical, já apanhou da polícia, viu cara feia e foi preso por participar de movimentos sociais. “Uma coisa é uma Assembleia estar protegida pela polícia contra um intuito antidemocrático. Por que esse é um estado intolerável. Mas outra coisa é a Assembleia ter proteção para evitar incidentes. Todos sabemos que já havia tomates e pedras preparadas para jogar nos deputados”, frisou, admitindo os protestos normais, incluindo a queima de bonecos. “Isso é da democracia, mas a agressão física, a repressão ao cidadão não são admissíveis. Se acontecesse uma invasão aqui ontem (22) não teria sessão não. Todos sabem disso. Então quero dizer que defenderei esta Casa até o último dia”, garante.
Sobre a insistente cobrança da oposição para que seja liberada a presença de público nas galerias, Gualberto ressalta que desde o início da pandemia sua posição sempre foi contrária à do deputado Georgeo Passos. “Quando começamos a fazer sessões remotas, lembro que o deputado era o que vinha presencialmente, mesmo num momento em que a obrigatoriedade de estar aqui era somente da Mesa Diretora. O restante viria se quisesse. Eu não vim nenhum dia, fiquei remotamente, como vários outros, e nenhum prejuízo houve para a sociedade sergipana. Todos os projetos que eram preciso ser votados, foram votados e continuam sendo votados”, informou o deputado, fazendo uma analogia sobre o entusiasmo do artista quando se depara com o público. “Acho legítimo que o deputado Georgeo queira fazer aqui seu espetáculo da política, mas todos nós estamos sem público, não é somente ele. Então não é por aí”, disse Gualberto.
O deputado informou ainda que, por ele, o sistema de sessões remotas só será desfeito quando, pelo menos, a tendência de queda nas contaminações for confirmada. “Não é o fato de ter um número menor de casos hoje que significa que daqui a 15 dias será a mesma coisa”, aponta Gualberto, criticando a possibilidade de desobrigação do uso da máscara pela população. “Se mais gente não irá usar a máscara, vai aumentar o número de contaminação. Aqui não tem idiota. Essa tese do negacionismo nós enfrentamos de forma direta”, frisou o parlamentar.
Por fim, Francisco Gualberto lembrou a todos que cerca de 6,4 mil sergipanos perderam a vida por conta da Covid-19 em dois anos. “Alguém conhece outra doença que matou mais de 6 mil sergipanos em dois anos?”, questiona. E ainda de acordo com ele, vários outros estados brasileiros mantêm o sistema misto de sessão em suas assembleias legislativas.
Por Gilson Sousa, da Assessoria de Imprensa
Modificado em 23/03/2022 20:43