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Governo Bolsonaro massacra pobres e despreza a vida, diz Henri Clay

“Autoritário, negacionista, privatista, divisionista que fomenta o ódio, fake news”, avalia

Por Joedson Telles 

Pré-candidato ao Senado, o advogado Henri Clay Andrade (Psol) afirma, nesta entrevista que concede ao Universo, neste domingo, dia 12, que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), tem feito um governo autoritário, negacionista, privatista, divisionista que fomenta o ódio, fake news e desperta as aspirações do integralismo – movimento de inspiração fascista liderado na década de 30 no Brasil por Plínio Salgado. “É um governo que atenta diariamente contra a democracia, os direitos sociais, a ciência, a cultura, a educação, a saúde púbica, ao meio ambiente. É um governo retrógrado que debilita a soberania nacional, massacra os pobres e despreza a vida”, diz Henri Clay.

A sua pré-candidatura ao Senado está consolidada? O senhor sente isso nas ruas, obviamente, dentro dos limites da Legislação Eleitoral?

A nossa pré-candidatura ao Senado tem sido uma construção coletiva. Conta com a unidade, a prioridade nacional do partido e o entusiasmo de muita gente. Não estamos em campanha, até porque a legislação não permite. Mas temos feito reuniões, debates programáticos e ouvido as pessoas em todo o estado. Vejo com clareza o anseio por renovação e mudanças fundamentais. O povo está enojado dos políticos matreiros e profissionais. As pessoas cansaram da política tradicional. A esperança de Sergipe está na renovação. O povo quer romper as amarras e cortar os vícios da politicagem. Ouço a fala e vejo no olhos das pessoas a revolta e a ânsia por mudanças radicais. As pessoas sentem a necessidade de acreditar em gente nova na política, em quem possam confiar. Os eleitores estão mais esclarecidos e exigentes, sobretudo a juventude. Anote: haverá muitas surpresas nestas eleições.

O que o motivou colocar o nome à disposição do Psol como pré-candidato?

O Psol está com Lula para derrotar Bolsonaro nas urnas (se ambos registrarem candidaturas, no momento permitido pela Legislação Eleitoral) e enfrentar a bancada do centrão e do bolsonarismo no Congresso Nacional. Nessa conjuntura, a nossa pré-candidatura é uma aposta nacional do Psol. (Caso registre uma candidatura, no momento permitido pela Legislação Eleitoral, e ganhe a eleição), o futuro presidente Lula vai precisar de segurança e muito apoio para governar e realizar as mudanças fundamentais que o Brasil precisa. Lula precisa contar com senadores e deputados federais leais, firmes na luta, com coragem e compromisso para resgatar os direitos sociais do povo e recuperar a economia e a soberania do Brasil. Espaços no Senado e na câmara federal ocupados por parlamentares com esse perfil é de fundamental importância. É preciso evitar a eleição de deputados e senadores golpistas. Sem a maioria do Congresso Nacional composta de parlamentares leais e progressistas, Lula correria sério risco de impeachment e de sofrer implacável perseguição política da direita tradicional, dos bolsonaristas e dos traíras.

O Psol também tem pré-candidato ao Governo do Estado… Não foi possível construir uma aliança com o PT, que apresenta o senador Rogério Carvalho como pré-candidato ao Governo do Estado de Sergipe? O que faltou?

A nossa aliança é com Lula. Ele hoje é o único capaz de derrotar Bolsonaro (se ambos forem candidatos) e que tem a experiência e a habilidade para agregar as forças políticas e sociais para reconstruir o Brasil. Votar e apoiar Lula (se ele registrar uma candidatura, no momento permitido pela Legislação Eleitoral), neste momento, é uma necessidade imperiosa que supera todas as divergências. Estas são muito menores diante da máxima prioridade de derrotar o fascismo, o negacionismo, a violência, o racismo, o machismo, a homofobia e a transfobia, a aversão aos pobres, a fome, a caristia, o desemprego, o desmatamento da Amazônia, o tóxico nos alimentos, o entreguismo da nossas empresas estratégicas que garantem a nossa soberania econômica e o desprezo à vida. Já em Sergipe, é preciso que se apresente uma alternativa de candidatura para um governo realmente transformador, que rompa com a política tradicional. É preciso de uma gestão inovadora, moderna, realizadora, participativa e socialmente democrática. O Psol tem esse programa, tem gente nova e muito competente nos seus quadros e que também dialoga com técnicos, professores, lutadores do povo que vislumbram e anseiam por mudanças estruturais. Sergipe não quer mais do mesmo.

O pré-candidato a presidente Lula terá que tamanho nas eleições para governador e senador, em Sergipe?

Lula é o pré-candidato de um amplo movimento democrático e popular pelo Brasil. O apoio a Lula não está restrito ao palanque das candidaturas majoritárias do PT nos estados. Lula tem a maior biografia política da história do Brasil e é o maior líder popular de todos os tempos. (Se for candidato), Lula é hoje a única alternativa viável para vencer as eleições e recuperar o Brasil. Irá pesar na decisão dos eleitores que votam em Lula quem esteve do outro lado, do lado do golpe, do lado de Sérgio Moro e seus asseclas e de Bolsonaro. O povo na hora do voto irá separar o joio do trigo, por mais que hoje esteja misturado e disfarçados de lulistas.

Qual a sua avaliação sobre o atual cenário das eleições em Sergipe? Podemos ter surpresas, com novos nomes – ou mesmo alguma desistência – na disputa majoritária?

Vejo um cenário ainda bastante indefinido quanto às composições das chapas majoritárias. Isso decorre das pendências judiciais de alguns pré-candidatos ao Senado e a Governo. Ainda não se sabe se serão cassados. Também as articulações nacionais ainda em curso têm influenciado na demora das definições locais. Tudo pode acontecer, inclusive nada.

O ex-deputado André Moura, que ensaia uma pré-candidatura também ao Senado, disse, na semana passada, que a capacidade de trazer recursos para Sergipe precisa pesar na escolha do nome. Este deve ser o critério principal, na sua opinião?

Não basta capacidade para trazer recursos. É preciso seriedade e transparência para sabermos para quem e para onde estão sendo empregados os recursos públicos, ou seja, o dinheiro do povo. O volume de recursos que chega em Sergipe não tem garantido a melhoria de vida das pessoas. Hoje, a maioria da população de Sergipe vive em condições abaixo da pobreza, passando extrema necessidade e sem qualquer perspectiva de emprego e renda. A economia está parada, empresas estão falindo, o desemprego aumentando a galope, a agricultura em tremenda dificuldade, o parque industrial em franca decadência, nenhum investimento importante no setor do turismo, nenhuma obra estrutural e os serviços públicos essenciais da Saúde, Educação e Segurança Públicas em paulatina degradação. Onde estão esses propalados e secretos recursos do Orçamento da União, o gato comeu? No entanto, o papel do senador vai para muito além de trazer recursos; senador pode e deve propor leis e emendas constitucionais para implementar as reformas populares que resgatem e ampliem os direitos dos trabalhadores. Para mim, senador tem que ter compromisso inabalável com a democracia social e com os interesses de Sergipe.

O senhor tem sido um crítico duro do governo Jair Bolsonaro. Passa a ideia de classificar a gestão como a mais nociva à democracia, aos interesses do brasileiro, ao futuro do país… É isso mesmo? É essa a sua visão? É o pior governo da história da República?

Bolsonaro tem feito um governo autoritário, negacionista, privatista, divisionista que fomenta o ódio, fake news e desperta as aspirações do integralismo – movimento de inspiração fascista liderado na década de 30 no Brasil por Plínio Salgado-. É um governo que atenta diariamente contra a democracia, os direitos sociais, a ciência, a cultura, a educação, a saúde púbica, ao meio ambiente. É um governo retrógrado que debilita a soberania nacional, massacra os pobres e despreza a vida.

Como o senhor avalia a relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal?

O STF tem a finalidade precípua de preservar e garantir a efetividade da Constituição Federal. Sofre muito desgaste social e isso decorre da postura midiática e inadequada de alguns ministros. Também creio ser preciso rever o seu modelo de funcionamento e a sua forma de composição. Aliás, o Brasil anseia por uma reforma profunda no sistema de justiça. Bolsonaro percebe essa fragilidade e, irresponsavelmente, tenta botar fogo no parquinho. Faz proselitismo político para ganhar votos e manter acesa a chama da sua base social, sem o mínimo apreço pela democracia e pelo estado de direito.

Pré-candidato, Bolsonaro não garante ir aos debates televisivos. Como o senhor analisa uma possível ausência dele?

Não me surpreende. Ele não tem espírito democrático e nem preparo para debater e propor soluções para os reais problemas do Brasil.

Qual o seu juízo de valor sobre a morte de Genivaldo de Jesus, em Umbaúba?

Foi um crime hediondo praticado por agentes do Estado Brasileiro. A humilhação, a tortura e o homicídio foram executados à luz do dia e das câmaras dos aparelhos celulares de familiares da vítima e de pessoas que assistiram à brutal abordagem policial. Uma aberração que escandalizou e revoltou o mundo inteiro. A exoneração e a punição criminal dos três agentes da Polícia Rodoviária Federal são imperiosas. O Estado Brasileiro também deve indenização à família pela perda irreparável e traumática de Genivaldo. Não se pode naturalizar a barbárie e nem contemporizar o extermínio.

Modificado em 12/06/2022 09:23

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