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Falcão mais sergipano que muitos locais?

Por Marcos Borges*

A minha madrugada começou se criando dentro de mim um misto de alegria e indignação, ao ver o cantor Marcelo Falcão citar de forma mais que espontânea no programa da Rede Globo “Conversa com Bial”, apresentado por Pedro Bial, a banda sergipana “Reação”, quando questionado pelo apresentador sobre o Reggae ter se tornado mais que um gênero musical, uma linguagem. De imediato o cantor Falcão respondeu: é necessário! Em seguida citou da galera nova que precisa aparecer e como poucos talvez esperassem ouvir, disse em alto e bom som, que gostaria de fortalecer uma banda chamada Reação de Aracaju. E sem perder a elegância fez citações de outras bandas a exemplo de Cidade Negra, Tribo de Jah, Ponto de Equilíbrio, contudo, deixou evidenciado que a Banda Reação era para ele uma das melhores bandas dos últimos tempos.

A partir daí me vi em meio a sentimentos controversos, por entender, que mesmo sendo extremamente positivo o fato de um artista de renome nacional e internacional, Marcelo Falcão (Cantor do Rappa) fazer referência a uma banda genuinamente sergipana “Reação” em rede nacional e internacional. Independentemente de quem curte ou não o estilo musical tocado pela Reação, o Reggae. Estava ali sendo feito como dito pelo próprio Pedro Bial, um “Jabazão” (propaganda gratuita), e que o próprio Falcão, disparou: “Essa banda me emocionou em um grau, podendo tomar um choque, todos com os instrumentos na mão, tocando, Reação de Aracaju é uma das melhores bandas que tem”. Sim, a controvérsia, é que tais sentimentos e elogios deveriam ser primeiro feitos por nós, aqui mesmo, dentro do estado, valorizando e defendendo os nossos artistas e valores culturais. E não falo tão somente pela Banda Reação, mas por tantas outras riquezas culturais e artísticas que vivem a margem da mídia, em busca de uma fama, que em muitos casos nunca vem, enquanto, atrações “modinhas” chegam e saem levando rios de dinheiro dos nossos conterrâneos, sem nos deixar qualquer contribuição cultural efetiva.

Não sou e também nem penso em ser um paladino da justiça. A livre escolha faz parte dos muitos direitos tão desejados por cada um de nós, na esperança de vivermos dias melhores em um país de desigualdade cada vez mais gritante. Contudo, se nós brasileiros em um rápido comparativo com povos de outros países somos vistos como pouco patriotas. Talvez devêssemos pensar como nós sergipanos tratamos as nossas muitas riquezas culturais. E nesse sentido, possamos olhar só um pouco para o exemplo dado pelos nossos vizinhos baianos. Que sabem como ninguém chamar de ótimo, as vezes, coisas que não chegam nem perto de serem boas, mas, só por serem da terra, ganham estima e valor dobrado.

Dizem que a fama e o dinheiro pode mudar o ser humano. E sinceramente até posso concordar que há muito de verdade em uma afirmação como esta. Porém, infelizmente para a realidade daqueles que vivem em nosso país, tais fatos, mais parecem algo comum a nós brasileiros, pobres em educação, embora, sejamos um verdadeiro celeiro cultural de riqueza inigualável.

*Marcos Borges é jornalista 

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