“Quando se fala de trânsito, a palavra fundamental é a prevenção. Parece-me que o que o DENATRAN prega, nesse momento, vai de encontro ao que se pretende quando se fala em prevenção. O que parece que essa mudança no Código de Trânsito serve para dizer: use droga, provoque acidente, mate, mas reze para não ser flagrado”, disse o deputado Fábio Henrique, sob aplauso dos demais participantes da Comissão.
O Projeto de Lei 3267/19, apresentado pelo Poder Executivo, propõe mudanças em alguns pontos do código, podendo torná-lo menos rigoroso. O exame toxicológico é obrigatório desde 2017 para todo motorista profissional. De acordo com números da “SOS Estradas”, com o teste válido, os acidentes caíram 34% entre caminhoneiros e 52% para ônibus. “Eu sou filho de um caminhoneiro, cresci vendo meu pai trabalhando. Então vamos sair da prevenção, de como evitar que o mau caminhoneiro vá dirigir sob o efeito de drogas e permitir que ele vá dirigir desde que não seja flagrado”, detalhou o deputado.
Categoria
De acordo com estatísticas apresentadas pelo presidente da Associação Brasileira de Toxicologia, Renato Dias, a frota de veículos pesados representa 4% da frota de veículos, mas está envolvida em 38% dos acidentes automobilísticos. Já o representante dos caminhoneiros, José Fonseca Lopes, na audiência reconheceu que o problema atinge especialmente transportadores de soja, que precisam realizar jornadas excessivas de até 24 horas para não cair em listas negras dos contratantes.
“A categoria deixou claro que não quer o fim do exame, porque os bons caminhoneiros querem ter a tranquilidade de circular pelas rodovias. Eu não entendi o porquê de retirar o exame toxicológico. Ele atende a que interesse? Não atende ao interesse dos trabalhadores, não atende ao interesse da sociedade, me parece que o que está se querendo é fazer uma ideia populista”, argumentou Fábio Henrique.
O deputado ressaltou que a justificativa existente no Projeto de Lei possui apenas duas linhas e que resume em o exame é caríssimo. “É um argumento populista, quando se quer esconder os problemas que afetam os caminhoneiros, como o preço dos combustíveis, as péssimas condições das rodovias brasileiras, a crise do emprego que afeta no preço e na quantidade de fretes; e para se esconder toda esta realidade, então vamos adotar medidas populistas”, finalizou o deputado sergipano.