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Edvaldo debate experiências do combate ao coronavírus com diretora da OMS e prefeito de Coimbra

O prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) participou, na manhã desta quarta-feira, dia 6, de uma videoconferência realizada pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), cujo foco foi debater o enfrentamento ao novo coronavírus a nível mundial. Na reunião virtual, da qual também participaram o presidente da FNP e prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, o prefeito de Coimbra e presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Manuel Machado, e a diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, os gestores expuseram as experiências vivenciadas durante o combate à pandemia e debateram sobre os resultados obtidos diante das medidas adotadas nas cidades em que governam, ao passo que refletiram sobre os avanços da doença.

Ao iniciar sua participação, o prefeito de Aracaju, que é também vice-presidente da FNP, destacou a importância do encontro “com a presença do representante de um país que tem servido de exemplo pela resposta satisfatória no enfrentamento ao coronavírus, comparado a outros países da Europa”. Edvaldo também compartilhou as ações colocadas em prática na capital sergipana, desde antes do surgimento do primeiro caso confirmado de covid-19, e listou as medidas estabelecidas no Plano de Contingenciamento, definido pelo gestor, como o principal direcionamento da administração municipal no combate ao vírus.

“Estamos vivendo um momento muito difícil, que tem nos mostrado situações jamais vividas anteriormente, e poder trocar experiência com Portugal, que tem tido respostas muito positivas, é muito importante. Assim como em outras cidades do Brasil, em Aracaju, fomos para a linha de frente e conseguimos adotar medidas de maneira antecipada, que foram cruciais para chegar ao que temos hoje. Elaboramos um Plano de Contingenciamento e ele nos deu direcionamento para a atuação. Logo de início, determinamos as medidas de isolamento social, destinamos unidades de saúde para o atendimento de pessoas com sintomas de síndromes gripais e restringimos a circulação em áreas de lazer”, detalhou.

Edvaldo prosseguiu: “Também suspendemos as atividades comerciais e demos início ao trabalho de preparação de leitos, como a construção de um hospital de campanha. Hoje, diferente da Europa que começa um desconfinamento, estamos vivendo um momento exponencial da doença e, por isso, tomamos medidas ainda mais restritivas na última semana para evitar ainda mais a circulação das pessoas e evitar o colapso do sistema de saúde. Vivemos a fase mais difícil do vírus, temos consciência de que teremos dias duros pela frente e entendemos que esse não é o momento de flexibilizar, mas sim de salvar vidas”.

Experiência de Portugal

Ainda em sua participação, Edvaldo relatou a atual situação vivida no Brasil, dando ênfase a falta de entendimento do Governo Federal com Estados e Municípios, e questionou ao prefeito de Coimbra como tem sido a relação entre os estados federativos portugueses durante o combate à pandemia. Em resposta, Manuel Machado disse que, ao contrário do Brasil, “em Portugal, todos os órgãos de soberania se colocam na primeira linha do combate”.

“Há uma congregação de esforços, porque sabemos que a pandemia ataca a humanidade e todos devem estar juntos. Há quem diga que as políticas públicas premonitórias foram cautelosas. Em Portugal, estamos tratando essa matéria de maneira macro. Adotamos um conjunto de medidas restritivas com todo cuidado de não ofender garantias, direitos essenciais. Pelas regras legais, desencadeamos uma relação estreita com governo, presidente, todas as entidades de estado, e cada uma destas partes assumiu sua responsabilidade cumprindo com suas funções. Também foi criado uma reunião, que integra cientistas nacionais e estrangeiros, e que nos traz, a cada 15 dias, uma análise. Com base nela, caminhos são adotados e temos a humildade de, ao menor sinal de retrocesso, reativar o estado de emergência, se for necessário”, explicou.

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses também expôs os estudos que estão sendo elaborados para o processo de desconfinamento em países europeus e salientou que, do ponto de vista político, esta será a tarefa mais difícil em todo o mundo. “Na Europa, por exemplo, estamos nos aproximando do período de verão, de férias, e as pessoas desejam ir à praia. Como vamos confinar as pessoas na praia? Em princípio, vamos induzi-las a respeitar o distanciamento social, mas estamos vendo como organizar a dinâmica pedagógica, até que se encontre uma vacina. Estamos cientes do risco de precisar voltar ao estado de emergência e de que vai aparecer, a seguir, uma grave crise econômica. Temos que estar preparados para isso, por isso estamos estudando medidas possíveis para evitar que as pessoas passem fome. Todos os dias emitimos a mensagem de que cada um é responsável pela sua segurança, mas ao mesmo tempo temos trabalhado conjuntamente”, reiterou.

Preocupação com o Brasil

A diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, expressou a preocupação da organização mundial com a falta de uma política coordenada no Brasil. Apesar disso, ela ressaltou que a OMS tem acompanhado a atuação dos Estados e Municípios e destacou que ambos têm adotado medidas acertadas. Ela também sugeriu aos prefeitos e governadores do Brasil a identificação dos grupos vulneráveis para redução dos riscos e a necessidade de um processo de testagem inteligente, como forma de isolar os casos confirmados de covid-19.

“Estamos acompanhando a falta de política coordenada no Brasil, assim como também estamos acompanhando o trabalho dos Estados e Municípios que estão tomando decisões acertadas. Também estamos acompanhando a situação na Europa e a avaliação que fazemos é que, em países como Espanha e Itália, onde grande parte da mortalidade atingiu pessoas idosas, talvez tenha faltado prevenção, precaução entre aqueles que estão próximos dos idosos. Por isso, a nível municipal, sugerimos que se identifique onde estão as residências de pessoas idosas para reduzir o risco de infecção. Outra lição importante é a necessidade de fazer testes de forma inteligente, priorizando as pessoas que trabalham em hospitais, depois pessoas idosas e depois próximos aos que testam positivo. Além disso, é preciso isolar as áreas dos hospitais que recebem os pacientes suspeitos, o que também foi uma falha na Itália”, avaliou.

O prefeito de Campinas e presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette, também expôs o trabalho realizado na cidade em que governa durante a pandemia. Assim como Edvaldo, ele também destacou a falta de entendimento entre governo federal, prefeitos e governadores, e frisou que “há um pouco de inveja quando se ouve falar em união de esforços em outros países, já que no Brasil, além de lidar com uma crise sanitária, estamos lidando com um presidente que chegou a culpar prefeitos e governadores por uma situação da qual ninguém tem culpa”. Ainda assim, Donizette enfatizou que os municípios brasileiros têm conseguido resultados satisfatórios, com atuação severa em diversas frentes e com conquistas significativas.

Ao final, Edvaldo agradeceu aos participantes da transmissão e salientou que, “apesar das dificuldades, esse encontro reforçou a nossa mensagem de esperança, de que juntos venceremos este grande obstáculo”. “Não tem sido tarefa fácil. Sabemos que existe um longo caminho pela frente, mas vamos conseguir”, reforçou.

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